Lula lamenta morte de presidente do Irã: “Minhas condolências ao povo iraniano”

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Por: Pedro Leal

20/05/2024 - 18:05 - Atualizada em: 20/05/2024 - 18:27

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta segunda-feira (20) a morte do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morto em um acidente de helicóptero neste domingo (18).

Pelas redes sociais, Lula que soube da notícia com “pesar” e desejou condolências aos familiares e ao povo iraniano. As informações são do jornal O Globo.

“Com pesar soube da confirmação da morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi e do seu chanceler, Hossein Amir Abdollahian e de todos os passageiros e tripulação, após a queda de seu helicóptero. Minhas condolências aos familiares de todas as vítima, ao governo e ao povo iraniano”.

O Itamaraty também emitiu uma nota de pesar sobre o ocorrido. No texto, o Ministério das Relações Exteriores diz ter recebido com “consternação” a notícia e que “estende aos familiares do Presidente Raisi, do Chanceler Abdollahian e das demais vítimas, e ao governo e povo iranianos os mais sinceros sentimentos de solidariedade e pesar pelas irreparáveis perdas”.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, morreu aos 63 anos, após a queda de um dos três helicópteros de seu comboio presidencial, no domingo.

A morte foi confirmada pelo Ministério das Relações Exteriores iraniano, que confirmou que o chanceler Hossein Amir Abdollahian também está entre as vítimas.

Raisi era presidente da República Islâmica desde junho de 2021. Parte da linha dura do regime, alinhada ao “líder supremo” Ali Khamenei”, o conservador Raisi sucedeu o moderado Hassan Rouhani.

Pouco antes de confirmar a morte, a agência de notícias oficial IRNA havia afirmado que a aeronave havia feito um “pouso forçado”, mas posteriormente uma autoridade reconheceu à agência Reuters que a vida de Raisi estava “em risco” após a “queda” em uma região de montanha perto da fronteira com o Azerbaijão.

Em um comunicado, o governo estendeu suas condolências ao líder supremo Ali Khamenei e à nação iraniana e disse que continuaria a operar “sem interrupções”, de acordo com a Press TV.

O gabinete do presidente também elogiou Raisi como um líder “trabalhador e incansável” que serviu ao povo do Irã para ajudar a avançar e progredir o país: “Cumpriu sua promessa e sacrificou sua vida pela nação”, diz o comunicado, que afirma, ainda, que “não haverá a menor perturbação” na administração do Irã após o acidente mortal.

O vice-presidente Mohammad Mokhber liderou uma reunião de gabinete de emergência, após a notícia da localização dos destroços do helicóptero, segundo publicou o “Guardian”.

Quem era Ebrahim Raisi?

Parte da linha mais radical da República Islâmica, Ebrahim Raisi era acusado por muitos iranianos e ativistas de direitos humanos de ter um papel em execuções em massa de prisioneiros políticos nos anos de 1980 – papel pelo qual recebeu o epiteto de “O Açougueiro de Teerã”.

Raisi nasceu em 1960 em Mashhad, a segunda maior cidade do país, e lar do santuário xiita mais sagrado do país — e perdeu o pai, que era clérigo, quando tinha apenas cinco anos.

Aos 15, Raisi, seguiu os passos do genitor e entrou em um seminário na cidade sagrada de Qom. Enquanto era estudante, participou de protestos contra o Xá apoiado pelo Ocidente, que acabou por ser deposto em 1979 na Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini, depois da qual ingressou no Judiciário e ascendeu cedo a cargos importantes enquanto era treinado pelo aiatolá Ali Khamenei, que se tornou presidente do Irã em 1981.

Com apenas 20 anos, foi nomeado procurador-geral de Karaj, que fica perto da capital, Teerã. Aos 25 anos, tornou-se vice-procurador-geral de Teerã. Enquanto esteve nesse posto, atuou como um dos quatro juízes que participaram de tribunais secretos criados em 1988, que passaram a ser conhecidos como “Comitê da Morte”.

Essas cortes “julgaram novamente” e condenaram à morte milhares de prisioneiros que já cumpriam penas de prisão pelas suas atividades políticas – em sua maioria, de grupos que participaram da revolução iraniana mas que agora eram oposição ao governo, como o Mujahedin-e Khalq (MEK), também conhecido como Organização Popular Mujahedin do Irã (PMOI).

Não se sabe precisamente quantas pessoas foram executadas pelos tribunais – a estimativa é que cerca de 5 mil homens e mulheres tenham sido executados e enterrados em valas comuns, fatos que os líderes iranianos não negam.

O governo do país, no entanto, também se recusa a discutir quais teriam sido seus crimes. Negando ter dado as sentenças de morte, Raisi também dizia que elas foram justificadas por causa de uma fatwa, ou decisão religiosa, do ex-líder supremo aiatolá Khomeini.

Em seu governo, o Irã intensificou o enriquecimento de urânio, atrapalhou inspeções internacionais e apoiou a Rússia durante a invasção da Ucrânia. Também atacou Israel com drones e mísseis durante o atual conflito militar em Gaza. Em seu mandato, o país se viu em uma polêmica internacional após a morte de Mahsa Amini, morta três dias após ser presa por não usar “corretamente” o véu islâmico em espaços públicos.

O governo reagiu violentamente aos protestos que tomaram o país pedindo justiça pela jovem, e mais de 500 manifestantes morreram em meio aos protestos, segundo a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (Hrana).

Na ocasião, Raisi afirmou que o Irã deveria “lidar de forma decisiva com aqueles que se opõem à segurança e tranquilidade do país”.

 

Notícias no celular

Whatsapp

Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).