Um dos crimes mais macabros já cometidos em Joinville completa nesta sexta-feira dois anos. Foi no final de tarde de uma terça-feira de verão, no dia 2 de fevereiro de 2016, que a cabeça de um adolescente foi encontrada dentro de uma mochila, no bairro Jardim Paraíso, zona Norte de Joinville. A vítima, Israel Melo Junior, o Juninho Nézo, de 16 anos, tinha sido violentamente espancada e decapitada, no bairro Ulysses Guimarães, zona Sul da cidade. Até hoje, o resto do corpo do menino – que teria sido jogado no mangue – não foi encontrado.
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Para a Polícia Civil, o crime está ligado à guerra de facções criminosas. Sete pessoas foram indiciadas pela Delegacia de Homicídios de Joinville, suspeitas do brutal assassinato. Cinco foram condenados por um júri popular, em 9 de agosto do ano passado, pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, tortura e meio cruel, e dissimulação e emboscada.
Henrique Alexandre Guimarães, Jonathan Luiz Carneiro, Leonardo Felipe Bastos, Luciano da Silva Costa e Thomas Anderson Rodrigues, foram sentenciados a penas que variam entre 22 e 32 anos de prisão. Todos seguem na Penitenciária Industrial de Joinville. Os condenados negam ter matado Juninho. O inquérito policial não conseguiu atestar o papel de cada um na morte do adolescente.
Outros dois acusados de participarem do homicídio contra Israel Melo Junior, Carlos Alexandre de Melo e Valter Carlos Mendes, devem ir a julgamento no dia 23 de maio. A defesa de Carlos pediu que seu cliente passasse por exames de sanidade mental. A equipe de reportagem do Jornal de Joinville apurou que tal procedimento deve acontecer nas próximas semanas. Ele segue detido. Já Valter fugiu da Penitenciária Industrial de Joinville, no dia 3 de setembro do ano passado e está foragido.
Um menino alegre extrovertido
Em 2016, a repórter Adrieli Evarini, conversou com exclusividade com a mãe de Juninho, Rita de Kássia. A mulher que trabalhava com empregada doméstica, ainda estava muito aflita com a perda precoce. Ela lembra de Juninho como um filho sapeca e brincalhão.

“Ele era um menino sapeca e brincalhão”, lembra mãe do adolescente decapitado | Foto Redes sociais
Aos 14 anos, o menino decidiu sair da casa da mãe, no bairro Aventureiro, para morar sozinho, no Jardim Paraíso. O motivo da independência precoce era o mau relacionamento que o adolescente tinha com o padrasto. “Ele e o padrasto não se acertavam e ele quis sair de casa. Era uma escolha dele e eu o apoiei. Foi aí que ele passou a morar no Jardim Paraíso”, contou Rita de Kássia à repórter Adrieli.
Na reportagem publicada pelo Jornal Notícias do Dia de Joinville, a mãe de Israel disse que era ela quem pagava o aluguel da quitinete em que o filho morava. Ela o visitava com frequência. Mas, vivendo sozinho, o adolescente conheceu novas pessoas, fez novas amizades e abandonou a escola. Rita dizia na ocasião, desconhecer qualquer suposto envolvimento do filho com o mundo das drogas ou de organizações criminosas.
Da emboscada à morte precoce
De fácil amizade, o adolescente gostava de postar vídeos e fotos nas redes sociais. Dias antes de morrer Juninho Nézo teria gravado um vídeo com amigos. As imagens divulgadas seriam uma provocação ao PGC (Primeiro Grupo Catarinense). Poucas semanas depois da divulgação deste vídeo, feito em uma festa, o adolescente foi atraído para a morte.
Segundo a investigação, Juninho Nezo, recebeu por celular uma mensagem com um convite para uma festa no bairro Ulysses Guimarães. Ele foi até o local combinado, mas chegando lá percebeu que não havia festa alguma. Ao contrário, duas pessoas próximas a ele haviam sido sequestradas e foram usadas para atraí-lo para a armadilha que o levaria a morte.

Filme macabro mostrando o adolescente sendo decapitado foi publicado pelos assassinos nas redes sociais | Foto Redes sociais
As próximas horas do garoto foram marcadas por pavor e muita dor, segundo a polícia. Israel foi torturado, assassinado e decapitado. Se não bastasse tamanha crueldade, a barbárie foi gravada e divulgada nas redes sociais. O filme de horror teve direito a edição e trilha sonora.
As condenações:
Henrique Alexandre Guimarães foi condenado a 32 anos e um mês.
Jonathan Luiz Carneiro foi sentenciado a 28 anos e sete meses.
Leonardo Felipe Bastos pegou 26 anos e seis meses
Luciano da Silva Costa foi condenado a 28 anos e sete meses
Thomas Anderson Rodrigues recebeu a pena de 22 anos