Comunidade Chico Mendes faz manifesto pela paz após morte de adolescente em ação policial

Rua Joaquim Nabuco, na Comunidade Chico Mendes | Foto: Schirlei Alves

Por: Schirlei Alves

22/07/2018 - 15:07 - Atualizada em: 22/07/2018 - 20:53

A Rua Joaquim Nabuco, na Comunidade Chico Mendes, no bairro Monte Cristo, região Continental de Florianópolis amanheceu coberta de faixas estendidas pelo chão neste sábado (21). Crianças, jovens e adultos pintavam mensagens que pediam paz na comunidade tão machucada pela violência.

O trabalho fez parte de manifesto organizado por moradores, integrantes de movimentos sociais e representantes religiosos após a morte de um adolescente de 17 anos. O rapaz foi morto em intervenção policial que ocorreu na manhã do último domingo (15). O caso está sendo investigado pela corregedoria da PM e em inquérito da Polícia Civil.

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“Não é porque somos pobres que merecemos ser marginalizados. Somos trabalhadores, temos filhos e merecemos respeito”, disse uma moradora que preferiu não se identificar.

A Polícia Militar alegou que o garoto morreu em confronto, ou seja, numa troca de tiros. Mas a comunidade não aceitou a justificativa da polícia e decidiu se manifestar. A primeira reação foi no dia seguinte à morte, quando pneus foram queimados na Via Expressa.

Na versão da PM, o adolescente já tinha passagens por atos infracionais e estaria armado com uma pistola no momento da abordagem. A família, por sua vez, não nega o passado do garoto, mas contesta a versão da PM. Ela afirma que o adolescente estava se recuperando, havia firmado carteira de trabalho e começaria a trabalhar como menor aprendiz em uma padaria na semana seguinte. Ele deixou dois filhos pequenos.

Os manifestantes fizeram uma caminhada pela comunidade com os cartazes e se reuniram em ato ecumênico na quadra da comunidade. O padre Vilson Groh foi quem conduziu a cerimônia. O religioso faz trabalhos sociais nas comunidades carentes de Florianópolis e defende que a recuperação passa pela acolhida e pela presença do Estado em todas as esferas (saúde, educação e assistência social) e não por meio da violência. A expectativa de Groh é que o diálogo se abra entre as instituições de segurança e as comunidades.

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