Walter Janssen Neto | “Eles não querem concorrência”

Foto Divulgação/OCP

Por: OCP News Jaraguá do Sul

02/10/2017 - 08:10 - Atualizada em: 02/10/2017 - 08:51

Acuados com a possibilidade de sentirem nas urnas o resultado de toda desesperança que causaram aos brasileiros nos últimos anos, sangrando os cofres públicos e desrespeitando as instituições, os políticos tradicionais correm desesperados tentando diminuir o risco de serem derrotados na eleição de 2018.

E o desespero ficou ainda mais evidente nesta semana com a divulgação de um estudo do Banco Mundial que revela que o Brasil ocupa a última posição entre 137 países analisados no quesito “confiança nos políticos”. Conscientes de que estão ‘mal na foto’ como nunca antes e que há um forte apelo popular por uma limpeza geral no Congresso, deputados e senadores passam os dias e as noites arquitetando mudanças na legislação para aumentar as próprias chances de continuar no poder. Assim, mantêm o foro privilegiado, os esquemas de propinas, as mordomias pagas com dinheiro público e continuam de costas para os interesses da nação.

Escondido na proposta aprovada no Senado esta semana, que altera as regras para o financiamento de campanha, criando um fundo público de R$ 1,8 bilhão, está um acordo entre os líderes para criar um teto para o chamado autofinanciamento. Pela proposta do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), que pode ser regulamentada pela Câmara dos Deputados, cada candidato poderá doar para própria campanha somente 30% do limite de arrecadação. A medida foi apelidada de ‘emenda Dória’.

 

“Como brasileiros que exigimos que nos devolvam o país

que foi nos tomado de assalto, precisamos estar atentos.

O mal só triunfa quando os de bem cruzam os braços.”

 

Por trás do limite de autofinanciamento está a clara tentativa dos políticos de carteirinha de evitar que empresários que não fazem parte do esquema – e que justamente por isso são desconhecidos do eleitor – tenham sucesso nas urnas. Na eleição de 2016, João Doria (PSDB), em São Paulo; Vittorio Medioli (PHS), em Betim; Udo Döhler (PMDB), em Joinville; e Antídio Lunelli (PMDB), em Jaraguá do Sul; pagaram com recursos próprios boa parte de suas campanhas.

Aqui cabe ressaltar que as doações de recursos próprios ocorrem seguindo determinações legais, precisam se encaixar dentro dos bens declarados do candidato e abrem oportunidade para que pessoas que tiveram êxito no setor privado se coloquem à disposição do eleitor, que é a quem cabe a decisão final em um sistema democrático.

Quem está acompanhando o que acontece no país sabe que os deputados e senadores estão preocupados em armar uma reforma política para preservar intactos os seus interesses. Além de tentar barrar as investigações inéditas e que atingem lideranças de todos os grandes partidos, esses movimentos corporativistas querem deixar a porta fechada para qualquer cidadão que não faça o jogo deles e que queira mudar a visão de gestão pública, que deve ser pautada sempre por um comportamento de servir à nação e não se servir dela.

A próxima semana será decisiva, porque para valer na próxima eleição as mudanças precisam ser aprovadas até dia 7 de outubro. Como brasileiros que exigimos que nos devolvam o país que foi nos tomado de assalto, precisamos estar atentos. O mal só triunfa quando os de bem cruzam os braços.

Walter Janssen Neto, presidente do grupo OCP