“Preocupante” dizem Moro e Associação de Rádio e TV sobre ação do MPF contra Jovem Pan

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Por: Pedro Leal

28/06/2023 - 08:06 - Atualizada em: 28/06/2023 - 08:42

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) classificou nesta terça-feira (27) como “muito preocupante” a ação apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) que pede o cancelamento de três concessões públicas de rádio do grupo Jovem Pan.

As informações são do portal G1 e da Gazeta do Povo.

Apresentada pelo MPF à Justiça Federal de São Paulo na última segunda (26), a ação argumenta que a Jovem Pan “praticou, ao menos entre janeiro de 2022 e janeiro de 2023, sistemáticos e multifacetados abusos à sua liberdade de radiodifusão”.

O órgão argumentou que foram veiculados “conteúdos desinformativos sobre o funcionamento de instituições públicas nacionais, e conteúdos incitatórios à violência e à ruptura do regime democrático brasileiro”.

“Por conta disso, é impositivo que sejam canceladas as outorgas de rádio atualmente detidas pela JOVEM PAN, que ela seja obrigada a indenizar a sociedade brasileira pelos graves danos morais coletivos causados, e que ela seja obrigada a veicular, em sua estrutura, direito de resposta à população”, escreveu.

Antes da condenação ao cancelamento das concessões, o MPF pede que a Justiça Federal obrigue a Jovem Pan a exibir conteúdos produzidos pela União a respeito da “confiabilidade dos processos democráticos”.

Moro

A entidade não foi a única a expressar preocupação com a ação. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) criticou nesta terça-feira (27) a ação do Ministério Público Federal (MPF) que pede o cancelamento de três concessões de rádio outorgadas à Jovem Pan.

Os procuradores acusam a emissora de promover “desinformação em larga escala”. O parlamentar afirmou que a iniciativa do MPF “representa um risco autoritário”.

Para o ex-juíz da Lava Jato, “eventuais abusos ou excessos devem ser resolvidos por multa ou indenização”.

O MPF também pede que a Jovem Pan seja multada em R$ 13,4 milhões por “danos morais coletivos pelos conteúdos veiculados”, segundo a ação.

“A ação de alguns procuradores do MPF na qual pedem o cancelamento judicial de outorgas de radiodifusão da Jovem Pan viola a liberdade de imprensa e representa um risco autoritário. Eventuais abusos ou excessos devem ser resolvidos por multa ou indenização”, disse o senador no Twitter.

Leia a íntegra do posicionamento da Abert:

“A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) considera muito preocupante a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal (MPF), que solicita o cancelamento das outorgas concedidas à rádio Jovem Pan News.

O cancelamento de uma outorga de radiodifusão é uma medida extrema e grave, sem precedentes em nosso Estado Democrático de Direito.

A liberdade de programação das emissoras é fundamental para o livre exercício do jornalismo e para a existência do pluralismo de opinião, que devem ser sempre preservados.

A ABERT estará vigilante na defesa da liberdade de expressão e de imprensa e acompanhará os desdobramentos da ação.”

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).