Em carta aberta protocolada na Câmara de Vereadores nesta quarta-feira (21) e divulgada à imprensa, movimentos sociais e apoiadores independentes se posicionam contra o projeto de lei e pedem sua rejeição.
No documento – assinado por diversos grupos, como pesquisadores do IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina) de Jaraguá do Sul, sindicatos dos trabalhadores em educação do Estado e da rede particular do norte de SC, União Brasileira de Mulheres e União Nacional LGBT –, os manifestantes esclarecem as diferenças entre os conceitos abordados pelos vereadores.
https://ocponline.com.br/noticias/proibicao-ideologia-de-genero-pode-ir-hoje-segunda-votacao/
Conforme explica o grupo na carta, os papéis que as mulheres e homens desempenham na sociedade são diferentes por uma construção social, sendo limitado à mulher o espaço privado, trabalho doméstico, submissão e obediência ao homem.
Já o papel social do homem remete ao espaço público, força, autoridade, inteligência, trabalhador, sexo forte e, por isso, seriam considerados superiores às mulheres.
É por conta dessa diferença de papéis sociais, continua o documento, que surge a desigualdade entre homens e mulheres, percebido tanto na diferença salarial entre os gêneros – mulheres podem receber até 52% a menos que homens no mesmo cargo, aponta o grupo no documento –, como na violência doméstica e exploração sexual, cujas maiores vítimas são mulheres.
Segundo reforça o grupo, falar de gênero é debater essa desigualdade, é discutir a violência contra as mulheres, é combater o bullying aos alunos que não se encaixam aos papéis de gênero construídos.
“É entender que quando o seu filho é chamado de ‘viadinho’ na escola por não gostar de futebol é por ele não se encaixar no papel social imposto aos meninos desde o nascimento”, diz o texto, reforçando que debate de gênero não tem nenhum poder de influenciar na orientação sexual das crianças, jovens e adolescentes.
https://ocponline.com.br/noticias/presidente-da-oab-jaraguaense-analisa-projeto-de-ideologia-de-genero/
“(…) Orientação sexual é diferente de gênero, pois diz respeito à atração que se sente pelas pessoas, seja de sexo oposto ou não”, pontua o texto.
“Portanto, além de infundado cientificamente, pois gênero e orientação sexual não são escolhas e de nenhuma maneira influenciáveis, deixar de falar sobre gênero em âmbito escolar é também negligenciar os atuais cenários de violência que se encontram no Brasil, sendo o país que mais mata pessoas LGBT no mundo e um dos mais violentos contra mulheres”, arremata o grupo.