Ex-procurador de José Dirceu estaria operando banco falso, diz jornal

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Por: Pedro Leal

07/11/2024 - 18:11 - Atualizada em: 07/11/2024 - 18:57

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A Polícia Federal investiga a operação de um autoproclamado “banco” que seria operado por um dirigente do PT de Brasília, usando de um documento falso do Tesouro Nacional como lastro do capital social.

O caso foi revelado pelo Estado de São Paulo nesta terça-feira (5).

O Atualbank, que diz funcionar na capital federal, tem “laranjas” envolvidos em sua constituição e, ainda, ligação com um condenado por estelionato no Mato Grosso.

A empresa é comandada por Fernando Nascimento Silva Neto, dirigente do PT de Brasília e ex-procurador do ex-ministro José Dirceu (PT).

O funcionamento do Atualbank e a investigação sobre um suposto calote aplicado em São Paulo (SP) foram revelados pelo Estadão. Procurado, Fernando Neto não se manifestou.

O Atualbank diz ter um capital social bilionário. O valor é lastreado em uma suposta letra de crédito do Tesouro Nacional avalia em R$ 8,5 bilhões.

Ao Estadão, o Tesouro informou que o documento é falso e que o uso dele deveria ser analisado pela Polícia Federal.

À Junta Comercial de São Paulo, o Atualbank informou que ter uma Letra de Crédito do Tesouro Nacional da “Série Z”, supostamente emitida conforme uma lei de 1970, que estaria “no cofre da tesouraria”.

Segundo o o Tesouro Nacional, não existem letras do Tesouro da série Z emitidas na década de 1970.

A PF abriu um procedimento investigativo.

Apesar do “bank” no nome, a empresa não consta entre as instituições autorizadas pelo Banco Central, e afirmou à Receita Federal que atua com “consultoria em tecnologia da informação”, “administração de cartões de crédito”, “correspondentes de instituições financeiras” e “consultoria em gestão empresarial”.

Fernando Neto foi procurador de José Dirceu por cerca de cinco anos. Em maio de 2018, ele ganhou das mãos do ex-ministro uma procuração para representá-lo “em quaisquer repartições públicas federais, estaduais e municipais, inclusive no Ministério da Justiça, na Câmara e no Senado”, podendo nelas “requerer, alegar e assinar o que necessário for”.

O caso vai mais fundo, segundo o Estadão: uma série de depoimentos colhidos pelo jornal paulista indicariam que por trás da operação do Atualbank estariaWalter Dias Magalhães Junior, estelionatário condenado em primeiro grau pela Justiça de Mato Grosso e investigado por outros crimes.

Ele passou a usar o nome de Walter Tiburtino e aparecia como “conselheiro administrativo” do banco no site da empresa.

Walter Dias Magalhães Junior é condenado em primeira instância pela Justiça de Mato Grosso por liderar uma organização criminosa que cometeu estelionato e já esteve preso.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).