O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou na tarde desta quarta-feira (26) a reação do mercado financeiro aos seus questionamentos sobre corte de gastos. O dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,51, no maior valor em dois anos e meio. As informações são da Gazeta do Povo.
“Por que teve reação? Não teve reação, deve ter gostado. Mas quem votou em mim (no mercado financeiro), pode continuar votando”, disse o mandatário a jornalistas após ser questionado sobre o resultado do pregão. “É um problema sério o Brasil. Nós não estamos no primeiro dia de mandato. Depois do Getúlio e do D. Pedro, eu sou o cara que tem mais experiência em governar”, acrescentou. Lula defendeu que o Brasil vive um “bom momento” econômico e citou como exemplo investimentos de indústrias, geração de empregos, controle da inflação, entre outros. “Eu sei como faz, mas muito depende da circunstância econômica, do dólar nos Estados Unidos. Lamentavelmente, é assim. Mas nós temos que ter consciência de que o Brasil vive um bom momento. Se pegar os números da economia, nunca o Brasil esteve tão bem nos últimos 10 anos”, afirmou.
Lula disse que governo avalia onde há excesso de gastos
Mais cedo, Lula descartou a desvinculação do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do salário mínimo e reforçou as críticas ao Banco Central em entrevista ao portal UOL. O presidente afirmou, nesta tarde, que é preciso “gastar nas coisas certas” e destacou que o governo avalia onde há excessos.
“Não olhe a economia brasileira apenas pela macroeconomia que aparece na televisão. Olhe a economia brasileira pela microeconomia, que acontece no crédito dos pequenos, dos mais humildes. Esse crédito faz milagre”, disse. “O Brasil tem um problema. Nós não podemos gastar dinheiro à toa, temos que gastar nas coisas certas. Não podemos gastar o que não tem, tem que medir o que tem. Essa é a discussão que estamos fazendo com muita tranquilidade sem os arroubos de algumas manchetes”, acrescentou o presidente.
Desoneração dos 17 setores da economia
Questionado sobre a fonte de compensação para a desoneração da folha de pagamento dos 17 setores e de municípios com até 153 mil habitantes, Lula disse que o governo segue analisando as propostas do Senado.
“Obviamente que estamos dispostos a fazer alguma coisa para que o país não fique tensionado. Não queremos atrapalhar ninguém. Mas o que nós queremos é o seguinte: o governo não pode só ficar abrindo mão de receita. Todo mundo quer subsídio. E na hora que dá um aperto qualquer, [as pessoas culpam] o salário mínimo, o aposentado, o pescador. Não é verdade. A gente não vai permitir que isso aconteça no Brasil”, reforçou o chefe do Executivo.
O Supremo Tribunal Federal (STF) fixou prazo de 60 dias para o governo Lula e o Congresso encontrarem uma solução para a compensação.