Veto à desoneração da folha de pagamento: veja como devem votar os parlamentares catarinenses

Foto: Arquivo OCP

Por: Elisângela Pezzutti

07/12/2023 - 06:12 - Atualizada em: 07/12/2023 - 10:12

A reportagem do OCP consultou os parlamentares catarinenses para saber a posição de cada um deles a respeito da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que vetou na íntegra o projeto de lei que previa estender até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e reduzir a contribuição para a Previdência Social paga por pequenos municípios (PL 334/23). O veto foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União no dia 23 de novembro.

Lula argumentou que a proposta é inconstitucional porque cria renúncia de receita sem apresentar o impacto nas contas públicas, conforme dita a legislação. Segundo levantamento do Ministério da Fazenda, a renúncia com a desoneração no setor privado foi estimada em aproximadamente R$ 9,4 bilhões.

Os 17 setores beneficiados pela desoneração são os de confecção e vestuário; calçados; construção civil; call center; comunicação; empresas de construção e obras de infraestrutura; couro; fabricação de veículos e carroçarias; máquinas e equipamentos; proteína animal; têxtil; tecnologia da informação (TI); tecnologia de comunicação (TIC); projeto de circuitos integrados; transporte metroferroviário de passageiros; transporte rodoviário coletivo; e transporte rodoviário de cargas.

Implementada em 2011 como medida temporária, a política de desoneração da folha vinha sendo prorrogada desde então. Com o veto presidencial, a medida deixa de valer agora em dezembro.

A posição dos parlamentares de SC com relação ao veto

O Congresso Nacional deve se reunir, em data a ser definida, para analisar o veto presidencial. Para derrubar a decisão do Executivo, serão necessários 257 votos de deputados e 41 votos de senadores.

O PL 334/23, de autoria do senador Efraim Filho (União-PB), foi aprovado na Câmara dos Deputados em agosto. A relatora foi a deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), que já articula a derrubada do veto com os líderes e deputados. Dos 16 deputados federais catarinenses consultados 11 são a favor da derrubada do veto, uma é contra e 4 não responderam.

Confira:

Carlos Chiodini (MDB)

Foto: Arquivo OCP

O deputado Carlos Chiodini afirmou que deverá votar contra o veto na integralidade pois acredita que “o setor produtivo precisa manter essa política que existe desde 2011 e estimula mais empregos”.

Fábio Schiochet (União)

Foto: Arquivo OCP

Fábio Schiochet é favorável à derrubada do veto, pois na sua opinião a desoneração da folha de pagamento trará segurança às empresas e, principalmente, aos empregados desses setores. “Precisamos de equilíbrio fiscal, mas não às custas dos empregos de milhões de trabalhadores e da saúde financeira de milhares de empregadores. Do que adianta economizar com a derrubada da desoneração, se a economia esfriar, com uma onda de desemprego?”, questiona. Segundo o deputado, “não dá para o Governo reclamar de desiquilíbrio fiscal, já que o Congresso aprovou a PEC da Transição, liberando cerca de 180 bilhões de reais para gastos públicos”.

Gilson Marques Vieira (Novo)

Foto: Arquivo OCP

“Votei a favor do projeto na Câmara, portanto, por coerência votarei para derrubar o irresponsável veto presidencial. É claro que não é o ideal manter essas desonerações da folha que privilegiam apenas 17 setores. Mas, dada a realidade atual, se não aprovarmos essa prorrogação, teremos desemprego em massa. Entre as opções ruim e péssimo, ficamos com a menos pior”, declarou o deputado Gilson Marques Vieira, ressaltando que quando houve a votação do projeto, o Partido Novo chegou a apresentar uma emenda para ampliar essa desoneração para todos os setores, mas ela não foi aprovada.

Ana Paula Lima (PT)

Foto: Agência AL

A deputada Ana Paula Lima é favorável a manter o veto presidencial, pois considera que o prazo e os objetivos da desoneração já foram cumpridos. “Há outras formas de incentivos para oxigenar a nossa economia, gerar emprego e renda para o povo trabalhador, que podem e devem ser debatidos pelo parlamento”, afirma.

Jorge Goetten (PL)

Foto: Arquivo OCP

Jorge Goetten é a favor da derrubada do veto. “São os setores que mais empregam no Brasil e a desoneração da folha é um alento para as empresas, fundamental pra que elas se mantenham e até ampliem os postos de trabalho. A carga tributária no Brasil já é alta demais e recai sobre o trabalhador”, argumenta o deputado.

