Não temos alternativa que não seja a união, diz Lula ao assumir presidência do Mercosul

Puerto Iguazú, Argentina, 04.07.2023 – Presidente Lula é recebido pelo Presidente da República Argentina, Alberto Fernández, na Cúpula de Chefes e Chefas de Estado do MERCOSUL. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por: Pedro Leal

04/07/2023 - 13:07 - Atualizada em: 04/07/2023 - 13:14

Ao assumir a presidência temporária do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou nesta terça-feira (4) que o mundo se encontra cada vez mais complexo e desafiador e que nenhum país resolverá seus problemas sozinho nem pode permanecer alheio ao que chamou de grandes dilemas que vive a sociedade.

“Não temos alternativa que não seja a união. Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa. Diante das guerras que trazem destruição, sofrimento e empobrecimento, cumpre falar de paz. Em um mundo cada vez mais pautado pela competição geopolítica, nossa opção regional deve ser a cooperação e a solidariedade.”

Em seu discurso, Lula citou o aumento do ódio, da intolerância e da mentira na política e classificou como urgente renovar o compromisso histórico do Mercosul como Estado de direito. “Como presidentes democraticamente eleitos, temos o desafio de enfrentar todos os que tentam se apropriar e perverter a democracia, estou convicto que a construção de um Mercosul mais democrático e participativo é o caminho que temos que trilhar.”

No discurso, Lula também citou países com discussões já em andamento sobre acordos comerciais, além de novas frentes de negociação.

“Partindo dessas premissas, vamos revisar e avançar nos acordos em negociação com Canadá, Coreia do Sul e Singapura. Vamos explorar novas frentes de negociação com parceiros como a China, a Indonésia, o Vietnã e com países da América Central e Caribe”, afirmou.

Ao abrir a 62ª Cúpula do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e Países Associados, em Puerto Iguazú, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, comentou a transferência da presidência pro-tempore para o Brasil pelos próximos seis meses.

“Não quero esconder o enorme carinho e a profunda admiração que sinto por ele [Lula]. Foi vítima de perseguição e injustiça. Mas o povo brasileiro soube reparar esse dano dando a liderança dessa nação-irmã. Querido amigo, desejo o melhor. Você merece. Sermos membros desse bloco que nos fortalece. Sem ele, em um cenário internacional de países que constituem enorme blocos econômicos, seríamos mais fracos e pequenos. Vamos ser fortes, defendendo os nossos interesses.”

Lula também voltou a defender a adoção de uma moeda comum, que não o dólar, para transações comerciais entre países do Mercosul. Segundo o presidente, o motivo é diminuir o impacto que as flutuações da moeda norte-americana nos países da América do Sul.

“A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir custos e facilitar ainda mais a convergência”, afirmou.

“Falo de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, continuou.

Da Agência Brasil, com informações adicionais do G1.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).