O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou inconstitucional a emenda à Constituição de Santa Catarina aprovada em 2016 que alterou os repasses para a saúde. Atendendo à argumentação da Procuradoria Geral do Estado (PGE), os ministros entenderam que o Poder Legislativo não pode definir, sem a participação do Poder Executivo, o mínimo percentual de aplicação no setor.
A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Saúde, como ficou conhecida, foi aprovada por 35 votos a favor e nenhum contrário em outubro de 2016 e promulgada pelo então presidente da Assembleia Legislativa, Gelson Merisio, autor da PEC.
O texto previa que Santa Catarina deveria investir no mínimo 13% de seu orçamento na saúde em 2017. Em 2018, esse percentual passaria a 14%, chegando a 15% em 2019. “Estamos arrumando o Estado para a próxima década”, disse à época, o então deputado Gelson Merisio.
Sem recurso em caixa e considerando que o aumento do percentual só poderia ser alterado por lei complementar federal, o ex-governador Raimundo Colombo, com a assessoria da Procuradoria Geral do Estado, entrou com a ADI 5897 (Ação Direta de Inconstitucionalidade) em fevereiro de 2017.
Este ano, mais uma vez com o amparo da PGE, o governador Carlos Moisés procurou o ministro Luiz Fux, do STF, pedido a concessão de medida liminar para evitar o aumento de repasse para a saúde.
O ministro Luiz Fux, relator da ADI 5897, votou pela procedência do pedido do Estado de Santa Catarina para declarar inconstitucional a emenda. O voto foi acompanhado pela maioria dos ministros.
Deputados lamentam a decisão
A decisão do STF repercutiu negativamente na Assembleia Legislativa e junto às entidades ligadas à saúde. O deputado Neodi Saretta (PT) foi direto.
“O governo venceu no STF, mas faltou o complemento, o povo perdeu. Não quero ser alarmista, mas se o governo voltar a aplicar só 12% vai ser o caos, ano passado foi 14% e ficou devendo quase R$ 1 bilhão”, advertiu Saretta, presidente da Comissão de Saúde.
Ismael dos Santos (PSD) reforçou o coro dos descontentes. “É dia para lamentar, o STF tem proporcionado ao Brasil uma sucessão de decepções, foi uma atitude unilateral, não se escutou a voz da rua, (o estado) passa a depender da boa vontade política do governador.
Autor da PEC, Gelson Merisio, hoje sem cargo público, usou as redes sociais para mostrar sua insatisfação. Por sua conta no Twitter, Merisio elencou sua preocupação:
“Consequências da decisão de hoje do STF em relação ao mínimo da saúde:
1) A mensagem que o governo passa é de que saúde não é prioridade.
2) As despesas reais, assim como ocorre desde 2015, serão superiores a 12% porque independem de questões orçamentárias; são ligadas à vida.
3) A “folga” de dois pontos percentuais será imediatamente consumida por outras áreas do governo.
4) O rombo que já existe na área da saúde só vai aumentar a partir dessa decisão.”
CRM emite nota
Em nota, o Conselho Regional de Medicina demonstrou sua preocupação com o futuro da saúde em Santa Catarina.
“O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) manifesta preocupação com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derruba a obrigatoriedade de ampliação gradual do investimento em saúde no Estado.
Não é atribuição do Conselho contestar a decisão judicial. Mas é inegável que cabe ao Poder Público garantir investimentos em infraestrutura e serviços de saúde adequados. Mais do que uma função primordial do Estado, a oferta de atendimento à população deve ser vista como obrigação do governante.
Diante disso, o CRM-SC defende que o chefe do Poder Executivo garanta o máximo possível de investimentos na área. O povo catarinense, que por certo será o maior prejudicado por quaisquer cortes registrados na área de saúde, merece toda a consideração e esforço de seus governantes para dispor de serviços de qualidade.
Diretoria do CRM-SC.”
Quer receber as notícias no WhatsApp?
- Região de Jaraguá do Sul – Clique aqui
- Região de Joinville – Clique aqui
- Região de Florianópolis – Clique aqui
- Região do Vale Europeu – Clique aqui