Agressões entre alunos são causadas por educação baseada na punição, diz psicóloga

Por: OCP News Jaraguá do Sul

01/12/2017 - 20:12 - Atualizada em: 03/12/2017 - 09:59

Uma briga nas imediações na Escola Municipal de Ensino Fundamental Guilherme Hanemann na Barra do Rio Cerro é o assunto do momento nas redes sociais em Jaraguá do Sul. A ocorrência envolvendo um adolescente de 16 anos e um jovem de 14 anos aconteceu na segunda-feira (27), por volta das 17h. Um vídeo mostrando a agressão cometida pelo rapaz mais novo viralizou no Facebook e no Whatsapp nesta quarta-feira (29). De acordo com a doutora em psicologia Marina Corbetta Benedet esse tipo de situação é provocada por uma educação baseada na punição.

“O ideal é sempre manter um diálogo sobre formas de relacionamento e como resolver conflitos. A gente acaba tendo uma educação que educa muito mais pela punição e isso é feito por pais e professores. Muitas vezes isso vai fazendo com que os jovens e adolescentes acabem entendendo que a melhor forma de resolver os seus problemas é a violência. Ações preventivas vão envolver bastante gestão de conflitos. É preciso ensinar esses jovens uma outra forma que não seja pela violência”, explica Marina.

O secretário de Educação, Rogério Jung, as escolas da rede municipal primam pela civilidade e pela ordem. Apesar de não dar mais detalhes sobre o assunto, Jung ressalta que a agressão não aconteceu no ambiente escolar, mas sim do lado de fora da unidade de educação. “A escola já entrou em contato com o Conselho Tutelar e vai chamar os pais para conversar. Aí, a gente tem que ver se a escola pode dar alguma penalidade ou não. Essa questão está no nosso departamento jurídico para análise”, relata.

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Jung afirma que “educação vem de casa e o ato de educar é da família”. Ele explica que a escola tem o papel de ensinar. “Nós temos o Proerd que aborda a questão das drogas e da violência, mas não temos nada específico sobre isso. Não há nada no nosso currículo que estimule a violência. Então, nós estamos fazendo a nossa parte. Não sei ao certo o que aconteceu com os dois rapazes, mas eu acho que foi um ato de covardia. Eles estavam conversando e o rapaz deu um soco no outro. Nós vamos fazer o que estiver dentro do Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente”, finaliza.

A responsável pela Delegacia de Polícia da Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI), Milena de Fátima Rosa, destaca que os dois adolescentes envolvidos deverão responder à Justiça por atos infracionais. A situação de violência teria sido consequência de um conflito anterior entre os meninos, que estudam na mesma escola. O agressor, segundo relato, teria respondido a uma ameaça contra o irmão.

“Precisamos deixar bem claro que ambos vão responder por suas condutas. Foi levado ao conhecimento da polícia inúmeras ameaças contra o agressor. As pessoas que estão ameaçando, se julgando justiceiros, também estão cometendo crimes, ou atos infracionais no caso de adolescentes. Precisamos deixar para a Justiça e para a polícia esse trabalho. Não podemos voltar à idade da pedra, onde não tinham outras formas de se lidar com a situação”, declarou a delegada.

O major Aires Volnei Pilonetto, chefe da Seção de Comunicação do 14º Batalhão de Polícia Militar, explica que a mãe do agressor levou o jovem que levou o soco até o hospital. Lá, os policiais militares levaram os envolvidos para a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso, unidade responsável pela apuração do caso. “É importante destacar que a PM tem uma atuação preventiva importante em todas as escolas do município e da região. As crianças na faixa dos 10 anos são submetidos ao Proerd, o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência. As escolas públicas e privadas são atendidas pelo programa preventivo que se soma ao programa Cidadão da Paz. O objetivo é que os alunos não sejam agentes ativos de violência”, ressalta Pilonetto.