Família pede Justiça por tragédia ocorrida na BR-280, em Corupá

Johny Cleber Camparello diz que sofre com a morte da família e que tem depressão | Foto: Fábio Junkes/OCP News

Por: Claudio Costa

02/05/2019 - 05:05 - Atualizada em: 02/05/2019 - 08:42

Uma família busca por Justiça após uma tragédia ocorrida na BR-280, em Corupá.

Nesta terça-feira (30), o Fórum da Comarca de Jaraguá do Sul foi palco de uma audiência para a reparação dos danos de um acidente entre um carro e um ônibus em 2015. Os quatro ocupantes do veículo não resistiram aos ferimentos e morreram.  

De acordo com os advogados da família, há três réus na ação por danos morais e materiais: a proprietária do ônibus, a empresa que organizou a excursão para Foz do Iguaçu e a seguradora contratada pela empresa.

 

 

Depois do acidente, a família das vítimas não recebeu nenhuma ajuda financeira para o velório ou mesmo para o tratamento psicológico para o filho e irmão das vítimas. Johny Cleber Camparello Fogaça não quis viajar para Mafra com os demais membros da família.

No Volkswagen Cross Fox envolvido no acidente estavam o pai e a mãe de Johny, Gilberto da Silva Fogaça, 48, e Lucineia Camargo Fogaça, 40, e os irmãos Douglas da Silva Fogaça, 23, e Eduarda Fogaça, que tinha apenas 29 dias.

Todos morreram no acidente ocorrido no dia 22 de novembro de 2015, no quilômetro 93 da rodovia. Hoje com 26 anos, Johny trabalha como auxiliar de produção em uma empresa do setor têxtil em Jaraguá do Sul.

Tentando vencer o trauma

O jovem ainda sente as marcas deixadas pela tragédia, luta para superar o trauma de perder de forma abrupta os membros do seu círculo familiar e busca recomeçar a vida com a família que formou com a mulher e o filho na mesma casa em que morou com os pais e irmãos, em Schroeder.  

“Eu penso que é um direito, mas nada vai restituir o que me foi tirado. Tanto é que eu sofro com quadros de ansiedade, insônia e depressão. Eu tomo medicamentos e faço acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e médico. Hoje, enfrento dificuldades com rotina e na empresa em que trabalho”, destaca Johny.

Ele conta que, na época em que ocorreu o acidente, acabou perdendo a referência de família e não conseguia voltar para a casa em que viveu com os entes queridos.

Passou a viver de favor na residência de outras pessoas e já teve vontade de cometer suicídio, algo que superou com o acompanhamento psiquiátrico.

“Eu fiquei aleatório no mundo, porque não sabia por onde começar. Hoje, eu tenho a minha família, um filho que vai fazer três anos. Mas eu sinto uma saudade incessante deles. A falta que eu sinto aflorou a minha depressão”, revela.

Johny afirma que, no começo, não teve nenhum acompanhamento psicológico, porque queria superar tudo sozinho. “Quando a bomba explodiu, tive que procurar ajuda profissional”, comenta.

Danos morais e materiais

Uma audiência de conciliação foi marcada anteriormente, mas as rés do processo não compareceram. De acordo com os advogados dos pais de Lucineia e de Johny, elas nunca procuraram a família para prestar algum amparo relacionado ao acidente.

“Houve a presença de um preposto de uma das rés, mas não houve nenhuma proposta de acordo. Até o presente momento, não houve nenhum amparo das rés com relação aos autores da ação”, comenta Sheila Varella, advogada das vítimas.

Ao todo, seis pessoas, entre elas uma das passageiras do ônibus, morreram no acidente | Foto: Fábio Junkes/Arquivo OCP News

Sheila afirma que o objeto principal é o dano moral sofrido pelos familiares com a perda dos seus entes queridos.

Também há uma questão material relacionada com o veículo utilizado pela família, que teve perda total, e também com o funeral das quatro vítimas.

A advogada conta que o inquérito policial sobre o acidente, que apura as responsabilidades sobre as possíveis falhas mecânicas e humanas que causaram a batida, ainda não foi encerrado. Um processo criminal deve ocorrer após o fim da investigação.

Durante a audiência ocorrida nesta terça, não houve nenhum acordo entre as partes. A defesa da dona do veículo arrolou duas novas testemunhas que são de fora da cidade. Elas serão ouvidas por carta precatória.

Depois, haverá as alegações finais feitas pelos advogados das vítimas e das rés. Por fim, a sentença deverá ser proferidas pelo juiz.

“Hoje foi ouvida apenas a nossa testemunha. As testemunhas da dona do ônibus devem ser ouvidas através de carta precatória nos fóruns de Tubarão e Sombrio. A ré alegou problemas de saúde e não compareceu na audiência”, afirma Sheila.

Batida de frente

O ônibus da empresa Mirotur, com placa de Sombrio, transportava sacoleiros e bateu contra o Volkswagen Cross Fox, emplacado em Guaramirim.

Cinco pessoas morreram, os parentes de Johny e uma das passageiras da excursão, Izenia Fermino, 60 anos.

Bombeiros de Jaraguá do Sul, Guaramirim, Schroeder, Corupá e São Bento do Sul atenderam a ocorrência nas proximidades da curva do britador.

De acordo com relatos dos bombeiros, o ônibus de turismo, com cerca de 40 passageiros, estava vindo de Foz do Iguaçu quando, na descida da serra, teria invadido a pista contrária, batendo de frente com o Volkswagen Cross Fox.

Após a colisão, o ônibus caiu em uma ribanceira. Cerca de 32 pessoas ficaram feridas, porém 10 delas não precisaram de atendimentos médicos.

 

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