Saiba porque a bancada no Novo votou contra a prisão do deputado Daniel Silveira

Foto: Divulgação

Por: Áurea Arendartchuk

20/02/2021 - 15:02 - Atualizada em: 20/02/2021 - 15:11

Após a repercussão sobre a votação na Câmara Federal para a manutenção da prisão em flagrante e sem fiança do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), que fez calúnias e ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e seus integrantes, o partido Novo, que votou “Não” pela prisão do parlamentar, emitiu uma nota de esclarecimento sobre o voto dos oito deputados da bancada.

Na nota, o partido em nome de seus oito deputados que fazem parte da bancada Gilson Marques (SC), Vinicius Poit (SP), Adriana Ventura (SP), Alexis Fonteyne (SP), Tiago Mitraud (MG), Lucas Gonzalez (MG), Paulo Ganime (RJ) e Marcel van Hattem (RS) esclarecem que um dos motivos por terem votado pela soltura de Daniel Silveira foi pela questão da prisão ter sido inconstitucional.

Consultado pela reportagem da Rede OCP, o deputado federal catarinense Gilson Marques comentou que não se combate um mal com outro mal.

“Por mais que o vídeo do deputado tenha extrapolado os limites aceitáveis, não se pode deturpar o Estado de Direito para prendê-lo. A prisão foi totalmente inconstitucional e por isso votei contra a sua manutenção. O foro adequado para julgar as atitudes deste deputado é o Conselho de Ética da Câmara, que será instalado na próxima semana”, comentou.

Confira na íntegra a nota publicada nas redes sociais do partido:

“Prezando sempre pela transparência e pela defesa do Estado democrático de Direito, a bancada do Novo na Câmara vem a público esclarecer seu posicionamento a respeito da revogação da prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ).

As declarações do deputado, feitas na última terça-feira (16), são indefensáveis. Extrapolam em muito a crítica racional, demonstram uma vontade de resolver conflitos políticos e ideológicos através da força, usam de linguagem vulgar, além de incitar o AI-5 e a animosidade entre as Forças Armadas e as demais instituições.

Ainda que abarcadas pela imunidade material, que lhe garantem inviolabilidade por sua palavras enquanto parlamentar, tais declarações não deixam de ser suscetíveis de punição. Mesmo assim, o foro adequado para dar uma resposta à sociedade é o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

A representação ao referido conselho já foi feita pela Mesa da Câmara e exigiremos celeridade na sua apuração. Do mesmo modo, demandaremos um andamento rápido para outros dois casos absurdos que permanecem sem processamento desde que as atividades do colegiado foram suspensas, há quase um ano: o da deputada Flordelis (PSD/RJ), acusada de ser a mandante do assassinato do próprio marido; e do deputado Wilson Santiago (PTB/PB), acusado de desviar recursos de obras contra a seca no sertão da Paraíba.

A decisão do Supremo Tribunal Federal, por sua vez, não encontra amparo na Constituição, além de ferir a imunidade parlamentar e a independência entre os Poderes. Questionaremos a Corte quanto a esse claro abuso de poder, pois um mal não se combate com outro.

Seremos sempre favoráveis ao julgamento e à punição de criminosos, independente da função ocupada ou cargo exercido. Para tal, defendemos que seja observado o devido processo legal para que inconstitucionalidades não deem margem à impunidade com a possível nulidade de decisões já proferidas. Essa é a posição que condiz com a visão de um Brasil mais seguro, simples e livre que o Novo tanto defende.”