Dono de ferro-velho é preso pela segunda vez por receptação em Jaraguá do Sul

A ação conjunta da Divisão de Furtos e Roubos (DFR) da Delegacia da Comarca de Jaraguá do Sul e do Instituto Geral de Perícias (IGP) resultou na apreensão de sete veículos adulterados e na prisão do empresário Elinor Elert, 50 anos, foi preso em flagrante por receptação qualificada (parágrafos 1 e 2 do artigo 180 do Código Penal) e assinou um termo circunstanciado por crime ambiental (artigo 60 da Lei 90605/98). O trabalho de fiscalização no ferro-velho de Elert ocorreu na manhã desta sexta-feira (4).

O local havia sido alvo de uma operação da DFR em maio de 2018, quando foram apreendidos cinco veículos com indícios de furto. Segundo o delegado titular da divisão, Leandro Sales, Elert havia sido preso por receptação, mas a Justiça soltou o empresário após o pagamento de uma fiança de aproximadamente R$ 9 mil. Ele chegou a ser ouvido pelo juiz, mas ainda não houve condenação e o empresário responde ao processo em liberdade.

Desde o fim da outra operação, a equipe da DFR tem feito o monitoramento da atividade e percebeu que o número de automóveis no local aumentou. Dos sete veículos com irregularidades, um Chevrolet Classic tinha registro de furto em Joinville. O veículo passou por perícia no IGP e foi comprovada a origem ilícita do carro. Os outros automóveis, incluindo uma BMW Série 3 utilizada pelo empresário, tem sinais de adulteração, mas, de acordo com Sales, não se sujeitam ao flagrante. Os automóveis em situação irregular foram retirados com apoio da Polícia Militar e levados para o pátio da Prefeitura.

BMW Série 3 com sinais de adulteração foi apreendida | Foto: Fábio Junkes/OCP News

Desde que foi solto, Elert continuou a realizar a atividade nos ferros-velhos. Um levantamento apontou que os dois terrenos do empresário abrigavam 130 carros. “Nós sabíamos que a empresa não tinha qualquer tipo de regulamentação. Nós fizemos uma investigação após a conclusão do inquérito e verificamos que o número de veículos aumentou exponencialmente em relação ao que havia na época. A suspeita foi levantada após ele não regularizar a atividade de latoaria. Ou seja, sem a regulamentação, ele poderia receber outros veículos sem origem comprovada”, destaca Sales.

Sobre o veículo com registro de roubo, o delegado disse há sinais claros de adulteração. O empresário chegou a apresentar um documento de um Chevrolet Classic de cor branca, mas os papéis não bateram com o carro. “O veículo original possui [registro de] furto e é de cor diferente. Ele afirma que comprou esse carro de um particular. O curioso é que, mesmo ele sendo latoeiro, não percebeu que o interior do veículo aparenta ser cinza”, frisa.

Segundo a investigação, o lucro do empresário é obtido através do desmanche de veículos. Elert compra veículos por um preço baixo e quando precisa arrumar um veículo batido, oferece peças dos carros que acomoda nos pátios.

“Ele recebe o veículo de um leilão ou de uma atividade criminosa e, quando vai arrumar um para-choque ou porta, com a cobrança da mão de obra, ele acaba recuperando o que pagou no carro inteiro”, afirma o delegado da Divisão de Furtos e Roubos, ao ressaltar que esse tipo de operação evita que o mercado de peças de veículos roubados seja alimentado e, por consequência, desestimula o furto de automóveis.

Crime ambiental

Um termo circunstanciado por crime ambiental também foi confeccionado devido à falta de cuidados no manuseio de resíduos no desmanche de veículos. De acordo com o artigo 60 da Lei de Crimes Ambientais, é crime manter um estabelecimento com uma atividade potencialmente poluidora sem licença ou ordem do órgão competente.

Sales lembra que, por não ter o negócio regulamentado, Elert desconhece esses cuidados. “Ele não procurou saber ou não consultou os órgãos ambientais. Não sabe qual o cuidado que ele tem com um motor em um desmanche, se pinga uma gota de óleo no solo e se aquela é uma área mais sensível ou não”, avalia.

Durante o depoimento na delegacia, Elert alegou que tomava os cuidados necessários para não prejudicar o meio ambiente. Ele também defendeu-se dizendo que a fiscalização da Prefeitura havia passado pelo local e que não haviam focos do Aedes aegypti, o popular mosquito da dengue. “Mas a gente sabe que não é o suficiente. A Lei de Crimes Ambientais não é só para evitar a disseminação do mosquito da dengue”, observa.

A equipe do jornal O Correio do Povo conversou com Elinor Elert sobre a operação e a sua prisão, mas ele não quis se manifestar sobre o assunto. Elert foi preso em flagrante e deve passar por audiência de custódia no Fórum para definir se ele será solto ou terá a prisão em flagrante revertida em preventiva.

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