Motim: Líder de companhia mercenária se volta contra exército russo e ameaça Moscou

Reprodução/Wagner Group

Por: Pedro Leal

24/06/2023 - 09:06 - Atualizada em: 24/06/2023 - 09:09

A Rússia acusou o chefe mercenário Yevgeny Prigozhin de convocar um motim armado nesta sexta-feira depois de alegar, sem fornecer provas, que a liderança militar matou um grande número de seus combatentes em um ataque aéreo e jurou puni-los.

O impasse, cujos detalhes ainda não estão claros, parecia ser a maior crise doméstica que o presidente Vladimir Putin enfrenta desde que enviou milhares de soldados à Ucrânia em fevereiro do ano passado, no que chamou de “uma operação militar especial”.

As informações são da Reuters.

Com o impasse de longa data entre Prigozhin, líder da companhia mercenária Wagner, e o Ministério da Defesa parecendo chegar a um desenlace, o ministério emitiu um comunicado afirmando que as acusações de Prigozhin “não eram verdadeiras e são uma provocação informativa”.

Mais cedo, Prigozhin acusou o próprio Ministério de Defesa da Rússia de atacar acampamentos da organização e prometeu retaliação. Segundo ele, uma enorme quantidade de combatentes do grupo teria morrido. A companhia mercenária passou então a marchar em direção à Moscou.

“Aqueles que destruíram nossos rapazes serão punidos. Peço que ninguém ofereça resistência. Somos 25 mil e vamos descobrir por que o caos está acontecendo no país”, disse o chefe do grupo Wagner. “Este não é um golpe militar. É uma marcha por justiça. Nossas ações não interferem de forma alguma nas tropas.”

O Ministério da Defesa emitiu rapidamente um comunicado no qual afirma que as acusações de Prigozhin “não correspondem à realidade e são uma provocação informativa”. Segundo as autoridades, o presidente do país, Vladimir Putin, está ciente da situação e todas as medidas necessárias estão sendo tomadas.

A FSB, um dos serviços de segurança da Rússia, abriu um caso criminal contra Prigozhin. Ele é acusado de instigar um motim (um levante contra a autoridade militar), crime punível com até 20 anos de prisão no país.

O procurador-geral da Rússia disse que Prigozhin está sendo investigado por “suspeita de organizar uma rebelião armada”.

Por volta das 20h desta sexta, no horário de Brasília, Prigozhin afirmou que o grupo havia atravessado a fronteira da Ucrânia sentido Rússia. Ele disse que seus homens vão destruir qualquer um que ficar no caminho.

Troca de tiros e cidade tomada

Na madrugada de sábado (24) na Rússia, Prigozhin afirmou que suas forças chegaram a Rostov, uma região perto da Ucrânia, e que não houve resistência dos militares que estavam em postos de controle.

Prigozhin chamou os recrutas dos postos de comando de crianças, e afirmou que não está lutando contra eles. “Mas nós vamos destruir qualquer um que esteja no nosso caminho, nós estamos avançando e vamos até o fim”, afirmou.

Prigozhin também afirmou que derrubou um helicóptero do exército russo.

Homens armados teriam chegado à sede da polícia regional do município de Rostov-on-Don, segundo a agência de notícias Reuters apurou em vídeos das redes sociais. Contudo, ainda não há confirmação de que os homens pertencem ao grupo Wagner.

Helicópteros do exército russo abriram fogo contra um comboio militar do Grupo Wagner, perto da cidade de Voronezh, informou a agência de notícias Reuters, citando uma testemunha.

Segundo as informações, o ataque foi na rodovia M4 nos arredores da cidade de Voronezh, cidade em que os mercenários assumiram o controle nesta sexta-feira (23).

De acordo com a Reuters, os mercenários tomaram o controle de prédios militares na cidade de Voronezh, a cerca de 500 km de Moscou. Contudo, o exército russo combate o avanço do grupo na região.

Em um pronunciamento na manhã deste sábado (24), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou a rebelião de membros do Grupo Wagner como “facada nas costas” e prometeu punir quem trair as Forças Armadas.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).