A retomada do programa Bota Fora, realizado pela Prefeitura Jaraguaense, foi tema de uma moção aprovada pelos vereadores de Jaraguá do Sul na sessão dessa terça-feira (19). O pedido destaca a relevância do projeto para a entrega de descartes e para os benefícios promovidos pela ação.
O vereador Jair Pedri (PSD), autor do documento, argumenta que muitas pessoas com baixa renda não têm a possibilidade de levar materiais descartados para os PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) e que, por isso, o retorno do Bota Fora é necessário.
Durante a discussão da moção, o vereador Almeida (MDB), presidente da casa, enfatizou a relevância do projeto para a população e parabenizou Pedri pela iniciativa.
“Embora nós hoje tenhamos o PEV, […] não diminui a importância desse programa”, declarou, ao recordar que muito munícipes não contam com a possibilidade de contratar fretes para se desfazer de pertences.
Já o vereador Delegado Mioto (União) recordou que, em janeiro, enviou uma indicação à Prefeitura sobre o mesmo tema, e que foi informado, na ocasião, que o programa foi reativado em 2024, mas que é realizado apenas nos meses em que o combate à dengue é intensificado.
“Até nos foi colocado como uma resposta do porquê não funcionar o Bota Fora o ano todo, foi colocada a questão do custo logístico que recairia sobre os cofres públicos”, explicou Mioto.
Em resposta, o presidente agradeceu a informação, mas argumentou que o formato foi retomado em 2024 pois houve uma situação de quase colapso no sistema de saúde por conta do elevado número de casos de dengue.
“Eles vão esperar, mais uma vez, nós chegarmos no caos para daí colocar o Bota Fora, infelizmente”, lamentou Almeida.
A vereadora Professora Natália Lúcia Petry (MDB) frisou a ação dos munícipes em relação à limpeza de terrenos e das casas.
“Nós, munícipes, temos a obrigação de fazermos a nossa parte, […] só que os Bota Foras também têm essa outra conotação de móveis que o munícipe, muitas vezes, não sabe aonde levar. O Bota Fora faria com que a Prefeitura pudesse centralizar esses móveis, esses equipamentos, e dar destinação”, explicou.
A parlamentar recordou que, em sua época como secretária de assistência social, os materiais descartados tinham diversas utilidades, em especial, por meio da doação de móveis.
Na tribuna, o vereador Jair Pedri apontou para o fato de que algumas pautas reaparecem com frequência no Plenário.
“Os senhores não têm noção da quantidade que se retira em um programa em um bairro, por exemplo. É vaso sanitário, é roupeiro, é sofá, é mesa quebrada, e não adianta nós querermos nos enganar. Uma caçamba custa 400 reais. Você vai me dizer que o munícipe vai pagar uma caçamba de 400 reais para levar o material embora, e vai deixar de fazer o rancho do mês porque ele ganha 1.700 reais por mês?”, questionou.
O parlamentar recordou assuntos como a questão do oferecimento de auxiliares para educação especial nas escolas, o recapeamento de ruas e temas relacionadas a servidões que frequentemente retornam para discussão no Legislativo.
“A Prefeitura não quebra com isso. É só uma caçamba, é só uma carregadeira”, comentou Pedri. O parlamentar também pediu para que o SAMAE revisse as taxas referentes à implantação do sistema de coleta de esgoto, que ainda são cobradas nas tarifas de água.
O vereador Charles Salvador (PSDB) recordou que, em sua época envolvido com associações de moradores do município, a recolhida dos materiais era um assunto recorrente.
“Nós estamos aqui esperando que a dengue sobressaia para que o Bota Fora volte. Na verdade, nós deveríamos estar fazendo o contrário”, declarou Salvador.
O vereador Cani (PL) também avaliou que muitos problemas são discutidos com repetição no Legislativo, e questionou o fato de que o programa Bota Fora foi retomado durante o ano eleitoral. “Afinal de contas, eu começo a pensar que todo ano deveria ser ano eleitoral”, comentou.
O parlamentar também relembrou outras ações tomadas durante o ano passado, como o atendimento estendido nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município.
O vereador Osmair Gadotti (MDB) levou ao Plenário relatos de munícipes que descartam materiais como televisores e colchões na natureza.
“Nós também temos que pensar na responsabilidade do cidadão para que ele tenha vergonha na cara, que se ele tem condições, ele que dê um destino final para aquele material”, alertou.
Em 2018, o projeto recolheu 670 toneladas de lixo e entulhos. Já em 2024, quando contemplou apenas oito bairros, aproximadamente 400 toneladas foram recolhidas.
“O ‘Bota Fora’ apresenta uma medida adicional no combate à dengue no município, essas ações visam eliminar possíveis criadouros do Aedes aegypti”, aponta Pedri no documento. O parlamentar também explica que a coleta dos descartes é essencial para a preservação do meio ambiente e para a manutenção da limpeza da cidade.
A moção é endereçada ao Prefeito Jair Franzner e ao presidente do Samae Onésimo Sell, que, agora, farão a análise técnico-orçamentária para a retomada do projeto.