Clientes reclamam de construtor que não terminou obras no Norte de SC

Em São Francisco do Sul, obra foi iniciada e não foi terminada mesmo com o pagamento da maior parte do acordado | Foto: Arquivo Pessoal/OCP

Por: Claudio Costa

27/08/2019 - 06:08 - Atualizada em: 27/08/2019 - 08:59

O sonho da casa própria virou pesadelo para moradores de cidades do Norte de Santa Catarina e do Paraná.

Através das marcas Casajoy, Ecojoy, Bellamarca, e JBM, o empresário Marcos C. de Araújo Júnior teria prometido a construção de residências a preços abaixo do mercado, mas, segundo os clientes que procuraram o OCP, não cumpriu com os contratos.

Por meio de anúncios na internet, Araújo oferece a construção de casa com os tijolos fabricados na própria empresa, em Garuva, na região Norte de SC.

Em alguns casos, os passos iniciais das obras teriam sido realizados, em outros, os trabalhos nem começaram. Segundo os denunciantes, logo a conversa envolvente se torna enrolada e as promessas não são cumpridas.

 

 

Além de dinheiro, os clientes teriam oferecido carros como pagamento, mas, conforme revelaram, assim que os depósitos são efetuados e as transferências dos veículos realizadas, os contatos com Araújo e seus empregados fica mais difícil.

Boletins de ocorrência, acordos no Procon e processos na Justiça estão no rol de dispositivos legais contra o empresário.

A Rede OCP foi contatada pelos clientes de Araújo de São Francisco do Sul, Joinville, São Bento do Sul e Guaratuba, no Paraná, que pedem ajuda no caso.

Há indícios de que pessoas da região de Jaraguá do Sul também tenham sido lesadas, mas uma delas não quis falar após entrar em um acordo com Araújo.

Todas as pessoas entrevistadas são categóricas em dizer que foram envolvidas com uma boa conversa. Um cliente relatou que o empresário mantinha uma grande sala comercial ao lado de um shopping no bairro Bom Retiro, na zona Norte de Joinville.

Com um famoso jogador de futsal como garoto propaganda e um tratamento impecável, ele teria conseguido fazer negócio com as pessoas ouvidas pela reportagem. Todas garantiram que não têm esperança de reaver os bens e o dinheiro perdido, mas que precisam evitar que outras pessoas façam negócio com Araújo.

Casa com infiltrações

A manicure Maristela de Jesus, 57 anos, desejava construir a sua casa no pavimento superior da residência da filha em São Francisco do Sul, mas a reforma acabou apenas com um contrapiso.

Mesmo pagando R$ 42 mil, de um total de R$ 60 mil, a obra iniciada em abril deste ano nem chegou perto de ser finalizada.

“Ele destelhou toda a casa da minha filha. Estamos há quatro meses sem luz e o vaso [sanitário] só funciona no balde. Agora, eu estou morando num quartinho da casa. A casa está toda destruída porque infiltrou água. O meu neto tem crises de asma porque a casa ficou úmida e embolorou tudo”, lamenta.

Sala comercial na praia

O pintor Jhonny Machado, 40 anos, pensou em investir em uma sala comercial em Balneário Barra do Sul, em agosto de 2018. Para construir o imóvel, Johnny deu um Hyundai I30 Wagon, ano 2011, e um Renault Scenic, ano 2011, no valor de R$ 49 mil.

Apesar de ter ofertado os veículos, afirma nunca ter conseguido sequer iniciar a obra.

“Quando isso aconteceu, foi um choque muito grande. Eu caí em depressão e nem estava conseguindo trabalhar, mas tenho uma família para cuidar. A gente trabalha uma vida inteira na luta e isso mexeu muito com a gente. A minha esposa até hoje vai no psiquiatra e toma remédios para dormir”, conta.

Investimento em imóveis

O professor Ernesto Garbi, 37 anos, considerou os preços oferecidos por Marcos Araújo muito interessantes.

Em 2018, ele diz que contratou a construção de três casas de 30 metros quadrados cada, no valor de R$ 72 mil, dando um Kia Sorento, ano 2012 e R$ 5 mil.

O serviço começou e, durante meses, percebeu que diversos pedreiros foram contratados. Apesar disso, as casas, conforme contou, nunca ficaram prontas.

“Ele começou uma das casas e uma coisa bem característica é que até os pedreiros estavam sendo enrolados. Ele não pagou nenhum dos pedreiros que foram lá naquela obra. E eu não sei se ele pagou o material de construção. Uma das casas foi feita até a cobertura e eu tive que terminar”, lembra.

A reportagem do OCP tentou entrar em contato com Marcos Araújo através dos telefones repassados pelos clientes, mas não obteve respostas.

Uma investigação sobre o caso está em curso na 1ª Delegacia de Polícia da Comarca de Joinville. O delegado Paulo Reis Venera, que preside o inquérito, informa que vai se pronunciar após uma nova análise do inquérito.

 

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