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Posicionamento de Lula quanto à Ucrânia preocupa embaixadores, diz CNN

Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) gerou novas crises nos últimos dias | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

18/04/2023 - 13:04 - Atualizada em: 18/04/2023 - 13:43

O posicionamento “apaziguador” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à guerra na Ucrânia pode afastá-lo de líderes estrangeiros e reduzir o diálogo do Brasil com a comunidade internacional, segundo avaliações de embaixadores de países ocidentais lotados em Brasília – a informação é da CNN.

A emissora conversou reservadamente com três chefes de representações diplomáticas na capital brasileira e ouviu palavras como “irritantes”, “decepcionantes” e “infelizes” para descrever as falas de Lula.

Segundo a CNN, há concordância entre os embaixadores quanto à vitória de Lula nas eleições – bem vista no exterior – e quanto ao retorno do país para o cenário internacional – Lula teria crédito acumulado por suas gestões anteriores em três áreas-chave: defesa da democracia, respeito aos direitos humanos, proteção da Amazônia/combate às mudanças climáticas.

No entanto, para eles, Lula estaria ainda atado ao passado. Segundo um embaixador europeu, “O mundo de 2023 não é o mundo de 2003 ou de 2010, que aceitava e até pedia uma presença maior do Brasil. Hoje o ambiente global é de divisão geopolítica e o espaço para protagonismo do Brasil, até pela perda de importância econômica, é menor”. O embaixador apontou também que Lula precisa “escolher” entre ocidente e China, e que o petista parece já ter feito sua escolha: Lula esteve em Washington e não criticou a China, mas aproveitou sua ida a Pequim para atacar os Estados Unidos e insinuar que a Casa Branca prolonga intencionalmente o conflito na Ucrânia.

O consenso entre os diplomatas é que essa postura não põe em risco o relacionamento econômico e comercial do Brasil com seus países, mas dificulta o trabalho de aprofundamento das relações e a abertura de novas frentes de parcerias.

As críticas mais duras surgem quando se comenta a aproximação de Lula e seus auxiliares com a Rússia. A viagem discreta de Celso Amorim ao Kremlin e a passagem do chanceler russo Sergei Lavrov por Brasília deixaram a comunidade internacional em alerta.

Para os diplomatas ouvidos pela CNN, as declarações recentes desabilitam o Brasil da condição de potencial facilitador de um processo de paz, por suposto desequilíbrio no tratamento dado à Ucrânia.

“Se o Brasil se alinhar às visões russas sobre a guerra, não haverá a menor possibilidade de participação em qualquer processo de paz”, disse um embaixador, segundo a CNN. Ele adiciona que a postura de Lula parece ser “da boca para fora”: segundo o diplomata, Lula estaria acenando com um discurso mais antiamericanista para agradar setores da esquerda brasileira, mas sem acreditar em todas as declarações que faz.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).