Aneel aprova reajuste nas bandeiras tarifárias que chegam a até 50%

Alessandro encontrou alternativas para diminuir conta da tarifa de energia| Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Gustavo Luzzani

24/05/2019 - 05:05 - Atualizada em: 24/05/2019 - 14:30

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (21) um reajuste nos valores das bandeiras tarifárias amarela e vermelha, nos patamares 1 e 2, que passarão a valer a partir de 1º de junho. Os aumentos foram validados depois de uma audiência pública que recebeu 56 contribuições, sendo que 36% foram acatadas integralmente e 2% parcialmente.

O maior reajuste aconteceu na bandeira amarela, passando de R$ 1 a R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh), uma alta de 50%. A bandeira vermelha teve alta nos dois patamares – o primeiro passou de R$ 3 para R$ 4 a cada 100 kWh consumidos, alta de 33,3%, enquanto o patamar 2 passou de R$ 5 para R$ 6 por 100 kWh, aumento de 20%.

O gerente regional da Celesc (Centrais Elétricas de Santa Catarina), Wagner Vogel, diz que após o período de cheias, que vai até abril, foram feitas análises dos reservatórios brasileiros e diagnosticado que estavam com capacidade menor do que a Aneel previa para essa época.

De acordo com Vogel, o aumento evitará que a conta da bandeira tarifária fique no déficit em 2019, algo que aconteceu nos dois últimos anos: Em 2017, o déficit foi de R$ 4,4 bilhões e em 2018 de aproximadamente R$ 500 milhões.

“Esse aumento não visa lucro, mas veio para compensar os custos da geração”, destaca.

Este é o segundo reajuste dos valores do sistema de bandeiras tarifárias. Em outubro de 2017, a Aneel aprovou aumento de 42,8% no patamar 2 da bandeira vermelha e diminuiu em 100% o valor da bandeira amarela.

Alternativas para economizar

O sócio do salão de beleza Illuminé Alessandro de Jesus, 35 anos, destaca que o estabelecimento tem 11 cabeleireiras e todas utilizam um secador de 2,8 mil Watts, o que gera um alto consumo de energia. Por isso, o estabelecimento precisou encontrar alternativas para economizar.

“Colocamos lâmpadas de LED e energia solar para aquecer os lavatórios, onde geramos uma economia de 30% na conta final de energia”, relata.

Segundo Alessandro, o reajuste anunciado pela Aneel obrigará a fazer mais algumas mudanças de hábitos no Illuminé. Ele disse que vai trabalhar na conscientização dos profissionais para mudar alguns costumes de consumo.

“Estou avaliando instalar energia fotovoltaica, energia renovável com auxílio do calor da luz solar, mas esse segmento ainda é caro no Brasil”, completa.

Sistema de bandeiras

As bandeiras tarifárias foram criadas em 2015 para indicar o custo da energia gerada, deixando os consumidores cientes do aumento na energia e possibilitando a eles reduzirem o uso de energia quando necessário.

“Antes o consumidor pagava a energia o ano inteiro. As distribuidoras tinham prejuízo e aumentavam o valor da tarifa no ano seguinte. Com as bandeiras, essa avaliação virou mensal”, destaca Vogel.

O que molda o sistema de bandeiras é a quantidade de água armazenada em reservatórios. Quando existe uma quantidade grande de armazenamento, as usinas termelétricas não precisam ser ligadas e o custo de geração passa a ser menor – em momentos assim, a bandeira verde vigora e os consumidores não tem taxa a mais para pagar na tarifa.

Por outro lado, quando há pouca água, as termelétricas podem ser ligadas com a finalidade de poupar água nos reservatórios das usinas hidrelétricas, aumentando, assim, o custo da geração. A variação das bandeiras amarelas para vermelhas, nos patamares 1 e 2, vai depender da demanda que as termelétricas estarão sendo utilizadas.

Em maio está vigorando a bandeira amarela e na próxima semana a Aneel vai anunciar qual será a bandeira de junho.

Bandeira verde: geração térmica até R$ 211,28/MWh
Bandeira amarela: geração térmica de R$ 211,28/MWh a R$ 422,56/MWh
Bandeira vermelha – Patamar 1: geração térmica de R$ 422,56/MWh a R$ 610/MWh
Bandeira vermelha – Patamar 2: geração térmica igual ou maior a R$ 610/MWh

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