Passados menos de quatro meses do início do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve sua primeira baixa ministerial. O chefe do executivo não conseguiu segurar a pressão contra o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalvez Dias, e o militar renunciou ao cargo nesta quarta-feira (19).
A saída de Dias ocorre após a divulgação de imagens pela CNN, mostrando Dias no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra os Três Poderes em 8 de janeiro.
Quando assumiu o Palácio do Planalto pela primeira vez, em 2003, Lula demorou um ano inteiro para promover a primeira mudança em sua equipe.
À época, o petista demitiu Miro Teixeira (então no PDT) do Ministério das Comunicações para promover uma reforma ministerial e atender a demandas de outros partidos.
Não é a primeira crise ministerial de Lula. Antes de Gonçalves Dias, também foram alvo de intensa pressão pública os ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Daniela Carneiro (Turismo), mas os dois conseguiram se manter no cargo.
Segundo a CNN, aliados do presidente dizem ser do perfil de Lula evitar “queimar” seus ministros e demiti-los diante de pressões públicas que eles eventualmente venham a sofrer.
Em 2005, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, homem forte do primeiro governo Lula, pediu demissão ao presidente após dias de desgaste em meio ao escândalo do mensalão.
Dirceu foi substituído por Dilma Rousseff (PT), que, quando assumiu a Presidência da República, adotou uma posição diferente de Lula e não teve relutância em mandar embora ministros se houvesse indícios de algum ilícito.
Apesar da diferença de perfil, Dilma levou mais tempo para perder seu primeiro ministro, Antônio Palocci, então da Casa Civil. Ele caiu após 158 dias, em meio à reportagens demonstrando um aumento incompatível de seu patrimônio ao longo dos anos.
O recorde da queda mais rápida foi no governo de Michel Temer: Romero Jucá, do Planejamento, foi dispensado após apenas 12 dias, após o vazamento de áudios de uma conversa com o ex-presidente da Transpetro.
No governo Bolsonaro, a primeira queda foi de Gustavo Bebianno, da Secretaria Geral da Presidência da República. Um dos principais nomes na campanha que levou o então deputado federal do baixo clero à Presidência da República, Bebianno foi demitido por causa da revelação de um esquema de candidaturas laranja no PSL (partido ao qual o presidente era filiado na época) e de desgastes com a família Bolsonaro. O político faleceu em 2020, por conta de um infarto fulminante.
Veja quando cada gestão teve sua primeira baixa:
- Luiz Inácio Lula da Silva (2023) – Gonçalves Dias – 19 de abril de 2023 (109 dias)
- Jair Bolsonaro (2019) – Gustavo Bebianno – 18 de fevereiro de 2019 (49 dias)
- Michel Temer (2016) – assumiu em 12 de maio – Romero Jucá – 23 de maio de 2016 (12 dias)
- Dilma Rousseff (2011) – Antonio Palocci – 7 de junho de 2011 (158 dias)
- Lula (2003) – Miro Teixeira – 1º de janeiro de 2004 (366 dias)
- Fernando Henrique Cardoso (1995) – Roberto Muylaert – 2 de abril de 1995 (92 dias)
- Itamar Franco (1992) – Gustavo Krause – 16 de dezembro de 1992 (76 dias)
- Fernando Collor (1990) – Bernardo Cabral – 13 de outubro de 1990 (212 dias)