Dante Minel: 5 pontos críticos do condomínio que precisam de atenção

Por: OCP News Jaraguá do Sul

15/08/2016 - 14:08 - Atualizada em: 15/08/2016 - 15:15

Desde sua inauguração, em 6 de outubro de 2011, o condomínio Parque Jaraguá Dante Minel, localizado no bairro Ribeirão Cavalo, em Jaraguá do Sul, ganha destaque na mídia. Porém, as notícias dificilmente são boas. Violência, drogas e falta de infraestrutura são alguns dos problemas que os moradores do local enfrentam diariamente.

Localizado na rua Paulo Voltolini, às margens da BR 280,  o condomínio foi construído em uma parceria da Prefeitura de Jaraguá do Sul com o Governo Federal, através do programa “Minha Casa, Minha Vida”, com isenção total de impostos e taxas da Prefeitura.

Em 2010, a então prefeita, Cecília Konell, a diretora de Habitação, Maristela Menel Roza, e o vereador Lourival Demathê em visita às obras. Foto: Clarissa Borba/Amvali

Em 2010, a então prefeita Cecília Konell, a diretora de Habitação, Maristela Menel Roza, e o vereador Lourival Demathê em visita às obras. Foto: Clarissa Borba/Amvali

 

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Segundo a Prefeitura, são 288 apartamentos, no empreendimento composto por nove edifícios de quatro pavimentos cada.

Desde sua entrega o Dante Minel já ganhava destaque na mídia regional pelos aspectos negativos da obra. Hoje, próximo ao condomínio completar 5 anos de existência, apresentamos este artigo especial chamando atenção aos tópicos mais citados:

A obra e os apartamentos

Em menos de um ano depois de entregues, os apartamentos já começaram a apresentar problemas. Goteiras, rachaduras, mofo, falta de água e vazamento de gás foram alguns dos problemas encontrados.

E para quem mora por lá, a situação ainda está complicada. Segundo a moradora Renata*, alguns apartamentos apresentam rachaduras e partes do piso levantadas. “Além disso, é comum que o apartamento fique muito úmido e o chão molhado”, conta. Por morar no térreo, em outubro de 2015 ainda quase teve seu apartamento invadido pelas águas da cheia.

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Reparos constantes na tubulação de gás. Foto: Maykon Lammerhirt / Agencia RBS

Para ela, além das melhorias nos apartamentos, seria importante a construção de uma área de lazer para as crianças, que não têm espaço para diversão. “A estrutura precisa melhorar, não sei se estamos correndo algum tipo de risco por estar aqui”, afirma.

Falta infraestrutura no bairro

Já na cerimônia de inauguração dos apartamentos os moradores do bairro Ribeirão Cavalo fizeram um protesto pedindo à prefeitura uma melhor estrutura na região. Entre as reivindicações estavam asfalto em toda a rua Paulo Voltolini, água potável, regularização de loteamentos, creche, postos de saúde, área de lazer e ampliação de uma escola. A notícia foi relatada pelo jornal A Notícia, na época.

Protesto no ato da inauguração. Foto: Piero Ragazzi

Protesto no ato da inauguração. Foto: Piero Ragazzi

Em 2012, o Jornal de Bairros também aborda o tema, alegando que a situações dos moradores do Ribeirão Cavalo se agravou ainda mais com a chegada do condomínio. A reportagem abordava a falta de creche e vagas na única escola por perto, e que a solicitação para melhorias já estava sendo feita há dois anos para a Prefeitura.

Mas mesmo depois de anos, a situação pouco mudou, é o que confirma a moradora Renata*. Segundo ela, o bairro possui uma única escola, mas que dificilmente tem vagas, portanto, seus dois filhos precisam estudar longe de casa. “Posto de saúde também é difícil, só podemos contar com o de Nereu Ramos”, explica.

Ainda conforme Renata*, os moradores não tinham linha de ônibus até este ano. “Mas mesmo assim os horários são difíceis, os ônibus demoram para passar”, conta a moradora que depende do transporte coletivo para se locomover. Para os filhos, há um ônibus escolar que faz o trajeto.

Pela Canarinho, responsável pelo transporte público em Jaraguá, há apenas uma linha de ônibus para o Dante Minel, a “Nereu Ramos”.

Violência é constante

Não faltam exemplos de casos de violência no local, de tempos em tempos o mesmo condomínio registra atos extremos.

Foto: redes sociais

Foto: redes sociais

Em junho de 2012, o site Por Acaso relatou que um homem disparou um tiro e acertou um vizinho, de 25 anos. Os dois teriam discutido por causa de provocações feitas pelo rapaz a algumas moradoras da localidade. O jovem teria feito ameaças ao acusado, que voltou ao seu apartamento no andar térreo para pegar o revólver, e fez o primeiro disparo para intimidar o vizinho. Como a ação não surtiu o efeito esperado, o segundo tiro foi dado em direção à vítima, atingindo o braço dela.

Em março de 2014, o jornal o Correio do Povo relata mais um caso de violência. Um jovem de 23 anos foi vítima de uma tentativa de homicídio na no condomínio. A vítima recebeu um golpe de faca na região das costas por um jovem de 18 anos.

E recentemente, em junho de 2016, o Aconteceu em Jaraguá divulgou mais um episódio: um jovem de 19 anos é encontrado morto sobre a rampa de acesso a um dos blocos do condomínio. O autor dos disparos, que atingiu a face e a cabeça da vítima, foi o vigilante do conjunto habitacional.

Drogas também são um problema

A denúncia de uso de drogas também é algo recorrente por lá. Em abril de 2012, o jornalista Sérgio Perón divulgou em seu site o relato de uma moradora falando sobre as drogas no local. Segundo o depoimento, existiam até adolescentes de 14/15 anos vendendo no local e um sacola com drogas foi encontradas no salão de festa do condomínio.

Em maio do mesmo ano, o site Panorama divulga que após reclamação dos vizinhos por som alto, a polícia invade um dos apartamentos e encontra dois homens e uma mulher usando crack.

Em 2013, o jornal O Correio do Povo e A Notícia relatam sobre uma operação da Polícia Civil no condomínio. A operação envolveu 45 policiais, que entraram em oito apartamentos. Para o AN, o delegado responsável pela Divisão de Investigações Criminais (DIC) na época, Eric Issao Uratani, disse que o prédio continuaria sendo monitorado, pois as denúncias sobre tráfico no local eram constantes.

Veja o vídeo produzido pelo OCP sobre o caso:

Locação indevida dos apartamentos

Devido a todos esses problemas, muitos moradores acabam desistindo de permanecer no apartamento e vendem, alugam ou cedem o imóvel a outras pessoas. Uma reportagem publicada pelo jornal universitário Primeira Pauta, em 2013, apontou que desde a inauguração até aquele ano a Secretaria de Habitação tinha identificado cerca de 20 casos de ocupação irregular e encaminhado os relatórios para a Caixa.

Durante o financiamento, o contrato dos moradores proíbe ceder, locar ou vender o imóvel. Se o morador desejar quitar o apartamento antes do prazo ou vendê-lo, deve pagar o valor total do imóvel, avaliado em R$ 45 mil. Se a pessoa ainda continuar com a prática, ela perde o apartamento e o direito a uma nova inscrição no Minha Casa, Minha Vida.

*Renata: nome fictício