“Deixo o governo com o sentimento de que ajudamos a fazer um estado melhor”, diz Colombo

Por: Windson Prado

23/01/2018 - 15:01 - Atualizada em: 23/01/2018 - 19:05

Às vésperas de deixar o governo do estado para concorrer ao Senado Federal, Raimundo Colombo (PSD), conversou com exclusividade com a reportagem do Jornal de Joinville, veículo da Rede OCP News. O político fez uma avaliação dos sete anos que ficou à frente de Santa Catarina, e falou dos desafios econômicos vividos pelo governo estadual.

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Raimundo Colombo fica no comando do Estado até o próximo dia 16 de fevereiro, quando sai em licença para fazer um curso político no Partido Popular, na Espanha. Na volta, ele entrega definitivamente a cadeira de governador ao vice, Eduardo Pinho Moreira. A medida é necessária porque segundo a lei eleitoral, para concorrer a função de senador, é preciso que o candidato que ocupe função pública renuncie a seu mandato. A transição dos governos já está em andamento.

Confira a entrevista:

Jornal de Joinville (JJ): Nos dois mandatos em que o senhor esteve à frente do Estado como governador, o país passou por uma complexa crise econômica e política. Santa Catarina foi um dos Estados que conseguiu enfrentar bem estas dificuldades, conforme o senhor já declarou em outras oportunidades. Diante disso, qual o balanço que o senhor faz de seu governo, no que ser refere as questões econômicas?

Raimundo Colombo: O balanço é positivo porque vamos deixar um Estado melhor para os catarinenses. Nosso desafio foi administrar o resultado de três anos de queda no PIB (Produto Interno Bruto) e tomamos importantes medidas anticrise, entre elas: não aumentar impostos, que foi uma das decisões mais importantes; renegociar as dívidas do Estado com a União; e reformar a Previdência Estadual (Iprev-sc). O resultado palpável destas ações pode ser medido pelos indicadores sociais e pela geração de emprego. Estas foram medidas estratégicas pensando o presente e o futuro do Estado. Não adianta o governo ir bem e a sociedade estar mal, ser penalizada e perder empregos.

“Vamos deixar um Estado melhor para os catarinenses”, Raimundo Colombo | Foto James Tavares/Secom

JJ: Como o senhor avalia sua atuação junto as regiões de Joinville e Jaraguá do Sul, especificamente?

Colombo: Acho que o grande legado de uma gestão é criar um ambiente econômico que estimule a geração de emprego, porque o trabalho dá dignidade ao cidadão. Esse ambiente é a soma de investimentos que compreendem incentivos fiscais, obras de infraestrutura, energia, qualificação profissional. Nós fizemos isso: não aumentamos impostos para manter a economia aquecida. Prova disso é o bom desempenho do setor têxtil, expressiva força econômica da região, que em 2017 foi o segmento com maior crescimento recolhimento de ICMS no Estado (27,9%).

JJ: Para o senhor, quais foram os destaques em relação a obras e investimentos?

Colombo: Entre tantas obras estruturantes, podemos citar a duplicação da avenida Santos Dumont, em Joinville, com R$ 70 milhões em investimentos; o Contorno de Garuva, com outros R$ 35 milhões; mais de R$ 100 milhões em melhorias no Porto de São Francisco do Sul; e o Elevado da BR-280, entre Jaraguá do Sul e Guaramirim; com mais R$ 40 milhões; entrega de novas escolas, como as de Araquari, Barra Velha, Jaraguá, Joinville e Massaranduba; além de melhorias nos hospitais da região, entre tantas outras ações.

Governador esteve em Jaraguá do Sul no mês de novembro para a inauguração da revitalização da SC-110, entre Jaraguá do Sul e Pomerode | Foto James Tavares/Secom

 JJ: O senhor fecha o governo colocando em prática tudo o que desejava?

