Ministro de Lula dispensa secretária que se recusou a pagar passagens para Carnaval fora de época

Brasília (DF), 15/12/2023 - O ministro da secretaria-geral da presidência, Márcio Macêdo, e o coordenador nacional do Movimento de Atingidos por Barragens, Joceli Andrioli durante entrevista após cerimônia de sanção da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

17/01/2024 - 14:01 - Atualizada em: 17/01/2024 - 14:51

A ex-secretária-executiva Maria Coelho deixou em 9 de janeiro o cargo após desentendimentos com o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria Geral da Presidência da República – no lugar dela, a ex-coordenadora do MST Kelli Mafort foi nomeada Secretária-Executiva da Secretaria-Geral da Presidência; Mafort foi escolhida pelo ministro como número 2 da pasta.

Ele diz que Kelli “demonstrou capacidade de gestão à frente da Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas desde janeiro de 2023”.

Coelho teria sido demitada depois que se negou a autorizar o uso de dinheiro público para custear a viagem de três servidores para Aracaju para uma festa de Carnaval fora de época.

Segundo o colunista Lauro Jardim, do Globo, o próprio ministro autorizou o pagamento.

As informações são do portal UOL e do jornal O Globo.

Maria era servidora de longa data dos governos Lula. Ela foi exonerada em 9 de janeiro – A Secretaria-Geral usou verba pública para custear a viagem de três servidores para o Précaju, em Sergipe, no fim do ano passado. A agenda particular ocorreu entre os dias 3 e 5 de novembro e custou, ao todo, R$ 18.559,27 aos cofres públicos.

O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) vai apurar se os recursos foram destinados de forma irregular. Após a repercussão, Márcio Macêdo diz que houve um “erro formal” e que o dinheiro foi devolvido.

“Eu paguei as minhas passagens, em voo comercial, e fora do expediente. Eu fui no final de semana, em agenda particular, e não recebi diárias para isso. Houve um erro formal do meu gabinete, um erro de procedimentos que nunca mais se repetirá. Um erro onde três assessores foram para Aracaju e utilizaram as passagens e os recursos públicos.” Márcio Macêdo, em justificativa

Um dos assessores foi um fotógrafo oficial da Presidência da República, que registrou Macêdo na festa. A justificativa inicial da pasta é que houve uma visita a uma ONG, que não estava em seus compromissos oficiais – não houve, no entanto, qualquer foto do encontro na organização em suas redes sociais, enquanto publicou 28 imagens e um vídeo da festa.

“Eu sabia que eles estavam lá, mas não sabia que estavam recebendo e que foram gastos recursos públicos sem ter agenda institucional”, continuou Macêdo, sem citar a suposta ONG. “Isso não pode acontecer, isso tem que ser corrigido.”

O fotógrafo Bruno Fernandes da Silva, conhecido como Bruno Peres, o assessor Yuri Darlon Góis de Almeida e a gerente de projetos Tereza Raquel Gonçalves Ferreira receberam R$ 3.656 em diárias do total. O restante se refere às passagens. Bruno foi quem fotografou o ministro durante a agenda particular. As imagens publicadas nas redes sociais de Macêdo são creditadas a ele. O fotógrafo tem um salário de R$ 11.306,90. É o mesmo valor recebido por Yuri, que é assessor da Secretaria Nacional da Juventude da Pasta, e por Tereza, que é gerente de projetos.

Cargo vai para ex-coordenadora do MST

Kelli Mafort é doutora em Ciências Sociais pela Unesp. Durante o mestrado e no doutorado, foi bolsista do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e fez pesquisas sobre a questão agrária, trabalho, movimentos sociais e gênero.

Kelli também foi uma liderança nacional do MST. Ela trabalhou como educadora popular e coordenadora pedagógica de programas da Unicamp em parceria com movimentos sociais.

Nas redes sociais, Kelli agradeceu a nomeação e diz que assume com “imensa alegria e senso de responsabilidade”. “Frente à Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas, aprendi a transformar desafios em conquistas. Ainda temos muitos outros desafios afrontadores, mas há certeza de que a Participação Social é a melhor forma de implementar políticas públicas”.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).