O ex-deputado catarinense Nilson Nelson Machado, conhecido como Duduco, de 63 anos, foi preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (2) no Rio de Janeiro. Duduco, condenado a 20 anos de prisão por abusar sexualmente de dois meninos de 11 e 13 anos, estava foragido há mais de um ano e foi localizado na capital carioca.
Os crimes ocorreram em um abrigo filantrópico mantido pelo ex-deputado em Florianópolis, o Lar do Tio Duduco, onde ele administrava o atendimento de crianças em situação de vulnerabilidade. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), os abusos começaram em 1998, mas só se tornaram públicos em 2013. Uma das vítimas relatou que os abusos continuaram até os 19 anos, quando ele deixou o abrigo. Outra vítima, retirada das ruas aos 8 anos por Duduco, só denunciou os crimes após completar 20 anos, revelando que os abusos começaram quando ele tinha 13 anos.
A primeira condenação de Duduco ocorreu em 2017, quando foi sentenciado a 31 anos de prisão. No entanto, após recursos e revisões judiciais, a pena foi reduzida para 20 anos. Um dos recursos, aceito pela Justiça, alegava a prescrição de um dos crimes. O ex-parlamentar foi preso enquanto tramitam novos recursos de sua defesa, que tenta anular a sentença.
Em nota, os advogados Hélio Brasil e Deivid Prazeres afirmam que há um habeas corpus em andamento nos tribunais superiores e alegam que a condenação de Duduco foi baseada na acusação de apenas “um dos seus 73 filhos”, referindo-se às crianças sob os cuidados do ex-deputado.
Duduco, que atuou como vereador em Florianópolis e integrou a Assembleia Legislativa de Santa Catarina entre 2003 e 2007, foi levado ao sistema prisional do Rio de Janeiro, onde aguardará a decisão da Justiça.
Os crimes que chocaram a comunidade local aconteceram sob o pretexto de caridade, o que gerou grande repercussão. As investigações do MPSC mostraram que Duduco usava sua posição de poder para coagir as vítimas e evitar denúncias, ameaçando até a expulsão de familiares dos abrigos que ele mantinha.