O ex-policial militar Ronnie Lessa confessou a autoria do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes, e contou à Polícia Federal como foi planejado o crime e como seria recompensado pela execução.
As informações são do programa de televisão Fantástico, que obteve acesso, com exclusividade, ao vídeo da delação de Ronnie Lessa, e cobriu trechos da delação neste domingo (26).
Lessa depôs por duas horas sobre o plano, que, segundo ele, seria “O negócio da sua vida”.
Segundo a delação, os mandantes do crime seriam Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão.
Eles ofereceram, como pagamento a Lessa e seu associado, o ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé, um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio, avaliado em milhões de reais.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de 20 milhões de dólares. A gente não está falando de pouco dinheiro […]. Ninguém recebe uma proposta de receber dez milhões de dólares simplesmente para matar uma pessoa”, afirmou.
Ronnie Lessa apontou aos investigadores, com uso de satélite, as supostas áreas onde seriam criados os loteamentos.
No relatório das investigações, a Polícia Federal afirma que não foi possível encontrar evidências concretas de planejamento para ocupar a área.
Lessa não disse quando começaria a ocupação, mas informou que os irmãos Brazão prometeram que ele seria um dos donos do empreendimento criminoso. “Então, na verdade, eu não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Eu fui chamado para uma sociedade”, complementou.
Segundo a delação, eles se reuniram três vezes. Na conversa, Marielle era citada pelos Brazão como um entrave para o esquema.
A PF destacou que não conseguiu comprovar os encontros entre os três. A falta de registros das operadoras anteriores a 2018 impediu o cruzamento de dados dos celulares dos envolvidos no período em que teriam acontecido os encontros.
Ronnie Lessa foi preso em março de 2019, um ano depois das mortes de Marielle e Anderson. A arma usada no crime nunca foi encontrada.
Já o ex-PM Edimilson de Oliveira, o Macalé, foi assassinado em novembro de 2021.