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Na Alesc, Caco Barcellos traz reflexões sobre a forma como a violência é tratada no Brasil

Foto: Jeferson Baldo/Agência AL

Por: Ewaldo Willerding Neto

24/10/2025 - 10:10

A palestra com o jornalista Caco Barcellos encerrou o seminário “Comunicação que Protege”, realizado pelo Comitê Integra, na tarde desta quinta-feira (23), na Assembleia Legislativa, para tratar do papel da imprensa na prevenção da violência escolar. Ele apresentou suas considerações sobre como a violência é abordada pela imprensa e pela sociedade, e compartilhou experiências na cobertura policial.

Barcellos alertou para a importância do jornalista e do jornalismo refletirem sobre as informações que são repassadas ao público em casos de violência, de tal forma que isso não prejudique ainda mais vítimas e testemunhas ou venha estimular novas ocorrências. Ele lembrou da importância do bom senso na definição sobre o que deve ser noticiado. “Já é consenso que não se deve divulgar o nome do criminoso e ter cuidado com a exposição da imagem dele”, lembrou.

Reflexão sobre o impacto da notícia

Ao comentar sobre o número de homicídios registrados em Santa Catarina no ano passado – 449 casos -, Barcellos destacou que apenas 6% deles foram praticados por bandidos. “Geralmente se divulga o que chama a atenção do público, o que dá audiência. Temos que refletir sobre isso, se isso não é um desserviço”, completou.

O palestrante questionou como num país tão religioso como o Brasil mata-se tanto. “Estamos entre as pessoas mais religiosas do mundo e a religião geralmente condena a morte, mas somos um dos países que mais registram assassinatos todos os anos.”

Preconceito e cobertura policial

O jornalista também tratou sobre como o preconceito de classe contamina a forma como ocorrências policiais são noticiadas. “É raro ouvir que um banqueiro que desviou dinheiro tinha passagens pela polícia. Mas se é um moleque que roubou 100 reais, geralmente a informação que ele tinha passagens pela polícia tem destaque.”

Crítica à cultura armamentista

Barcellos criticou a ideia de armar a população como solução para o problema da violência. “Isso trata-se apenas dos interesses da indústria de armas, não é preocupação com a segurança da população”, disse. “No Brasil, se combate violência da forma mais cara, com conflito, com morte, com tiroteio. Não se usa inteligência, não se usa a ciência.”

Chamado à reflexão coletiva

Ao final, Barcellos destacou a importância da reflexão coletiva sobre as causas da violência. “É algo que deve envolver todo mundo. Se a gente ficar passivamente só se surpreendendo a cada barbaridade, isso não nos leva a lugar algum. A gente precisa de postura ativa. Temos a tendência de cobrar das autoridades, mas o que estamos fazendo, até para que a gente possa cobrar das autoridades”, afirmou.

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.