Líder mercenário Russo culpa “colonialismo” por golpe de estado no Niger

Foto: Reprodução

Por: Pedro Leal

29/07/2023 - 11:07 - Atualizada em: 29/07/2023 - 11:28

Enquanto a comunidade internacional, incluindo diversos países africanos, condenou o golpe no Níger, o líder mercenário russo Yevgeny Prigozhin, do Grupo Wagner, tem sua própria opinião, segundo informações da CNN.

O exército do Níger anunciou nesta quarta-feira (26/7) que derrubou o presidente do país, Mohamed Bazoum, criticando o que qualificou como a “contínua deterioração da situação de segurança e má gestão econômica e social”. Além disso, o exército também ordenou o fechamento das fronteiras.

Em uma longa mensagem publicada nas redes sociais, Prigozhin culpou a situação no Níger pelo legado do colonialismo e alegou, sem provas, que as nações ocidentais estariam patrocinando grupos terroristas no país. O Níger já foi uma colônia francesa e, antes do golpe desta semana, era uma das poucas democracias da região.

A publicação de Prigozhin também era uma espécie de proposta de negócios. Ele disse que sua companhia militar privada era capaz de lidar com situações como a que acontecia em Niamey, capital do Níger.

Centenas de mercenários do Grupo Wagner estão no vizinho Mali, a convite da junta militar do país, para enfrentar uma insurgência islâmica que é mais forte na área onde as fronteiras do Mali, Burkina Faso e Níger se encontram.

“O que aconteceu no Níger está fermentando há anos”, disse Prigozhin. “Os ex-colonizadores estão tentando manter os povos dos países africanos sob controle. Para mantê-los sob controle, os ex-colonizadores estão enchendo esses países com terroristas e várias organizações de bandidos. Criando assim uma crise de segurança colossal.”

Prigozhin então continuou com seu discurso típico.

“A população sofre. E esse é o [motivo do] amor pelo Grupo Wagner, essa é a alta eficiência do Grupo Wagner. Mil de nossos soldados são capazes de estabelecer a ordem e destruir os terroristas, evitando que eles prejudiquem a população pacífica dos estados”, afirmou.

Diversas investigações da CNN e outras de grupos de direitos humanos estabeleceram o envolvimento e a cumplicidade do Grupo Wagner com atrocidades contra populações civis no Sudão, Mali e na República Centro-Africana, onde foram empregados para ajudar as forças de defesa locais contra rebeliões e insurgências, e reprimir a oposição.

Os comentários de Prigozhin na sexta-feira foram contra a opinião do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que pediu a “libertação imediata” do presidente Mohamed Bazoum pelos militares.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).