O vereador mais votado da história de Jaraguá do Sul nas últimas eleições municipais (2024), com 6.079 votos, Rodrigo Livramento (Novo), já está de olho no pleito que ocorre daqui pouco mais de um ano. Desta vez, ele pretende concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados e, para isso, planeja quais serão os próximos passos para atingir essa meta. Em entrevista ao OCP, além de falar sobre as movimentações para as eleições de 2026 e dar um panorama da política local e estadual, Livramento também falou sobre temas de repercussão nacional, como a atuação do Judiciário e a relação entre o Novo e o PL.
Confira:
Pressão por candidatura a deputado
Sobre as eleições de 2026, Livramento revela que tem sido incentivado por apoiadores a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. “Parte do meu eleitorado quer que eu vá para deputado federal. Há esse movimento porque a comunidade se sente mal representada pelos atuais deputados da região”, avaliou.
O vereador critica o modelo de representação tradicional. “Eles não têm uma linha ideológica forte. É uma política baseada na entrega de emendas e na representação regional, não de princípios. Isso se reflete nos números: o deputado mais votado da região fez 15 mil votos, outro fez 5 mil, juntos somam só 20% dos votos. Ou seja, 80% do eleitorado votou em candidatos de fora, por não se sentir representado aqui.”
Segundo Livramento, o Novo vê com bons olhos a possibilidade de sua candidatura. “Tive uma das melhores votações para vereador do partido no Estado, e isso fortalece a ideia. O Gilson Marques vai concorrer ao Senado e pode abrir essa vaga federal, que eu teria boa chance de ocupar.”
Ele também menciona que, apesar de haver convites para disputar a prefeitura, a “pressão maior” é para a candidatura a deputado.
Relação com o governo de SC
Quanto à política estadual, Livramento explica que ainda não há uma definição clara sobre o posicionamento do Novo em relação ao governo de Jorginho Mello (PL). “O Adriano Silva (prefeito de Joinville) está muito próximo do governador. Mas vai depender se o PL dará espaço para que o Novo possa colaborar com suas ideias.”
Para ele, isso exigiria que o PL abrisse mão de certas alianças com partidos tradicionais. “Se o PL apoiar a candidatura do Gilson [Marques] ao Senado, pode ser um indicativo positivo. Aí, talvez, o Adriano [Silva] fique até o fim do mandato em Joinville.”
Política local: vereadores e Executivo
Na política municipal de Jaraguá do Sul, Livramento fez questão de elogiar a relação do Novo com o prefeito Jair Franzner e com o vice-prefeito João Pereira. “Desde o início da gestão anterior, temos uma boa afinidade de propósitos. Acreditamos em uma gestão técnica e em fazer o melhor pela cidade.”
Apesar disso, o vereador destacou que o Novo não integra o grupo político que tradicionalmente ocupa espaços no governo municipal. “Existe um grupo que faz política tradicional, ocupando cargos e usando secretarias para atender interesses próprios. Nós não fazemos parte desse grupo. Mas nossa relação individual com Jair e João é boa, e nossa avaliação deles é positiva.”
Críticas à atuação do STF e preocupação com liberdade de expressão
Rodrigo também manifestou preocupação com a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e a condução de inquéritos que, segundo ele, ferem princípios democráticos. “As pessoas confundem essas manifestações com uma defesa do Bolsonaro, mas é muito mais sério. Tivemos revelações de pessoas presas por publicações críticas ao PT ou por usar uma camiseta do Brasil de anos atrás. Isso está sendo tratado como terrorismo.”
Ele criticou duramente o Judiciário, dizendo que há uma concentração de poder e falta de limites institucionais. “Hoje o Judiciário atua como vítima, acusador e julgador ao mesmo tempo. Estamos voltando a práticas medievais, com parte da população aplaudindo. Isso pode parecer aceitável quando atinge seus opositores, mas amanhã pode atingir você. O Estado Democrático de Direito está sendo subvertido”, declarou.
O vereador também questionou a independência do Congresso Nacional. “As principais lideranças dos outros poderes estão em conluio com o Judiciário, porque são mercenários. Querem dinheiro, poder, e possivelmente têm rabo preso. A maioria dos congressistas, na minha visão, não pode se dar ao luxo de ser independente.”