A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou um leve recuo de acordo com a nova pesquisa da Quaest de avaliação do governo divulgada nesta quarta (16). O levantamento mostra um cenário semelhante ao apontado pela AtlasIntel/Bloomberg na véspera, de que o governo conseguiu capitalizar ganhos políticos com a taxação de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros.
No entanto, mesmo com o recuo, a desaprovação a Lula ainda é maior que a aprovação pelo sétimo mês consecutivo, o que mostra uma dificuldade do governo em conseguir recuperar a popularidade do presidente:
- Desaprova: 53%, ante 57% em maio (última pesquisa);
- Aprova: 43%, ante 40%;
- Não sabe/não respondeu: 4%, ante 3%.
A Quaest ouviu 2.004 pessoas entre os dias 10 e 14 de julho em 120 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com grau de confiança de 95%.
Assim como mostrou o levantamento da AtlasIntel/Bloomberg na terça (15), a leve queda da desaprovação de Lula se deu por conta da reação ao tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil na semana passada. Desde então, tanto o governo como parte da oposição saíram em uma campanha de defesa da soberania do país, utilizando principalmente os impactos econômicos que a medida pode acarretar ao setor produtivo.
Para a maioria dos entrevistados pela Quaest (79%), a taxação aos produtos brasileiros vai prejudicar a vida das famílias brasileiras, enquanto que apenas 17% não veem essa possibilidade. Esta constatação é unânime em todos os posicionamentos políticos dos entrevistados, sejam aqueles eleitores de Lula, do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou de centro.
Também é maioria (63%) os que acreditam como incorreta a afirmação de Trump de que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é injusta, enquanto que 25% veem como correta. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores e do próprio governo norte-americano, a balança comercial entre os dois países é mais vantajosa para os Estados Unidos do que para o Brasil.
Na mesma linha, 72% consideram que Trump está errado em impor o tarifaço ao Brasil por uma perseguição política a Bolsonaro no processo da suposta tentativa de golpe de Estado. Além das questões comerciais, este foi um – o primeiro – dos argumentos do líder norte-americano para sobretaxar o Brasil.
Para Trump, a Justiça brasileira estaria fazendo uma “caça às bruxas” a Bolsonaro. Apenas 19% dos entrevistados pela Quaest consideram que ele está fazendo certo em taxar o Brasil por esse motivo.
A pesquisa da Quaest também apurou que 57% dos entrevistados acreditam que Trump não tem o direito de criticar o processo em que Bolsonaro é réu, enquanto que 36% acreditam que sim. Neste recorte do levantamento, a maioria dos que acreditam que sim (58%) se declaram eleitores de Bolsonaro, enquanto que 70% dos lulistas reprovam a crítica do presidente norte-americano.
Ainda de acordo a Quaest, os motivos para o tarifaço de Trump segundo os entrevistados vão além e apontam o Brics, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e ações contra big techs americanas:
- Falas de Lula durante a Cúpula do Brics contra Trump: 26%;
- Ações do STF contra Bolsonaro: 22%;
- Influência do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos: 17%;
- Ações do STF contra big techs americanas: 10%;
- Não sabe/não respondeu: 25%.
As falas de Lula contra Trump na Cúpula do Brics são vistas como motivo para provocação por 55% dos entrevistados na pesquisa, contra 31%. O presidente brasileiro criticou o tarifaço de Trump contra outros países, acusando-o de querer enfraquecer o multilateralismo da econômica mundial para forçar negociações unilaterais.
Apesar disso, 53% dos entrevistados veem que Lula está certo em reagir com reciprocidade às tarifas de Trump, contra 39% dos que consideram errado. O presidente regulamentou, por decreto, a legislação aprovada pelo Congresso que permite ao Brasil reagir a medidas unilaterais de outras nações que afetem a economia do país.
A Quaest apontou também que 44% dos ouvidos acreditam que Lula e o PT estão fazendo certo neste embate com Trump, enquanto que 29% veem uma atitude correta de Bolsonaro e seus aliados. Por outro lado, 59% dos entrevistados acreditam que o presidente norte-americano vai manter a taxação ao Brasil, enquanto que 31% são mais otimistas e acreditam num recuo.
Essa diferença de posicionamentos, no entanto, é aprovada por apenas 9% dos entrevistados pela Quaest, enquanto que 84% acreditam que governo e oposição deveriam se unir em torno da defesa do Brasil contra o tarifaço de Trump.
*Com informações da Gazeta do Povo.