Acontece hoje, a partir das 8h30, no IFSC de Jaraguá do Sul, o evento de lançamento do livro “Jovens, política(s), cidade(s): diálogos na urbe e suas (Im)possibilidades.”. Escrito pela pesquisadora Josiele Bené Lahorgue, a obra faz uma análise aprofundada da relação entre o jovem jaraguaense, as diferentes formas de política e o espaço urbano. Envolvida com os movimentos estudantis e de direitos humanos desde nova, a pesquisadora acompanhou, pelas ruas da cidade, as manifestações culturais e ideológicas dos jovens para entender como eles têm participado da vida pública. Em entrevista ao OCP, a autora explica um pouco de como foi o processo de pesquisa e como se dá esse envolvimento em Jaraguá do Sul. OCP - De onde surgiu a vontade de pesquisar este tema? Josiele Bené - A escolha tem a ver com a minha graduação, em psicologia, e também com o meu envolvimento com os movimentos estudantis e de diretos humanos. Eu me propus a analisar o envolvimento do jovem dentro destes movimentos, o envolvimento com a política partidária e não partidária, com os direitos humanos em geral. A pesquisa foi realizada entre maio e agosto de 2013, para o meu mestrado da UFSC. O que chamou a sua atenção durante a pesquisa? Eu encontrei uma série de artigos científicos que discutem o jovem e a política e que, em geral, mostram um descontentamento com a política institucional e partidária no País. O que vemos são jovens que participam politicamente de outras formas, em outros espaços, e a rua é um destes espaços. Quando você fala em políticas, fala em algo além do tradicional? A relação com a política, em geral, é diferente do que estamos acostumados a ver. Eu trago o conceito de política pensando não somente na política institucionalizada, aquela de partidos, mas nas diversas práticas de resistência. É uma possibilidade de reinvenção do que estamos acostumados a chamar de política. Essa resistência ocupa o espaço da cidade, dando a ele outro sentido, utilizando o espaço para outras coisas, a partir do que o jovem considera que é interessante para ele. É meio que mudar a lógica do que é cidade, ocupando a rua numa manifestação, por exemplo. Eles resistem quando existem ocupando os espaços da cidade. É uma forma de política que não depende do poder público. De que formas estes jovens atuam na cidade? Temos por exemplo os B-boys, um grupo de dança de Jaraguá que ocupa todo o domingo a praça Ângelo Piazera para expor sua arte. É um movimento de resistência em uma cidade que não tem, por exemplo, um espaço voltado à cultura hip hop. Eles estão mostrando que existe este tipo de cultura, além das instituições, de formas diferentes. Como você vê essas manifestações após a pesquisa? Eu percebo que há uma necessidade de compreendermos um pouco mais o que é esse espaço de política, e pensar a política para além da institucional, que é onde o jovem quer estar inserido. Não que ele não esteja mais nas instituições políticas, mas neste espaço ele consegue criar muito mais. Outra coisa interessante é que eles fazem essas práticas de políticas sem nem mesmo se atentarem a isso, sem pararem para pensar o que é isso. Eles simplesmente estão fazendo e percebem que isso modifica algo aos poucos. Isso significa que estas manifestações aos poucos mudam a cidade? Sem dúvida causa uma mudança. A cidade é feita a partir dos seus habitantes, Jaraguá já mudou muito desde o início da sua história. Temos aqui uma tradição muito forte da indústria, de onde vem um olhar tradicionalista e conservador, e muitos destes jovens trabalham na indústria. Isso é interessante porque eles então trazem outro olhar dentro desta lógica. Aos poucos a lógica vai se diferenciando e fazendo com que a cidade mude. Programação do evento de lançamento • 8h30 – Bate-papo: Cidades, histórias e reXistências. • 9h30 – Lançamento do livro “Jovens, Política(s) e Cidade(s): diálogos da urbe e suas (im)possibilidades”. • 10h – Exibição do documentário “(Im)possibilidades: circuitos dos jovens em Jaraguá do Sul”. • 10h30 – Conversando com: FemiFight, Movimento Estudantil do IFSC, Oséas K12 (grupo de b.boys da Roda na Praça). • 11h30 – Encerramento. Para saber mais sobre o livro e autora acesse www.facebook.com/jovens.politicas.cidades