Daniela Reinehr (PL)

Foto: Arquivo OCP

“Votarei pela derrubada do veto presidencial. Temos trabalhado muito por isso, para termos maioria.
Acredito que a desoneração da folha deveria ser ainda maior do que a que foi para sansão do Presidente Lula, e deveria abarcar todos os setores da economia. Minha visão é de reduzir a carga tributária como um todo e fomentar o desenvolvimento do Brasil”, defende Daniela Reinehr.

Júlia Zanatta (PL)

Foto: Arquivo OCP

“Aprovamos há pouco a prorrogação por mais 4 anos da desoneração da folha de pagamentos, que contempla 17 setores de produção e estimula a geração de empregos através da redução de encargos trabalhistas. Diante do iminente colapso, provocado pela queda brutal de repasses do Governo Federal às prefeituras, a medida gerará um alívio às contas dos cerca de 3 mil municípios de até 142 mil habitantes, que terão redução da contribuição previdenciária de 20 para 8%”, declara Júlia Zanatta.

Geovânia de Sá (PSDB)

Foto: Câmara dos Deputados

“Como representante comprometida com o desenvolvimento econômico do nosso país, manifesto meu apoio à derrubada do veto que incide sobre a desoneração da folha de pagamento”, afirmou Geovânia de Sá. A parlamentar acredita que a medida é crucial para aliviar as empresas de encargos excessivos, proporcionando um ambiente propício à preservação de empregos e ao estímulo do crescimento empresarial. “Ao optarmos pela revogação do veto, estaremos não apenas respaldando os empreendedores, mas também fortalecendo as bases para a estabilidade econômica e a criação de oportunidades essenciais para o futuro do Brasil”, diz a parlamentar.

Valdir Cobalchini (MDB)

Foto: Arquivo OCP

“Eu votei a favor da prorrogação da desoneração da folha de pagamento de 17 setores e agora, quando pautado, eu vou votar a favor da derrubada desse veto, pois são segmentos empresariais que empregam muito e representam uma receita muito importante para os estados e para União”, afirma Cobalchini, completando que desonerar a folha é importante para gerar mais empregos e para movimentar a economia. “Talvez não devesse ter entrado no mesmo projeto a questão dos municípios – não que eu seja contra, mas isso pode ter dificultado, quem sabe, a decisão pelo veto, mas a minha posição é votar pela derrubada do veto”, observa.

Ismael dos Santos (PSD)

Foto: Arquivo OCP

“Compreendo a necessidade de equilíbrio fiscal, embora discorde que a desoneração seja uma simples perda de arrecadação para a União. É preciso considerar que a manutenção de empregos e o estímulo à atividade econômica também geram receitas, por meio do consumo e do recolhimento de outros impostos. É importante lembrar que esses setores empregam, atualmente, cerca de 9 milhões de trabalhadores. Por isso, meu voto será pela derrubada deste veto”, declara.

Rafael Pezenti (MDB)

Foto: Arquivo OCP

“O veto será derrubado porque vai na contramão do que o país precisa, que é a manutenção e a geração de empregos. A desoneração é uma medida adotada desde 2011 e já provou seus benefícios. De 2018 a 2022, por exemplo, houve a contratação de 1,2 milhão de trabalhadores com carteira assinada. Além de beneficiar setores cruciais para a economia de Santa Catarina, como o têxtil, de confecção, construção civil e até de proteína animal, a desoneração reduz de 20% para 8% a alíquota de contribuição para a Previdência Social sobre a folha de pagamento dos pequenos municípios. Portanto, sou totalmente contra esse veto que ameaça a sobrevivência das empresas, aumenta a insegurança jurídica e a carga tributária que já é uma das maiores do planeta”, afirma Pezenti.

Darci de Matos (PSD)

Foto: Arquivo OCP

“Nós vamos derrubar esse veto, porque ele é descabido e pode provocar um milhão de demissões no Brasil. A desoneração da folha tem que continuar”, defende Matos.

Não responderam

Os deputados Zé Trovão (PL), Daniel Freitas (PL), Caroline de Toni (PL) e Pedro Uczai (PT) não responderam ao contato feito pela reportagem do OCP. Caso deem retorno, a matéria será atualizada no site.

Notícias no celular

Whatsapp

Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.