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PF não divulga operação sobre ligação entre o caso Adelio e o PCC autorizada pela Justiça

Divulgação

Por: Pedro Leal

19/04/2023 - 15:04 - Atualizada em: 19/04/2023 - 15:39

A Polícia Federal realizou no mês passado, já no governo Lula (PT), uma operação com busca e apreensão para tentar avançar na apuração sobre uma suposta relação da facção criminosa PCC com o pagamento da defesa de Adélio Bispo de Oliveira no caso da facada contra Jair Bolsonaro, em 2018.

A operação foi autorizada pela Justiça Federal em Juiz de Fora (MG), mirando em um dos advogados que atuaram para Adélio – as informações são da Folha de São Paulo.

O periódico aponta que, ao contrário do que ocorre na maior parte dos casos, a deflagração não foi divulgada pelo setor de comunicação da PF – o silêncio quanto à operação viria da direção do órgão, que vê como inconsistente a linha de investigação, além de pressão bolsonarista no caso.

A apuração da PF gira em torno de pagamentos feitos por suspeitos de integrar a facção para um dos advogados, realizados dois anos depois do atentado.

Na operação do mês passado, as medidas, seis mandados de busca e apreensão, foram cumpridas no mesmo dia de outra operação realizada pela PF em Minas Gerais, contra traficantes, em 14 de março.

A autorização das buscas foi dada no dia 11 de novembro, após o fim da eleição presidencial. A ação gira em torno de pagamentos fracionados de R$ 315 mil realizados em 2020 para uma empresa no nome de Fernando Magalhães, um dos advogados da banca que defendeu Adélio até o final de 2019.

Segundo o delegado responsável pelo caso, uma possível ligação com a facada se daria pelo fato de esses valores serem próximos ao citado por Zanone Oliveira Júnior, advogado da banca que liderava a defesa, como sendo o custo máximo final caso eles seguissem até eventual chegada do processo ao STF (Supremo Tribunal Federal).

Na época, Zanone apontou para um custo de de R$ 150 mil a R$ 300 mil.

“É razoável inferir que o pagamento fracionado de R$ 315 mil tenha constituído auxílio prestado pela referida facção para o custeio dos honorários dos advogados do autor do atentado, lançando mão dos recursos movimentados pelo citado Setor das Ajudas do PCC”, afirma o juiz do caso, Bruno Savino, em sua decisão.

Outra evidência apontada pelo delegado Martin Bottaro, responsável pela operação, é o registro no livro-caixa de Zanone de um pagamento de R$ 25 mil e a rubrica “caso Adélio”. Haveria também um grupo de troca de mensagens entre os advogados no aplicativo WeChat com o nome “Adélio PCC”.

Internamente, na Polícia Federal, o sigilo na operação do mês passados seria “necessário para evitar o prejuízo na investigação ainda em andamento”. Mas segundo a Folha de São Paulo, se daria também, pelo fato da atual cúpula da PF discordar da linha seguida pelo delegado Martin Bottaro.

Para integrantes da direção da PF, os indícios levantados não sustentam a tese da ligação do PCC com o caso da facada.

De acordo com pessoas da cúpula, ao focar na suposta relação da facção criminosa com um dos advogados de Adélio, o delegado do caso deixou de lado uma investigação maior.

Esse movimento, para a direção da PF, está relacionado com o período sob a influência do governo de Jair Bolsonaro.

Zanone e seus sócios deixaram a defesa no final de 2019 e até hoje sustentam ter recebido R$ 5.000 de um patrocinador em relação ao qual nunca revelaram o nome. Para investigadores da PF que participaram do início das investigações, porém, a hipótese provável é que eles tenham assumido a causa de graça, apenas em troca da notoriedade do caso.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).