“Conheço uma mulher que sofre violência. E agora?” É com base nessa pergunta que o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do bairro Nova Brasília tem promovido uma série de palestras junto a empresas e universidades com um único objetivo: estabelecer uma rede de apoio às mulheres que sofrem violência, seja psicológica, moral, patrimonial, sexual ou física.
Segundo a gerente de Proteção Social Especial de Média Complexidade da Secretaria de Assistência Social e Habitação da Prefeitura de Jaraguá do Sul, a assistente social, Daniele Giovanella Silveira, o que motivou a equipe do Creas a iniciar este ciclo de palestras foi “observar o público atendido no Creas, entre o período de janeiro de 2021 a setembro de 2022. 85% desta demanda de pessoas adultas vítimas são mulheres, sendo que destes 195 atendimentos, 143 apresentaram queixas de violência física ou psicológica dentro da própria família.”
Daniele acrescenta ainda que diante destes atendimentos técnicos e do aumento de demanda de mulheres vítimas de violência doméstica em Jaraguá do Sul, o Creas elaborou uma palestra visando fortalecer as bases de apoio para que a pessoa que sofre violência tenha forças e coragem de denunciar.
“Nestes momentos, aproveita-se para refletir sobre o ciclo da violência, passando pelo tensionamento, violência em si e fase da lua de mel. Oportuniza-se aos participantes também sinais de violência e como identificá-los em colegas, conhecidas, amigas e familiares. Após identificar, adentra-se então nas formas de ser rede de apoio para fortalecer esta mulher, sem julgamentos ou cobranças excessivas”, explicou a assistente social.
Na avaliação da gerente de Proteção Social , os encontros têm sido “muito proveitosos” principalmente pela parceria estabelecida com as empresas. “Até o momento, tivemos a participação de 270 pessoas. Nestas ocasiões, com duração de uma hora, é possível tirar diversas dúvidas sobre onde procurar auxílio, refletir sobre as formas de se relacionar, quais os serviços e benefícios públicos em Jaraguá do Sul entre outras”.
Alguns dos trabalhadores que participam destas palestras relataram terem vivenciado, direta ou indiretamente, situações de violência contra mulher, bem como experiências pessoais em ser rede de apoio. “Estas falas são fundamentais para pensarmos o quanto temos de pessoas preocupadas com as outras e como podemos melhorar ainda mais a rede de apoio a mulheres vítimas de violência. Os relatos também trazem à tona outro fator importante para a empresa: uma mulher que está sofrendo violência tem seu desempenho afetado, prejudicando sua produtividade, além da qualidade de vida pessoal”, observou Daniele.
“É sobretudo importante assinalar que caso você conheça alguém que sofre qualquer tipo ou forma de violência, denuncie. Auxilie esta pessoa a ter forças para se proteger. A denúncia pode ser anônima através do Disque 100 ou oriente e/ou acompanhe esta mulher até a Rua José Emmendoerfer, 328, onde está localizado o Creas. Nesta unidade contamos com uma equipe especializada para acolher, ouvir, orientar e apoiar a mulher que sofre violência. Neste local, a mulher encontrará um ambiente adequado para ser acolhida com respeito, dignidade e com sigilo das informações prestadas, visando a garantia e a defesa de seus direitos. Assim sendo, a mulher que tiver seus direitos violados pode procurar o serviço a qualquer momento, sem necessidade de agendamento prévio”, orientou a assistente social.
Situações identificadas como violência contra a mulher segundo a Lei 11340/2002
- Psicológica: Humilhar, Insultar, Isolar, Perseguir, Ameaçar…
- Moral: Caluniar, Injuriar, Difamar…
- Patrimonial: Controlar o seu dinheiro, Impedir de trabalhar, Destruir seus pertences, Ocultar bens e propriedades…
- Sexual: Pressionar à prática do ato sexual, Negar-se a usar o preservativo, Coerção a posições não consentidas, Proibir o uso de métodos contraceptivos…
- Física: Empurrar, Chutar, Amarrar, Bater, Feminicídio.
Como procurar ajuda?
A denúncia pode ser anônima através do Disque 100. Oriente ou acompanhe esta mulher até a Rua José Emmendoerfer, 328, onde está localizado o Creas.
