O presidente americano, Donald Trump, afirmou, em publicação feita nesta segunda (7), que o Estado brasileiro realiza uma “perseguição” contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), sua família e seus apoiadores. O republicano afirma que acompanhará a situação de “muito perto” e que o “único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil”. “Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, diz Trump.
Ele comparou a “perseguição política” que o ex-presidente vem sofrendo, com a que ele alega ter sofrido antes das eleições americanas ano passado e pede para que “deixem Bolsonaro em paz!”. “O Brasil está fazendo uma coisa terrível no tratamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eu tenho assistido, assim como o mundo, como eles não fizeram nada além de ir atrás dele, dia após dia, noite após noite, mês após mês, ano após ano!”, afirmou Trump em sua rede social, a Truth Social.
O republicano definiu o ex-mandatário brasileiro como um “líder forte”, que no cargo “amava seu país” e era um “negociador muito duro”.
“Sua eleição foi muito apertada e agora, ele está liderando nas pesquisas. Isso não é nada mais, nada menos, do que um ataque a um oponente político — algo que eu sei muito sobre! Aconteceu comigo, vezes 10, e agora nosso país é o ‘MAIS QUENTE’ do mundo!”.
“O Grande Povo do Brasil não vai tolerar o que eles estão fazendo com seu ex-presidente”, afirma o presidente americano.
Ele diz que acompanhará “à caça às bruxas de Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores, muito de perto”.
“O único julgamento que deveria estar acontecendo é um julgamento pelos eleitores do Brasil — chama-se eleição. Deixe Bolsonaro em paz!”, completa a nota.
Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado
Em 26 de março de 2025, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), de maneira unânime, aceitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes.
Na ação penal, além de Bolsonaro, se tornaram réus Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin, Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
A partir da decisão da Primeira Turma, eles passaram a ser réus em uma ação penal que os acusa de: organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado; tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado. Bolsonaro ainda é acusado de liderar a organização criminosa.
No dia 10 de junho Bolsonaro foi interrogado por Alexandre de Moraes no STF, e afirmou que sempre atuou “dentro das quatro linhas” da Constituição, destacou que golpe de Estado “é uma coisa abominável” e reiterou que a possibilidade de ruptura institucional “nem sequer foi cogitada” em seu governo.
“Só tenho uma coisa a afirmar a Vossa Excelência. Da minha parte, ou da parte dos comandantes militares, nunca se falou em golpe. Golpe é uma coisa abominável. O golpe até seria fácil de começar, o after day [dia seguinte] é que seria imprevisível e danoso para todo mundo. O Brasil não poderia passar por uma experiência dessas”, afirmou na ocasião.
Esta foi a primeira e única vez que Moraes e Bolsonaro interagiram frente a frente no andamento das investigações. O ex-presidente compareceu ao STF também em março para acompanhar o recebimento da denúncia da PGR pela Primeira Turma.
EUA já confirmaram a “grande possibilidade” de sanções contra Moraes
Em maio deste ano, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que há “grande possibilidade” de o governo americano impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação que tornou Bolsonaro réu.
Em paralelo, a Trump Media, empresa de Trump, e a plataforma de vídeos Rumble, processaram Moraes nos EUA e exigindo sua responsabilização por censura, na Justiça Federal da Flórida. A ação integrou uma outra feita em fevereiro.
O processo da empresa de Trump detalha que, por meio de decisões judiciais sigilosas, Moraes exigiu o bloqueio e a retirada de conteúdos de usuários brasileiros que hoje vivem nos Estados Unidos, mesmo quando as publicações são protegidas pela Constituição americana.
Segundo Trump Media e a Rumble, tais ordens, que elas classificam como “censura”, têm o objetivo de “silenciar o discurso político legítimo nos Estados Unidos, minando proteções fundamentais garantidas pela Primeira Emenda” e violando a legislação americana sobre liberdade de expressão. As empresas alertam no processo que “permitir que Moraes silencie um usuário em uma plataforma digital americana colocaria em risco o compromisso histórico dos EUA com o debate aberto e robusto”.
Enquanto o processo contra Bolsonaro corria na Suprema Corte, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado federal licenciado anunciou em março que moraria nos EUA, por tempo indeterminado, em busca de apoio para punir o que ele chama de “violadores dos direitos humanos”.
“Para que possa me dedicar integralmente e buscar as devidas sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e sua Gestapo da Polícia Federal merecem”, disse, disse Eduardo.
*Com informações da Gazeta do Povo.