Colombo: Sim, conseguimos, e mesmo diante de um cenário de crise, no meio do furacão. Conseguimos honrar nossos compromissos, manter o equilíbrio das contas, o bom ritmo dos investimentos, enquanto muitos outros Estados passaram por situações bem diferentes. A gestão pública é sempre desafiadora porque não basta ter boa vontade para realizar uma obra, existe uma legislação muito pesada e, às vezes, uma obra que poderia ser realizada em um ano leva quatro para ser concluída. Os órgãos de controle e fiscalização ainda colocam muitos obstáculos. É um desafio todo dia. É preciso ter paciência e muita dedicação para alcançar os objetivos. Mas conseguimos importantes avanços que merecem ser comemorados.

JJ: O governo tem tido certa dificuldade para tratar das questões financeiras na Saúde. Principalmente em relação aos hospitais do Estado que hoje são geridos por Organizações Sociais, como o Hospital Infantil de Joinville. A falta de recursos é uma das maiores dificuldades da pasta?

Colombo: A promoção da saúde pública em Santa Catarina é prioridade do governo do Estado. Dos mais de 180 hospitais ativos em Santa Catarina vinculados ao SUS (Sistema Único de Saúde), 128 são de gestão estadual, sendo que 13 são de administração própria da Secretaria de Estado da Saúde. É um setor de extrema complexidade, mas é necessário reconhecer grandes conquistas concretizadas.

JJ: Quais foram as principais conquistas, na opinião do senhor?

Colombo: Temos um sistema que é líder nacional em transplantes de órgãos, temos a menor taxa de mortalidade infantil e a maior expectativa de vida, somos referência na adoção de novas tecnologias como a telemedicina e melhorias, reformas e ampliações são realizadas constantemente em diferentes regiões do Estado. Mesmo diante de desafios como a crise econômica no cenário nacional, a crescente demanda por novos serviços e a defasagem nos repasses federais pelo SUS, o sistema catarinense continuou funcionando. A crise econômica e queda de arrecadação agravam a situação, ao mesmo tempo a demanda pelos serviços está aumentando significativamente, com a migração de usuários de planos particulares para a rede pública.

JJ: Como o senhor recebeu a avaliação do Portal G1, que colocou o governo Colombo como o terceiro que mais cumpriu as promessas de campanha?

Colombo: Estamos conseguindo fazer de Santa Catarina um Estado mais justo, mais igual e com mais oportunidades para nossa gente. E os resultados conquistados até agora são muito positivos. Este levantamento mostra que Santa Catarina enfrentou com sucesso a crise e isso é muito bom. O ano de 2017 foi difícil, com muitos desafios, mas a nossa equipe, a sociedade catarinense, o setor privado e as prefeituras cumpriram bem o seu dever. Temos a menor desigualdade de renda entre as famílias porque temos a menor taxa de desemprego do país, uma excelente escolaridade e uma economia equilibrada entre as regiões. Santa Catarina também foi reconhecido como o segundo Estado mais competitivo do país, atrás apenas da potência São Paulo, de acordo com ranking promovido pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a Economist. Em seis anos de ranking, Santa Catarina galgou cinco posições, pulando do sétimo lugar em 2011 para o segundo em 2017. Estamos conseguindo manter uma boa qualidade de vida para as pessoas. Em 2018, os desafios continuam. Há muita coisa para vencer, mas estamos preparados e Santa Catarina vai continuar sendo referência para o Brasil. Eu não dúvido que vamos crescer bem acima da média como aconteceu neste último ano.

 

Eduardo Pinho Moreira com o governador Raimundo Colombo | Foto Divulgação

JJ: Como o senhor espera que Pinho Moreira conduza seu legado neste último ano?

Colombo: Eduardo esteve junto na administração e conhece todas as demandas e as alternativas técnicas, financeiras e administrativas do governo. Será uma transição tranquila. É lógico que ele vai impor um estilo pessoal. E no que eu puder, eu ajudarei.

 

JJ: Para o senhor, qual é importância de Santa Catarina ter um futuro senador com a experiência de governador. Como o senhor acredita que poderá ajudar o Estado neste novo desafio, que é o senado?

Colombo: Acho que teremos nos próximos anos muitas mudanças no Brasil, mudanças difíceis e profundas, mas necessárias. Será preciso agir com bom senso e equilíbrio. Minha experiência construída ao longo de anos, em diferentes cargos em Santa Catarina e em Brasília, me permite achar que posso ser útil. Agora vai depender da vontade do povo de Santa Catarina.