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Investigação da PF aponta que “Careca do INSS” movimentou mais de R$ 50 milhões

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Por: Ewaldo Willerding Neto

30/04/2025 - 14:04

O empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, é apontado pela Polícia Federal como um dos principais operadores do esquema de fraude no INSS que pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões de aposentados e pensionistas e levou à demissão do presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo o relatório da Operação Sem Desconto, deflagrada na última quarta-feira (23) e divulgado nesta semana, Antunes teria movimentado R$ 53,58 milhões por meio de suas empresas, recebendo valores de associações e entidades intermediárias ligadas ao INSS.

Desse total, R$ 9,32 milhões teriam sido repassados a servidores públicos e empresas com vínculos diretos com a alta cúpula do instituto, como o ex-procurador-geral do instituto, Virgílio Filho, e os ex-diretores André Fidelis e Alexandre Guimarães.

A defesa de Antunes afirmou que as suspeitas “não correspondem à realidade dos fatos” e que “ao longo do processo, a inocência de Antonio será devidamente comprovada”, segundo disseram Alberto Moreira e Flávio Schegerin à Folha de S. Paulo.

Já a defesa de Alexandre Guimarães afirmou ao jornal O Globo que os valores recebidos correspondem a serviços de consultoria e que possui notas fiscais para comprovar. A de André Fidelis disse que não comentará a apuração por ainda não ter acesso aos autos, mas garantiu estar comprometida com o esclarecimento dos fatos. E a defesa de Virgílio não foi localizada.

A investigação aponta que Antunes supostamente prestava serviços de “consultoria” para entidades que cobravam mensalidades de aposentados, atuando como lobista junto ao INSS. Um dos documentos citados no inquérito revela que ele possuía procuração da Ambec (Associação de Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos) para negociar aditivos contratuais com o instituto.

Uma das empresas controladas por Antunes, a Prospect Consultoria, recebeu R$ 11 milhões apenas da Ambec e teria mantido relações comerciais com pelo menos outras cinco entidades investigadas.

“Se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima quanto seus associados”, declarou.

A Polícia Federal ainda identificou pagamentos diretos e indiretos feitos por Antunes a figuras-chave do INSS, como Virgílio Filho, André Fidelis e Alexandre Guimarães. Virgílio, de acordo com os investigadores, participava de discussões internas sobre a liberação de descontos em massa em benefícios.

A esposa do ex-procurador teria recebido R$ 7,54 milhões do empresário, além de ter sido beneficiada com a transferência de um carro de luxo modelo Porsche Taycan. Já o filho de André Fidelis recebeu R$ 1,46 milhão por meio de seu escritório de advocacia, em valores que a PF acredita terem sido pagos como “vantagem indevida por ato de ofício”.

Alexandre Guimarães, por sua vez, teria sido destinatário de R$ 313,2 mil por meio de sua empresa, que ainda usava o email da Prospect em seu cadastro na Receita Federal.

A movimentação financeira de Antunes também chamou atenção das autoridades por indícios de lavagem de dinheiro. A PF identificou que ele e a esposa teriam transmitido sucessivamente, em menos de seis meses, um mesmo imóvel com valor estimado de R$ 353 milhões. A análise financeira abrange dados entre 2022 e 2024.

A PF também listou 11 carros de luxo em nome de Antunes, incluindo o veículo transferido à esposa de Virgílio. “Chama atenção a quantidade e os valores dos veículos”, destacou a representação enviada à Justiça.

No mesmo processo, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou que há “sérios indícios” de que associações vêm realizando descontos indevidos nos benefícios de milhares de aposentados e pensionistas. Segundo o órgão, as práticas geraram enriquecimento ilícito, ocultação de patrimônio, corrupção, violação de sigilo funcional e formação de organização criminosa.

* Com informações da Gazeta do Povo.

 

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.