Plenário | Sem imposto sindical, sindicatos locais começam a fazer ajustes e a demitir

Por: Elissandro Sutil

29/11/2017 - 14:11 - Atualizada em: 29/11/2017 - 14:13

Sem o imposto sindical, extinto com a reforma trabalhista, as entidades de representação dos trabalhadores começaram a diminuir seus quadros. No país, a alteração já forçou centrais e sindicatos a se adaptarem aos novos tempos de vacas magras. Eles têm demitido, vendido ativos e até mesmo organizado planos de demissão voluntária (PDV) para se adequar a uma perda calculada em um terço da receita. Até 2018, a estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) é de que 100 mil trabalhadores diretos e indiretos devem ser afetados. A estrutura sindical reúne cerca de 300 mil trabalhadores no Brasil.

Na região, a movimentação em busca de adaptação à nova realidade também começou. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuário de Jaraguá do Sul e Região (STIV), que representa 25 mil trabalhadores na microrregião, foi o que mais sentiu, ou se preveniu, por enquanto, das mudanças causadas pelo fim do imposto sindical. Dos 17 funcionários da entidade, incluindo dirigentes, dez foram desligados, segundo informa o presidente Gildo Alves, que diz que agiu com prudência.

“Decidimos fazer assim para evitar que a situação se agrave. Neste momento, temos recursos para pagar todas as rescisões. Depois, não sabemos como vai ficar. A situação exige medidas drásticas. Agora mesmo estou voltando de Guaramirim onde fechamos nossa subsede, não tem outra saída. Daqui para frente o trabalhador vai ter que decidir o que quer. Se achar que o sindicato não é importante, nós vamos ter que respeitar. Mas sem estrutura é impossível trabalhar”, diz Gildo.

O imposto sindical representa 30% da receita para os vestuaristas, assim como para a maioria das entidades. O restante vem do pagamento de 1% do salário dos seis mil associados, em média R$ 22, e da contribuição confederativa paga uma vez ao ano pelos trabalhadores que permitem o desconto no salário quando da convenção salarial.

Outra realidade vive o Sindicato dos Servidores Públicos Municipal de Jaraguá do Sul e Região (Sinsep), que representa cerca de sete mil trabalhadores na microrregião. A estrutura é enxuta, são seis funcionários, incluindo dois dirigentes, segundo o presidente Luiz Cesar Schorner. “Por enquanto, não haverá mudanças. Fizemos um orçamento bem realista para o próximo ano, prevendo de receita apenas as mensalidades”, diz.

Para Silvino Volz, presidente do sindicato dos trabalhadores da indústria metal mecânica, que representa cerca de 20 mil trabalhadores na microrregião, é cedo para ter certeza do que vai acontecer. O fim do imposto sindical representa cerca de R$ 850 mil a menos por ano. Os 15 funcionários da entidade, incluindo três dentistas, serão mantidos em 2018, graças ao caixa que foi feito para “esse momento de turbulência”, entretanto, depois desse período de transição será necessário, segundo o dirigente, entender qual será o futuro das entidades representativas de classe.

“Quem vai definir que tamanho de sindicato quer é o trabalhador. Teremos que repensar nossa atuação. O mundo mudou, o mercado de trabalho está cheio de jovens que não têm mais interesse na atuação tradicional do sindicato”, avalia. De filiados, a entidade tem aproximadamente 3,8 mil trabalhadores, apenas 19%, número considerado baixo pelo próprio presidente. Como receita, o sindicato recebe 1% do salário dos associados ao mês e outros 4% ao ano, divididos em duas vezes como título de contribuição assistencial.

Essa taxa é paga por cerca de 30% a 40% dos trabalhadores do setor. O sindicato tem de patrimônio uma recreativa e duas sedes, a última foi inaugurada em agosto desse ano em Guaramirim, representando um investimento de aproximadamente R$ 2 milhões, que já foram completamente quitados, segundo Volz.

Presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Jaraguá do Sul e Região, Ana Roeder chama as mudanças de antirreforma e diz que a situação é grave. O imposto sindical representava 50% da renda da entidade, calcula ela, cerca de R$ 470 mil ao ano. O fim da taxa refletiu no fechamento da subsede em Guaramirim e no desligamento do funcionário que lá atuava, além da demissão de um funcionário em Jaraguá do Sul. Com isso, restaram três dirigentes e um funcionário.

“É muito triste, mas é melhor demitir agora que temos dinheiro para as rescisões do que esperar sem saber o que vai acontecer”. Os outros 50% da receita são compostos pelas mensalidades dos 1,7 mil filiados, dos oito mil trabalhadores do setor na região, e da contribuição confederativa quando da negociação salarial.

Outra escola terá ensino integral

A Secretaria de Educação do Estado divulgou a lista de 20 escolas da rede que passarão a adotar o modelo de ensino integral em 2018. De Jaraguá, a escolhida foi a Holando Marcelino Gonçalves, na Ilha da Figueira. A Heleodoro Borges já atua com o horário estendido e tem colhido bons resultados. Assim como no ano passado, os critérios de escolha das novas escolas que terão ensino médio em tempo integral são definidos pelo Ministério da Educação. Os requisitos contemplam questões relativas à própria infraestrutura até a vontade da comunidade.

Procura intensa para a biometria

Quem passou pelo Cartório Eleitoral nos últimos dias percebeu que a fila para realização do cadastro biométrico está tomando a parte lateral do prédio. Horários para agendamento não existem mais, foram todos preenchidos. O mutirão encerra na quinta-feira, dia 7. Quem deixou para última hora vai ter que ter paciência, ou então aguardar para regularizar a situação depois do dia 11. A biometria poderá ser feita até abril de 2018, quando acaba o prazo para que os eleitores façam seus acertos com a Justiça Eleitoral.

“Canela de vidro” na eleição

A disputa por uma vaga na majoritária do próximo ano tem agitado os bastidores políticos em Santa Catarina. Em agenda no fim de semana, Mauro Mariani, pré-candidato pelo PMDB, declarou que até poderia ceder a vaga para Dário Berger ou Eduardo Pinho Moreira, mas não “para aquele que não faz partido, que não corre o Estado, que é canela de vidro, que não entra em campo para disputar a bola”. A referência foi ao prefeito de Joinville, Udo Döhler, que à coluna revelou não estar completamente fora do jogo.

LEIA MAIS:

Plenário | “O PMDB me fez chamamentos e eu atendi”, avalia Udo Döhler 

Desserviço aos eleitores

Outra declaração que repercutiu esta semana foi a do deputado federal Esperidião Amin (PP), que disse que não teria nenhuma dificuldade em abrir mão da cabeça de chapa nas eleições do ano que vem para governador. E completou, afirmando que a disputa entre ele e Paulo Bauer (PSDB) seria um “desserviço aos eleitores” porque ambos têm projetos parecidos. Amin e Bauer dividem até aqui a preferência do eleitor, segundo pesquisa do Instituto Mapa divulgada na semana passada.

Observatórios sociais 
O presidente da rede de Observatórios Sociais do Brasil, Ney da Nóbrega Ribas, estará em Jaraguá do Sul no dia 12 de dezembro para uma palestra de sensibilização com o objetivo de instalação no município de uma estrutura semelhante a de outras regiões. O evento vai ocorrer às 19h30, no Centro Empresarial.

Choque de capitalismo
O PSDB nacional lançou documento de 15 páginas que servirá de base para campanha presidencial do próximo ano, defendendo um ”choque de capitalismo”, as reformas previdenciária e tributária, as privatizações e a meta de dobrar a renda per capita em 20 anos. Os tucanos ainda fazem duras críticas ao PT, dizendo que pelo populismo e irresponsabilidade, as gestões petistas exauriram o legado da gestão de FHC, “afundando o país na mais profunda e longa recessão da história”. Pois é, 2018 já começou.