Uma mulher de 23 anos foi presa em flagrante durante ato pela educação e democracia em Florianópolis, na noite desta quinta-feira (11). As informações são do G1.
Segundo a Polícia Civil, ela teria mordido o braço de um policial militar, xingado os agentes e desobedecido a ordem de prisão no momento em que foi flagrada fazendo uma pichação. A polícia também informou que ela é suspeita de ter cometido quatro crimes: pichação e dano ao patrimônio, desacato, resistência e lesão corporal.
Imagens de um trecho da ação mostram os militares usando cassetete e atirando balas de borracha contra os manifestantes que tentavam chegar até a suspeita durante o protesto.
A jovem foi levada para a Penitenciária Feminina da Capital e aguarda a audiência de custódia. Segundo a Polícia Civil, após ser ouvida ela não foi liberada pois o prazo de detenção previsto para todos os crimes que teria cometido impediu que fosse feito um termo circunstanciado ou pedido de fiança.
Em nota, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde a mulher estuda, declarou repúdio à postura da PM e disse que ela foi “imobilizada à força, em atitude de nítida truculência”.
A comissão organizadora do protesto também se manifestou em críticas à atuação da PM. A instituição, no entanto, informou que atuação dos policiais foi necessária e reativa.
A advogada da suspeita disse que ainda não havia tido contato com o auto de prisão em flagrante e que se manifestaria após a audiência de custódia, prevista para a tarde desta sexta-feira (12).
Onde aconteceu a prisão
A prisão e a confusão ocorreram na Rua Tenente Silveira, no Centro de Florianópolis, no encerramento de uma série de atos em defesa da democracia, com participação de estudantes, professores, sindicalistas, entidades da sociedade civil e movimentos sociais. Durante a manhã, houve a leitura de uma carta na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), repetindo um movimento nacional.
PM diz que atuação foi necessária
À reportagem, o comandante do batalhão da PM envolvido na ocorrência, o tenente-coronel Dhiogo Cidral, afirmou que antes de iniciada a confusão, a mulher detida fazia pichações no centro de Florianópolis junto com outros manifestantes. Os policiais teriam então dado ordem de parada e de prisão à ela, o que não foi acatado, segundo a PM.
A mulher teria passado então a xingar os agentes de segurança enquanto fugia em meio à multidão para não ser contida. Neste momento, ainda segundo o comandante, os policiais passaram a fazer uso da força ao se verem cercados. Já contida, a mulher teria insistido, ainda assim, em não ser presa. Foi quando teria mordido um dos policiais.
Inicialmente, a PM informou que o ferimento teria sido no rosto de um militar, mas depois corrigiu a informação, ao dizer que foi no braço direito do agente. Ele teve uma lesão superficial e passa bem, segundo a corporação.
O que diz a comissão
A comissão organizadora do protesto, formada por oito entidades (DCE UFSC, APG UFSC, DCE Udesc, Ubes, UCE, Sintrasem, Fenet e Grêmio Livramento do IFSC), também se manifestou, em críticas à atuação da PM e ao tratamento dado à prisão.
“Agravantes de criminalidade foram forjados para manter a estudante à noite na delegacia, abrindo precedente para transferi-la ainda durante a madrugada para o presídio feminino”, afirmou, também em nota.
O que diz a PM
O comandante do 4º Batalhão da PM afirmou que a mulher precisou ser contida por não acolher a ordem de prisão. Disse que o policial fez uso do cassetete apenas para abrir espaço, sem perseguir manifestante algum. Acrescentou ainda que a cena com o cavalo foi acidental, e não proposital, devido ao movimento natural do animal ao ser freado.
“Toda e qualquer manifestação é legítima, mas desde que ocorra sem o cometimento de transgressões, para que ela não comprometa outros direitos também constitucionais nem a dinâmica da cidade”, disse.
Questionado se a PM deveria ter se preparado de outra maneira para acompanhar o ato ou com maior efetivo para evitar as situações de conflito, comandante afirmou a PM não foi comunicada com antecedência pelos organizadores sobre a realização do ato.
A comissão organizadora disse ter informado a Guarda Municipal de Florianópolis (GMF) e o Departamento de Operações de Trânsito, sobre o ato.