A ex-ministra da Saúde Nísia Trindade disse, nesta segunda-feira (10), ter sido alvo de uma “campanha misógina” para “desvalorizar” seu trabalho à frente da pasta. A declaração ocorreu durante a cerimônia de posse do novo chefe do ministério, Alexandre Padilha.
“Não posso esquecer que durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político desta natureza”, afirmou no evento realizado no Palácio do Planalto. “Podemos e devemos construir uma nova política, baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população”, acrescentou.
Nísia foi demitida no último dia 25 em meio a queda de popularidade do presidente Lula (PT). Com orçamento de R$ 239,7 bilhões, o Ministério da Saúde é uma das pastas mais cobiçadas do Executivo. Ela foi criticada pela condução da epidemia de dengue e por falhas na distribuição de vacinas para Estados e municípios.
A percepção é de que a ministra não conseguiu entregar projetos que seriam a vitrine da pasta no Lula 3, como o programa Mais Acesso a Especialistas, destinado a ampliar o acesso a consultas e exames.
Durante o discurso, a ex-ministra destacou o processo de “reconstrução” das iniciativas da pasta após o governo Bolsonaro (PL). “Creio que seja esse o legado que deixo: reconstruir o SUS e a capacidade de gestão do Ministério da Saúde. O SUS tornou-se, na percepção pública, uma grande marca durante a pandemia de covid-19. Tenho orgulho de afirmar que fui ministra do SUS”, disse Nísia.
* Com informações da Gazeta do Povo.