Em Santa Catarina, donos de canil serão multados em aproximadamente R$ 31 mil

Por: Carla Macedo

21/03/2018 - 18:03 - Atualizada em: 22/03/2018 - 12:01

Um criadouro clandestino de cães de raça supostamente com finalidade comercial foi fechado na manhã de terça-feira (20) em Jaraguá do Sul. Ao todo, 62 cães, entre eles cinco filhotes, foram resgatados após veterinários constatarem a situação de maus-tratos que os bichos sofriam na casa localizada no bairro Ribeirão Grande do Norte. A Polícia Militar Ambiental fechou o local e aplicou uma multa de R$ 500 por animal, ou seja, o valor da autuação pode chegar a R$ 31 mil. De acordo com o sargento Emerson Feitosa, a PM Ambiental vai encaminhar uma denúncia de crime ambiental ao Ministério Público de Santa Catarina.

Ao todo, 62 cães, entre eles cinco filhotes, foram resgatados | Foto Eduardo Montecino/OCP

A ação vinha sendo planejada há pelo menos dois meses por diversos grupos de protetores de animais de Jaraguá do Sul, incluindo a Ajapra (Associação Jaraguaense Protetora dos Animais). O trabalho de obtenção de provas começou quando a protetora independente Simone Rocha Dutra, que tem um pet shop que atende outros protetores, fez um serviço para a dona do criadouro clandestino. Logo, ela percebeu o estado de maus-tratos em que os bichos estavam e contatou outros voluntários da causa animal para bolar um meio de intervir.

“A proprietária desse canil me procurou no ano passado, no mês de agosto, para eu tosar os cachorros, porque ela tinha poucas condições. Quando eu fui buscar os animais, já fiquei assustada com o que eu vi, com o estado dos animais. Como ela disse que ia tratar os animais comigo todos os meses, eu fiquei mais tranquila. Mas ela só tratou os animais comigo naquele mês e não apareceu mais. Naquele tempo, ela tinha uma yorkshire pequena e que não tinha mais condições de ter cria. Ela disse que iria ver a situação depois, mas não entrou mais em contato comigo. Durante as férias do pet shop, em dezembro, eu vi os animais naquela situação”, relata Simone.

Animais sendo recolhidos | Foto Eduardo Montecino/OCP

Dezenas de protetores, entre eles duas veterinárias, fiscais da Vigilância Sanitária e da Fujama (Fundação Jaraguaense do Meio Ambiente) foram até o local para realizar o flagrante de maus-tratos e verificar a higiene que estava sendo empregada na criação dos cães. “Os animais têm basicamente doenças de pele e nos olhos. Esses cachorros estavam em um local úmido, com fezes e com carrapatos. Ainda precisamos fazer exames para constatar quais doenças eles têm, mas estão comprovados os maustratos. Alguns dos animais estão bem feios mesmo”, afirma a veterinária Analu Berlandi.

O sargento Feitosa reiterou a opinião da veterinária e lamentou que os animais, de raças como yorkshire, buldogue francês, pug e pequinês, vivessem em estado de abandono, situação comprovada inicialmente com o encontro de um filhote nos fundos do canil. “A gente vai recolher os animais e deixar sob a guarda da Ajapra, pois precisam de cuidados veterinários e de melhores condições. Alguns têm feridas expostas e é notória a situação de maus-tratos que esses animais estão sofrendo neste local. Depois, serão disponibilizados para adoção.

Ação vinha sendo planejada há pelo menos dois meses | Foto Eduardo Montecino/OCP

DONOS CHEGARAM DURANTE A AÇÃO

A dona do canil, Áurea Stein, chegou no local enquanto os voluntários recolhiam os cães. O clima ficou tenso, pois uma discussão acalorada se formou em torno dos cuidados que a mulher tinha com os bichos e a legalidade da ação que estava acontecendo. Segundo ela, os animais eram doados por outros canis. Ela disse para as protetoras que abriria mão da guarda de todos os animais que estavam no canil. “Eu fiz o que eu podia. Não tem um cão novo aqui. É tudo cachorro velho, é tudo de canil que me conhece, que me traz e pergunta se eu quero. Eu pego e vou ajudando, e vou doando também”, declara Áurea.

O irmão de Áurea, que não quis se identificar e que também seria dono do canil clandestino, ficou muito irritado com a presença dos protetores, da Polícia Militar Ambiental e da imprensa, que acompanhava toda a operação de recolhimento dos animais. Durante o recolhimento dos animais do local. “Se fosse comigo, colocaria todos pra correr na bala. Isso aqui é invasão, é roubo”, reclama.

Confira a reportagem em vídeo:

Depois de tratados os animais serão disponibilizados para adoção. Quem tiver interesse pode entrar em contato pelo Facebook da Ajapra