O governo brasileiro condenou nesta terça-feira (17) a série de explosões coordenadas e simultâneas de centenas de aparelhos eletrônicos de comunicação no Líbano (pagers), que resultaram na morte de ao menos nove pessoas, incluindo uma menor de idade, além de ao menos 2.750 feridos na manhã de hoje.
Não há registro de brasileiros entre as vítimas.
Os aparelhos teriam sido comprados pelo grupo militante Hezbollah há cerca de cinco meses –
“Tais atos conduzem a escalada significativa de tensões na região e exacerbam o risco de alastramento do conflito. Demonstram, também, que, lamentavelmente, têm sido inócuos os múltiplos apelos da comunidade internacional para que atores no Oriente Médio exerçam máxima contenção”, disse, em nota, o Ministério das Relações Exteriores. A embaixada do Brasil em Beirute informa que está prestando as orientações à comunidade brasileira.
O Brasil também reiterou o caráter imperativo do pleno respeito à soberania e à integridade territorial dos países.
Os pagers são dispositivos eletrônicos usados para contactar pessoas através de uma rede de telecomunicações – as mensagens eram mais breves que as usadas no antigo sistema SMS de celulares, anterior ao uso de apps como Whatsapp e Telegram.
Esses dispositivos podiam ser unidirecionais, ou seja, só recebiam mensagens, ou bidirecionais, quando também respondiam. O uso deles deixou de ser comum com a popularização de celulares no final dos anos 90 e começo dos anos 2000. Atualmente, são usados para reduzir os riscos de invasões ou minimizar as suas consequências, pois não tem conexão com a internet.
O Hezbollah acusou Israel pela ação, dizendo que o país receberá “a punição que merece”. Segundo o jornal New York Times, o governo de Israel escondeu materiais explosivos em um lote de pagers taiwaneses importados pelo Hezbollah. Os equipamentos foram fabricados pela Gold Apollo.
O jornal informou que a carga explosiva foi implantada próxima à bateria de cada pager. O material pesava menos de 50 gramas. Um interruptor também foi embutido, o que permitiu com que o explosivo fosse detonado remotamente.
A reportagem afirma ainda que os dispositivos foram programados para emitir um sinal sonoro antes de explodir. Isso poderia atrair os donos dos pagers e fazer com que eles manuseassem o equipamento.