Entrevista especial: “Vamos fazer de 2018 o ano das obras”, afirma Lunelli

Foto Eduardo Montecino/OCP

Por: Elissandro Sutil

19/12/2017 - 05:12 - Atualizada em: 21/12/2017 - 07:14

Turbulenta. Foi assim que começou a gestão do empresário Antídio Lunelli (PMDB) na Prefeitura de Jaraguá do Sul. Publicamente, todo mundo acompanhou a queda de braço da administração municipal com os servidores. Situação que rendeu muitas manchetes, manifestações, barulho, curtidas, acessos, comentários e economia. Nos bastidores, o empresário ainda aprendia a lidar com a imprensa e com as críticas e questionamentos que fazem parte do ofício. Desde o começo, ele tem repetido que pretende deixar sua marca na administração pública quebrando paradigmas. Reestruturar a máquina pública, para o seu governo, não passa só pelo pacote de cortes aprovados ainda no primeiro semestre do ano, envolve também a implantação de um sistema mais moderno, o controle de pessoal como acontece na iniciativa privada e a tal pregada justiça fiscal, colocada em prática até agora principalmente por meio de mudanças na Cosip e no IPTU.

Para ter auxílio nesse projeto, o prefeito, que sonha acabar o mandato com 80% de aprovação, montou um conselho consultivo com nomes de peso como Vicente Donini, o reeleito prefeito de Joinville, Udo Döhler, e Moacyr Sens e garante ter convicção e persistência para tirar do papel os avanços projetados. “A impopularidade é passageira. Quando a população vai entendendo os objetivos e vendo resultados das medidas tomadas, ela passa a pensar diferente. O governo não pode mudar com o vento”, prega.

Na entrevista a seguir, Lunelli, que diz que aprendeu a ser um pouco político, faz um balanço do primeiro ano de governo, elogia a equipe de secretários, mas não descarta mudanças envolvendo o segundo e terceiro escalões e projeta 2018 como um ano para colocar as máquinas na rua. Acompanhe:

 

O senhor acaba o ano conforme havia previsto ou alguma coisa saiu da rota?

Posso dizer que estou muito feliz com os resultados. Tenho uma equipe de secretários AAA. Mas quem está fora da máquina pública como eu estava imagina que pode ser mais fácil. Exigente que sou dou nota sete até aqui.

 

O início do seu governo foi marcado por um confronto com os servidores em função do pacote chamado de reequilíbrio pelo senhor e de maldade pelo funcionalismo. Quais os resultados práticos das medidas tomadas como o corte do auxílio alimentação nas férias e a diminuição do valor para quem recebe os salários mais altos?

Auxiliou em muito no equilíbrio do caixa e oportunizou que os servidores e fornecedores recebessem em dia.

 

O sindicato já deu início à campanha salarial de 2018, a administração prevê algum reajuste para categoria no próximo ano, levando em consideração que neste não houve nenhum índice de aumento?

Precisamos antes fechar 2017, pois a receita projetada para 2018 é inferior às necessidades. Por este motivo precisamos focar no superávit de 2017. Para se ter uma ideia, apenas no ICMS se tem uma previsão de R$ 15 milhões de queda no orçamento de 2018. Lembrando que já existe um crescimento vegetativo de 2,6% ano na folha, referente a letras e triênio. É importante ressaltar o impacto que o aumento dos servidores tem no orçamento da Prefeitura, por exemplo, com uma folha aproximada em R$ 300 milhões, 1% equivale a R$ 3 milhões. Estamos estudando todas as possibilidades, mas antes temos que fechar os números de 2017.

 

Mesmo com medidas duras, de reestruturação da máquina pública, o senhor teve até agora 100% de aprovação dos projetos votados aprovados na Câmara. Mesmo tendo maioria, esse número surpreende. A articulação política vem sendo uma arma importante?

Alguns projetos tiveram que ser retirados não por vontade do governo, mas porque a base não tinha o mesmo entendimento. Se isso não tivesse acontecido nossa realidade financeira estaria melhor e poderíamos hoje dar, por exemplo, um reajuste aos servidores. Mas a Câmara no geral tem sido parceira e entendido nossas preocupações com o futuro da cidade. Eu diria que a arma poderosa da administração tem sido a verdade. E as reformas não acabaram.

 

O governo projeta mais mudanças? Quais?

Estamos fazendo um estudo para analisar as distorções e para deixar a máquina pública menos burocrática ainda. Não posso dizer quais são as mudanças. O pente-fino é geral, em tudo. Que fique claro, não tenho e nunca tive nada contra os servidores, tenho amigos servidores e sei da importância do trabalho deles. Minha crítica sempre foi quanto ao sistema, era inviável manter a situação como estava, seria preciso crescer uma média de 15% ao ano para dar conta de tudo. Não posso ser irresponsável e deixar Jaraguá do Sul chegar na situação do Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul. E se petista fosse realmente aquele que valoriza o trabalho e o trabalhador, eu seria o petista número um do país.

 

“Se petista fosse realmente aquele que
valoriza
o trabalho e o trabalhador,
eu seria o petista número um do país.”

 

O senhor, durante a campanha, não se dizia político, se autointitulava empresário. Continua com essa visão?

Diria que sou hoje 80% empresário e 20% político. Não dá para estar aqui e ignorar completamente a política. Hoje já me seguro muito.

 

Sua meta continua sendo acabar o mandato com 80% de aprovação?

Continua. A impopularidade é passageira. Quando a população vai entendendo os objetivos e vendo resultados das medidas tomadas, ela passa a pensar diferente. O governo não pode mudar com o vento, precisa ter convicção e persistência. Eu quero deixar meu nome na história, não desejo nada imediato.

