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Ajuda da ciência: depois de passar 20 anos presa, acusada de matar os quatro filhos é inocentada

Foto: Reprodução internet

Por: Elisângela Pezzutti

06/06/2023 - 10:06 - Atualizada em: 06/06/2023 - 10:07

Graças à ciência, Kathleen Folbigg, a quem chamavam de “a pior assassina em série da Austrália”, foi inocentada e libertada da cadeia nesta segunda-feira (5), em Nova Gales do Sul (estado no sudeste do país), após ficar 20 anos presa sob a acusação de ter matado os próprios filhos.

A condenação e a prisão dela ocorreram em 2003, quando foi considerada culpada pelos homicídios dolosos (quando há intenção de matar) de três de seus filhos — Patrick, Sarah e Laura — e pelo homicídio culposo (quando não há intenção de matar) do filho mais velho, Caleb.

As mortes das crianças – que tinham idades entre 19 dias e 19 meses – aconteceram entre 1989 e 1999. Kathleen foi acusada de ter sufocado os bebês. Entretanto, ela sempre afirmou ser inocente e que as mortes tinham ocorrido por causas naturais.

Novas provas sobre o caso

Depois de um legista afirmar, em 2015, que não havia evidências de assassinato, novas provas mostraram que a causa das mortes, de fato, podem ter ocorrido por causas naturais. Na última semana, o procurador-geral de Nova Gales do Sul, Michael Daley, afirmou à imprensa que, com base em novas evidências científicas, surgiram dúvidas em relação à culpa da mulher na morte dos filhos.

Mutações genéticas

Uma segunda investigação do caso, conduzida pelo ex-juiz Tom Bathurst, teve início depois que 90 cientistas e médicos assinaram uma petição em que pediam a liberdade de Kathleen. Na lista, estão dois ganhadores do prêmio Nobel. Estudos científicos teriam descoberto uma mutação genética em Kathleen e suas duas filhas, Sarah e Laura, despertando a suspeita de que essa mutação pode ter sido a causa da morte natural dos bebês.

Em 2021, numa entrevista à BBC, a professora de imunologia e genômica Carola Vinuesa, da Universidade Nacional Australiana, declarou que essa variante estava em um gene chamado CALM2, responsável por codificar a calmodulina (proteína encontrada no encéfalo e no coração), o que poderia causar morte cardíaca súbita.

As descobertas foram publicadas na revista científica Europace. Outras variantes CALM já conhecidas são responsáveis por causar parada cardíaca e a morte de crianças enquanto dormem. Uma miocardite também é apontada como possível causa da morte de Laura.

Já Caleb e Patrick teriam outra mutação genética, diferente da mãe e das irmãs, no gene BSN. Pesquisas demonstraram que essa variante seria responsável por causar epilepsia fatal.

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Elisângela Pezzutti

Graduada em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.