O governador Cláudio Castro (PL-RJ), do Rio de Janeiro, foi indiciado nesta terça (30) pela Polícia Federal por suspeita de ligação em um esquema de fraudes em programas assistenciais do estado em mandatos anteriores ao atual.
De acordo com a apuração do UOL e da GloboNews, o indiciamento ocorre no âmbito da investigação que levou à Operação Sétimo Mandamento, deflagrada no final do ano passado e que mirou também o irmão de criação de Castro, Vinícius Sarciá Rocha.
Cláudio Castro é investigado por suposto envolvimento no esquema quando ocupada os cargos de vereador e de vice-governador do Rio, e indiciado agora pelos crimes de corrupção passiva e peculato. A reportagem também procurou o governador e aguarda retorno.
A investigação da Polícia Federal que levou à operação apontou irregularidades na execução dos projetos Novo Olhar, Rio Cidadão, Agente Social e Qualimóvel entre os anos de 2017 e 2020.
“A organização criminosa penetrou nos setores públicos assistenciais sociais no âmbito do estado do Rio de Janeiro e realizou fraude a licitações e contratos administrativos, desvio de verbas públicas e pagamentos de ‘propinas’ aos envolvidos nos esquemas criminosos”, disse a PF na época.
A PF apurou que havia o pagamento de propina entre 5% e 25% dos valores dos contratos, que totalizam mais de R$ 70 milhões. As investigações foram conduzidas em segredo de Justiça e contaram com a quebra dos sigilos bancário e telefônico de Castro.
Na época, a defesa do governador afirmou que a operação “não traz nenhum novo elemento à investigação que já transcorre desde 2019” e que “reitera a confiança plena na Justiça brasileira”.
“Só o fato de haver medidas cautelares, quatro anos depois, reforça o que o governador Cláudio Castro vem dizendo há anos, ou seja, que não há nada contra ele, nenhuma prova, e que tudo se resume a uma delação criminosa, de um réu confesso, a qual vem sendo contestada judicialmente”, completou.
Cláudio Castro se une a outros seis governadores fluminenses que têm problemas a resolver na Justiça, cinco deles foram presos, todos estão soltos. Apenas Witzel não foi detido.
Confira a lista:
- Luiz Fernando Pezão (governador entre 2014 a 2018): preso em novembro de 2018, foi condenado por abuso de poder político e econômico por conceder benefícios financeiros a empresas como contrapartida a doações para a campanha eleitoral de 2014. Responde em liberdade.
- Sérgio Cabral (governador entre 2007 a 2014): preso em junho de 2017, foi condenado em 11 ações penais da Lava Jato e tem pena total de 233 anos e 11 meses de prisão Responde em liberdade.
- Anthony Garotinho (governador entre 1999 e 2002): preso 5 vezes desde que saiu do cargo, é acusado por crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. Responde aos processos em liberdade.
- Rosinha Garotinho (governadora entre 2003 e 2006): foi presa em novembro de 2017 junto com o marido por crimes eleitorais. Ficou presa por 1 semana. Foi condenada em janeiro de 2020, mas recorreu e responde ao processo em liberdade.
- Moreira Franco (governador entre 1987 a 1991): preso em março de 2019 em um desdobramento da operação Lava Jato, sob acusação de negociar o pagamento de propina, no valor de R$ 1 milhão, à Engevix em obras relativas à usina nuclear Angra 3. Permaneceu por 4 noites na cadeia e responde ao processo em liberdade.
Todos os governadores eleitos do Rio de Janeiro que ainda estão vivos foram presos ou afastados. Nilo Batista e Benedita da Silva, vice-governadores que ocuparam o cargo após a saída dos titulares, são os únicos que não respondem a processos judiciais.
* Informações da Gazeta do Povo e do Poder 360