 

Ao assumir, o senhor declarou que o sistema da Prefeitura estava atrasado em mais de 20 anos. O que foi feito para mudar essa situação?  O controle de entrada e saída de receitas acontece em tempo real como o almejava?

Depois de treinamentos e cobrança dos fornecedores, hoje o sistema é utilizado na sua totalidade, facilitando os fechamentos e oportunizando que os resultados do fechamento do mês já esteja pronto nos primeiros dias do mês seguinte. Nosso programa de Business Intelligence já foi licitado e inicia em 2018, isso possibilitará o acompanhamento dos números até pelo celular. Mas nem tudo é fácil. A integração do controle ponto dos servidores com o RH, por exemplo, tinham me prometido para julho e vamos fechar o ano sem ter isso ainda. Deve ficar para fevereiro.

 

Na campanha, o senhor apresentou 15 compromissos com a cidade. Um deles tratava de aumentar o número de vagas nos centros de educação infantil. Essa é uma grande demanda para as famílias, principalmente para as mulheres que se desdobraram para atuar no mercado de trabalho e cuidar dos filhos. No seu primeiro ano não houve muitos avanços neste setor, o que prevê para 2018?

Em 2018 teremos 200 vagas novas no Ribeirão Cavalo, outras 200 novas vagas na Erica Model. Após a reforma do “abrigo da Tifa Martins”, também teremos mais 200 vagas naquela região. A reestruturação dos Centros de Educação Infantil está possibilitando o aumento de vagas. Além dessa reestruturação, após o preenchimento das vagas disponíveis, será licitada a compra de 100 vagas do setor privado, uma importante inovação.

 

A saúde é uma das grandes preocupações. A fila para consulta nos postos cresceu e em alguns casos chega a 60 dias. O que o governo tem feito para mudar a situação?

O sistema de regulação das filas na saúde foi implantado este ano e já está começando a dar efeito, com a confirmação das consultas por telefone. Estão diminuindo os números de faltas em consultas, que é de cerca de 20%. O atendimento está mais funcional. Nos últimos meses estão acontecendo alguns mutirões com o intuito de zerar a fila. E também está acontecendo um processo seletivo que vai permitir a recomposição de algumas equipes.

 

Uma medida bastante apoiada pela comunidade foi a substituição das lombadas eletrônicas a 40 km/h por faixas elevadas. Mas depois o trânsito todo passou a ser vigiado por câmeras de monitoramento. A arrecadação com as multas aumentou? 

Não, as lombadas eletrônicas a 40km/h geravam um grande volume de multas. A arrecadação com multas teve uma queda bem acentuada, e mesmo assim surtiu o efeito desejado. Acreditamos que agora com a inclusão de novas câmeras e a reativação do pátio de veículos apreendidos, a arrecadação volte a se estabilizar.

“Não, as lombadas eletrônicas a 40km/h geravam
um grande volume de multas. A arrecadação com multas
teve uma queda bem acentuada.”

 

Com dinheiro para obras, já são R$ 20 milhões garantidos para pavimentação pelo Badesc, 2018 deve ser um ano de máquina na rua? Há uma preocupação que a burocracia atrase esse cronograma, o que está sendo feito para evitar que isso aconteça?

Estamos nos adiantando, deixando os projetos básicos prontos e montando modelos padronizados de licitações para evitar erros e retrabalhos.

 

A revisão da planta genérica de valores dominou os debates nas últimas semanas. O senhor anunciou duas reduções na cobrança, que agora será de 80% em cima do valor real dos imóveis. Que impacto essas mudanças terão no caixa? E, aproveitando, onde estão as maiores distorções, e, por consequência, haverá os maiores aumentos?

Teoricamente a redução é de 10% na arrecadação, mesmo assim, desconsiderando a inadimplência e as revisões, a previsão de incremento na arrecadação do IPTU é de cerca de R$ 10 milhões. As distorções são várias, o que buscamos é a justiça fiscal, sem enganação. Se o imóvel vale 300 mil reais, será tributado o montante a 80% deste valor. Por este motivo que diminuímos as alíquotas em mais de dois terços. Hoje existem imóveis que valem R$ 3 milhões que estão cadastrados a 160 mil na Prefeitura, imóveis de 100 mil que estão cadastrados como se valessem 7 mil. Vai pagar mais quem tem que pagar mais. Cerca de 7,5 mil imóveis terão redução do IPTU. Eu sempre me posicionei contra esse sistema tributário perverso, mas também não gosto de enganação. Tem gente com mansão no centro pagando menos que uma casinha simples nos bairros. Não pode. Tem gente com 200 imóveis na cidade, é natural que eles façam barulho.  Tivemos coragem de fazer o que nenhum governo fez.

 

“Vai pagar mais quem tem que pagar mais.
Cerca de 7,5 mil imóveis terão redução do IPTU.”

 

Quais as metas para 2018?

Vamos fazer de 2018 o ano das obras, mostrar o resultado do nosso esforço para o jaraguaense. Só da verba do Badesc, os R$ 20 milhões, vão nos possibilitar pavimentar 35 ruas, talvez a gente nem consiga fazer tudo no próximo ano, mas estamos nos esforçando para que sim. A cidade também já começa a ficar mais limpa e bonita com contrato que assinamos. A Prefeitura será pintada durante as férias. Vamos continuar trabalhando 12, 14 horas por dia para aumentar a qualidade de vida do jaraguaense.

CONFIRA:

19/12: Antídio Lunelli

20/12: Luís Antônio Chiodini

21/12: Osvaldo Jurck

22/12: João Gottardi

23/12: Armindo Sesar Tassi

 

 

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