Advogada de Tubarão relata estupro e lutador de jiu-jitsu é investigado

Por: OCP News Criciúma

27/04/2022 - 22:04 - Atualizada em: 27/04/2022 - 22:35

Uma advogada de 29 anos, de Tubarão, que prefere não ter o nome publicado, acusou o faixa-preta de jiu-jitsu Roosevelt Sousa de tê-la estuprado enquanto ela dormia em fevereiro em Balneário Camboriú. A mulher registrou um boletim de ocorrência e o caso está sendo investigado pela Delegacia da Mulher da cidade.

Atleta da academia Fight Sports, liderada pelo heptacampeão mundial Roberto “Cyborg” Abreu, Roosevelt vive nos Estados Unidos, mas estava no Brasil até o mês passado para competir pelo ADCC, um campeonato de submissão com sede nos Emirados Árabes Unidos. Em sua passagem por Santa Catarina, ele conheceu a advogada por meio de um aplicativo e manteve a relação por algumas semanas.

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Nesta reportagem, a mulher será chamada de Luiza, um nome fictício. Ela afirma que o estupro ocorreu no dia 4 de fevereiro, na véspera da luta de Roosevelt, no hotel em que ambos estavam hospedados em Balneário. Segundo o seu relato, registrado um mês e meio depois na Polícia Civil, o lutador transou com ela enquanto ela estava “apagada, sob efeito de medicamentos para dormir”.

Em uma nota publicada em seu perfil do Instagram, o lutador negou a acusação e disse estar sendo vítima de perseguição.

“Essa pessoa foi tão longe a ponto de fazer ameaças de morte a mim e a pessoas próximas”, disse.

Procurado pela reportagem, o lutador indicou o advogado João Paulo Mazzieiro para representá-lo.

“Essa história é uma completa mentira”, afirmou o defensor.

“Roosevelt nunca teve qualquer relação não consentida com a [advogada], muito menos com a capacidade de resistência reduzida (uso de remédio). Tudo isso é uma farsa, criada por ela”.

Mazzieiro disse não poder divulgar “provas” sobre a farsa porque o caso corre em segredo de Justiça. Roosevelt acabou sendo afastado das atividades de ensino da equipe Fight Sports para se defender da acusação.

Em um print de conversa de WhatsApp, ao qual a reportagem teve acesso, Roosevelt admite ter feito sexo enquanto a advogada estava dormindo, o que para ela constitui uma confissão do crime de estupro de vulnerável.

Segundo o artigo 217-A do Código Penal, é estupro de vulnerável praticar ato sexual “com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.”

Na mesma conversa, um pouco antes, o lutador diz o contrário. Segundo seu advogado, o trecho precisa ser entendido em todo o seu contexto. Veja o print abaixo:

Relação abusiva causou sequelas, diz mulher

Em uma entrevista ao UOL, Luiza afirmou que viveu uma relação abusiva com o lutador e que o estupro lhe rendeu sequelas psicológicas. Ela conta que, após conhecer Roosevelt, ele a levou para sua casa, em Tubarão, onde ficou por cinco dias

“Ele dizia que não tinha dinheiro. Eu pagava tudo. Me tornei motorista particular dele durante esse período, gastei quase R$ 2 mil de gasolina. Paguei comida, transporte, tudo que ele quis”, relembra.

Os dois faziam sexo consensual com frequência, segundo a advogada. Mas, com o passar dos dias, as brigas também se tornaram frequentes.

Quando o dia da luta chegou, Luiza acompanhou o lutador até a cidade e se hospedou no mesmo hotel em que os atletas ficaram, mas em quartos diferentes. A advogada afirma ter convidado o atleta para passar a noite da véspera do combate com ela.

“Mas eu avisei que tomaria remédios para dormir e que, quando ele chegasse, eu já estaria dormindo. Pedi que ligasse para eu abrir a porta”, disse ela.

Luiza afirma que acordou desnorteada devido ao efeito do medicamento, um ansiolítico e calmante, enquanto Roosevelt batia na porta de forma incisiva.

“Abri a porta e sequer consegui falar com ele, de tão zonza e sonolenta que estava. Deitei na cama e apaguei. Tenho alguns flashes dele em cima de mim, me estuprando, enquanto eu estava apagada. Não conseguia falar nem reagir”, conta.

No dia seguinte ao examinar o próprio corpo, Luiza teve certeza de que havia acontecido uma relação sexual.

No dia 22 de março, quase dois meses depois, ela foi à Delegacia da Mulher de Tubarão, onde mora, para registrar o boletim de ocorrência. Ela afirma que desde que tomou consciência de ter sido vítima de estupro não tem conseguido dormir nem sair de casa.

Em um e-mail publicado por Roosevelt no Instagram, Luiza aparece ameaçando-o de morte, assim como uma mulher com quem o lutador passou a se encontrar depois de voltar aos Estados Unidos. Segundo o atleta, essa mensagem seria uma prova de que a acusação de Luiza decorre de ciúmes.

“Vou pegar uma machadinha e degolar a cabeça dela, depois vou te picotar em mil pedacinhos. Acha que só conheço gente do bem nos EUA? Posso conseguir isso hoje se eu quiser. Talvez eu queira”, escreveu ela.

Luiza confirma a veracidade da mensagem, mas diz que a ameaça é decorrência do estresse pós-traumático que viveu após o estupro.

O delegado Eduardo Dallo, da Delegacia da Mulher de Balneário Camboriú, afirmou que o caso está “sob investigação” e que a polícia coleta informações preliminares para em seguida instaurar o inquérito.

“O suspeito será interrogado como o último ato do inquérito”, disse.

Fonte: UOL

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