O ex-presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para criticar o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que, em entrevista coletiva realizada na última quarta-feira (4), rebateu o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e afirmou que “não existe imunidade absoluta”.
Bolsonaro critica diretor-geral da PF
“Era só o que faltava: o Diretor-Geral da Polícia Federal agora acha que pode ‘rebater’ e ensinar ao Presidente da Câmara dos Deputados o que é imunidade parlamentar, o que é liberdade de expressão e o que os deputados podem ou não falar na tribuna”, disse Bolsonaro.
De acordo com o ex-presidente, Rodrigues, “um subordinado do Executivo”, estaria “desrespeitando o presidente da Câmara, ignorando a separação de poderes, se intrometendo em questões internas ao Legislativo e afrontando diretamente um dos direitos mais sagrados da democracia: a palavra livre dos representantes do povo”.
Bolsonaro aproveitou para enviar sua solidariedade a Arthur Lira e também aos deputados Marcel Van Hattem e Cabo Gilberto, que recentemente foram indiciados por calúnia e difamação contra um delegado da PF em razão de discursos proferidos da tribuna.
Críticas à PF
O indiciamento dos deputados, que têm imunidade parlamentar e, conforme a Constituição, “são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”, gerou críticas de políticos de diferentes perfis ideológicos.
Arthur Lira, presidente da Câmara, saiu em defesa dos deputados e disse que vê o indiciamento com preocupação. ““Não se pode cercear o direito fundamental ao debate e à crítica em tribuna, mediante ameaças de perseguição judicial ou policial”, destacou.
De acordo com o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), o indiciamento pode ser visto como uma tentativa de intimidar o Parlamento.
“O que está acontecendo com a Polícia Federal? Estão tentando intimidar este Parlamento. Todos nós aqui estamos passivos assistindo a tudo isso. Isso não é uma intimidação contra dois deputados, é contra toda a Câmara dos Deputados, contra todo o Congresso Nacional”, disse.
Até mesmo deputados da esquerda, como Chico Alencar, do Psol, foram contrários à ação da Polícia Federal.
Para Alencar, “abrir um inquérito na Polícia Federal contra manifestação verbal, na tribuna, contra colega nosso, até onde sei, é abuso de poder, e isso nós não aceitamos.”