Plenário | “Eu já estava dando recado da insatisfação”, justifica Mariani sobre NÃO a Temer

Foto: Eduardo Montecino/OCP Online

Por: Elissandro Sutil

26/10/2017 - 14:10 - Atualizada em: 27/10/2017 - 18:16

Depois de pedir a renúncia da Executiva Nacional do PMDB, o deputado federal catarinense Mauro Mariani (PMDB) votou a favor da investigação contra o correligionário, presidente Michel Temer, denunciado pela Procuradoria-Geral da República por obstrução de justiça e organização criminosa. Com o placar de 251 a 233, a votação dessa quarta-feira (25), acabou barrando a denúncia, que envolve também os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco.

Mariani votou contra a primeira denúncia por entender, segundo ele, que a troca de comando prejudicaria a retomada econômica, mas agora, diz, surgiram elementos mais graves e fundamentados envolvendo a presidência e a cúpula do Executivo.

Em entrevista à coluna, o presidente estadual do PMDB avaliou a votação e disse acreditar que é um erro insistir na Reforma da Previdência.

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Patricia Moraes – Deputado, como explica a mudança de voto de uma denúncia para outra?

Mauro Mariani – Você sabe e todo mundo sabe que eu já estava dando recado da insatisfação do partido em Santa Catarina. Eu já tinha defendido publicamente a renúncia da cúpula nacional. Mas os caras fecharam os olhos e ouvidos. O cenário também mudou bastante de lá para cá. O PMDB é um partido com mais de dois milhões de filiados. Será que não tem meia dúzia capaz de assumir o comando nacional? São sempre os mesmos, desde que o partido virou governo, e isso faz tempo. Esteve com Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Não dá. Chega um momento em que é preciso bater na mesa. No momento da primeira denúncia, o Brasil precisava se restabelecer e agora estamos saindo da crise e notadamente a economia descolou da política.

O senhor não teme represálias?

O governo vinha fazendo ameaças. Não tem problema. Não nasci em noite de tormenta e nem tenho medo de cara feia. E eu venho cobrando do governo verba para BR-280 e 470 há tempo. Falo, cobro, faço reunião, mostro dados. Mas para Santa Catarina tudo é difícil. Nunca tem dinheiro. Fazem o mínimo, para não dizer que a obra parou. Engraçado que para o Dória tem dinheiro, para o Rio de Janeiro fizeram uma plano especial, agora para uma agenda de eventos vão ser R$ 200 milhões. Não pode ser assim, os catarinenses sempre ficam no prejuízo.

Deputado, uma das leituras que se faz é que o placar mostra que o governo Temer não vai ter voto para aprovar a Reforma da Previdência.

Isso eu venho falando faz tempo. E vem cá, será que esses deputados que estão aí têm legitimidade para fazer alguma mudança? Será que não é mais prudente esperar? Que reforma é essa que o governo quer fazer? O governo encaminhou o debate errado, misturou números. Não podemos prejudicar o trabalhador comum, o que precisa ser feito é acabar com os privilégios. Esse debate precisa ser feito de maneira franca com a sociedade, não assim. E a eleição é um bom momento para isso.

É mais fácil aprovar a Reforma Tributária?

Sim, é mais fácil. Em tese, ninguém é contra, mas vamos ser sinceros, o diabo mora no detalhe. A hora que começar a esmiuçar isso, vai ter prefeito que acha que o município tem que ter mais verba, vai ter governador querendo mais e é preciso saber de onde vão vir os recursos. O primeiro debate que precisa ser feito é qual o tamanho ideal do Estado, qual o resultado dessa conta e de onde vão vir os recursos. Mas acredito que possa ser feito algo para desafogar a economia e preparar o caminho para 2018.

Como anda o debate sobre a eleição, seu nome foi definido como pré-candidato do PMDB?

Tranquilo, muito tranquilo. Não temos divergência, mas falta um ano ainda. O PMDB de Santa Catarina foi construído na luta e é por isso que temos que lutar por mudanças nacionais no partido. Não podemos deixar que um filiado de Corupá, de Jaraguá, nosso se envergonhe por culpa de meia dúzia.

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