Esta semana, o assessor parlamentar do vereador Rodrigo Livramento (Novo) no Legislativo jaraguaense, Ricardo Stefani, foi exonerado a pedido do presidente da Câmara, Luís Fernando Almeida (MDB), após a repercussão de vídeos que ele postou algum tempo atrás em seu perfil em uma rede social, com comentários racistas e homofóbicos, entre outros. Com 21 anos de idade, Ricardo é estudante de Direito e atua como programador, editor de vídeos e designer gráfico. Sua nomeação para assessor parlamentar ocorreu em novembro do ano passado.
“Foram piadas que considerei ofensivas, preconceituosas e de linguagem deplorável. Quando recebi os vídeos que ele gravou no passado confrontei o servidor, que se mostrou arrependido e envergonhado. Ele se desculpou e disse que não lembrava dos vídeos, já que alguns foram gravados quando ele ainda era menor de idade e os mais recentes são de 2020 e 2021. Ele excluiu os vídeos e se desculpou publicamente e com quem se sentiu ofendido”, salienta o vereador Rodrigo Livramento.
“Adversários políticos contentes”
“Aceitei as desculpas dele por entender que ele evoluiu e reconheceu o erro. As piadas e linguagem utilizadas ofenderam pessoas. Infelizmente, o erro do passado fez com que ele fosse demitido”, completa, afirmando que teria mantido Ricardo no cargo de assessor parlamentar, mas que o servidor foi exonerado a pedido do presidente da Câmara de Vereadores, Luís Fernando Almeida.
“Meus adversários políticos certamente ficaram bem contentes. Para eles, não importa se o rapaz errou e se arrependeu. Estão felizes por eu ter que me explicar por piadas de mau gosto, feitas no passado, por outra pessoa, como se isso representasse a minha opinião”, destacou Rodrigo Livramento.
O vereador do partido Novo também ressaltou que seus adversários políticos procuraram vídeos antigos de Ricardo e os enviaram como recentes para “movimentos associados atingidos pelas piadas de péssimo gosto e a jornalistas da cidade”.
O presidente do Legislativo, Luís Fernando Almeida, informou que teve conhecimento dos vídeos no final da tarde de sexta-feira (13), e que imediatamente encaminhou o conteúdo aos vereadores Livramento e Sirley Schappo, pelo fato deles terem gabinete compartilhado. “Tenho que fazer justiça também no sentido de dizer que tanto o vereador Livramento, quanto a vereadora Sirley, não tinham conhecimento destes conteúdos até então e que eles não concordam e repudiam esse tipo de fala e de posicionamento preconceituoso, racista, homofóbica, inclusive com as falas (de Rodrigo Stefani) contra deficientes e aí por diante”, afirmou Almeida.
O presidente informou, ainda, que na segunda-feira (16), enviou um ofício ao vereador Livramento para que, tendo conhecimento do conteúdo dos vídeos postados por Stefani em seu perfil na rede social, oficializasse qual seria a sua manifestação a respeito do caso. “Ele (vereador Rodrigo Livramento) me informou através de ofício, que chamou a atenção do servidor, que o servidor se retratou, pediu desculpas e apagou os vídeos das suas redes sociais”.
Situação insustentável
Almeida salienta que, no entanto, “a situação se tornou insustentável, pelo fato dos próprios servidores da Casa terem se sentido ofendidos com a abordagem observada nesses vídeos que ele postava em suas redes sociais”.
O presidente do Legislativo continua dizendo que, além disso, ocorreram diversas outras manifestações. “Eu, particularmente, recebi de várias pessoas os mesmos vídeos, com pedido de um posicionamento, até mesmo de entidades, sobre o que seria feito com relação a esse tipo de conteúdo. Embora o vereador Livramento tenha sugerido a manutenção do assessor no cargo, depois dessa chamada de atenção, e até mesmo do pedido de retratação, eu optei pela exoneração, deixando bem claro a todos que têm vínculo com a Câmara, de que palavras preconceituosas, racistas, homofóbicas, palavras que ofendam as pessoas com deficiência, jamais serão aceitas. Então eu procedi pela exoneração do servidor e acredito que esta página triste esteja virada, pelo menos no cunho institucional, demonstrando a posição da Casa, que é contra esse tipo de postura. Com relação ao vereador Livramento e à vereadora Sirley, eu devo deixar claro que ambos repudiaram esse tipo de comportamento (de Ricardo Stefani)”, finalizou.
A reportagem do OCP entrou em contato com o servidor exonerado e recebeu a seguinte resposta:
“Primeiramente, obrigado (ao OCP) por terem me cedido o espaço para apresentar a minha versão.
Queria começar pedindo desculpas pelos vídeos lamentáveis que estão circulando. Reconheço que falhei, e me arrependo profundamente, sinto vergonha da pessoa daqueles vídeos. Na época eu era mais jovem e falava coisas que eu não sabia que poderiam me prejudicar dessa forma e magoar os outros como aconteceu. Gostaria de não ter aprendido essa lição de maneira tão dura, porém, foi o que aconteceu. Para quem pergunta o motivo dos vídeos terem ficado no meu perfil até então, é por que eu simplesmente não lembrava que eles estavam lá, tanto que eu fiquei surpreso quando os recebi.
No dia da minha exoneração, fiz questão de ir em cada gabinete pedir perdão para todos que assistiram aqueles vídeos, até mesmo para os que não tinham assistido, pois sabia que uma hora ou outra, eles teriam acesso aos vídeos. Eu já havia sido exonerado a essa altura do campeonato, fiz pois soube que haviam pessoas na casa que haviam se sentido ofendidas com o teor e o linguajar ofensivo dos vídeos. Eu não poderia simplesmente virar as costas e fingir que o estrago não havia sido feito. Reitero que aquela pessoa dos vídeos não me representa e que eu sinto NOJO do que eu fiz.
Porém, essa situação lamentável foi causada de maneira PROPOSITAL, uma vez que os vídeos eram de dois anos atrás, de quando eu sequer era servidor, ou seja, só seriam achados com uma busca profunda no meu perfil do TikTok. Quem disparou esses vídeos em massa, fez para atingir o Rodrigo Livramento, e com isso, criou essa situação extremamente lamentável. Quem fez isso, fez com maldade. Uma vez que a pessoa pegou esses vídeos e disparou em massa, sabendo dos efeitos negativos para as pessoas que isso poderia causar, sem a menor necessidade. Até porque, os vídeos sequer eram entregues pelo TikTok pelo tempo em que foram feitos.
O presidente da Câmara me ignorou repetidas vezes e sequer me procurou para obter esclarecimentos acerca da situação. Me senti perseguido pelo presidente da Casa, que me demitiu como se eu fosse apenas um número, como se eu não tivesse contas a pagar. Estou desestabilizado financeiramente e sem perspectiva do que faço da minha vida daqui para frente.
Pessoas foram magoadas e minha vida foi virada de ponta cabeça por coisas que falei há dois anos. Não existe perdão? Eu não posso me retratar? Quem nunca errou?
Reitero que sempre estive aberto ao diálogo. Estou disposto a fazer o que for preciso para me retratar com as pessoas que se sentiram ofendidas com os meus vídeos. Nunca foi meu objetivo magoar as pessoas.”