A crise diplomática entre Brasil e Venezuela teve um novo capítulo nesta semana após ameaças veladas da Polícia Nacional Bolivariana, em uma postagem que mostra a silhueta de um homem com barba e cabelos grisalhos ao lado da bandeira brasileira, a legenda enfatiza: “Não aceitamos chantagens de ninguém”.
O nome do presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) não é mencionado, mas a silhueta parece ser a do presidente; a imagem foi acompanhada da hashtag “Quem mexe com a Venezuela se dá mal” e marcava Diosdado Cabello, um dos principais líderes chavistas.
A crise se acirrou depois que o Brasil vetou a entrada da Venezuela no grupo dos BRICS.
Diosdado Cabello, atual ministro do Interior e importante figura do regime, tem se pronunciado frequentemente contra figuras do governo brasileiro.
“Nossa Pátria é independente, livre e soberana. Não aceitamos chantagens de ninguém, não somos colônia de ninguém. Estamos destinados a vencer”, diz a publicação que ainda conta com emojis de bandeira da Venezuela.
Jorge Rodríguez, presidente da Assembleia Nacional e aliado de Maduro sugeriu que Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais da Presidência da República do Brasil, fosse declarado “persona non grata” por sua “posição absolutamente prostrada aos desígnios do império agressor”.
Rodríguez se referiu a Amorim como um “mensageiro do imperialismo norte americano”; por sua vez, Maduro chegou a rotular um diplomata brasileiro de “fascista”
As acusações do governo venezuelano vêm na esteira de uma eleição presidencial em julho que manteve Maduro no poder sob suspeitas de fraude e questionamentos da comunidade internacional.
Na quarta-feira, o governo venezuelano ameaçou “tomar ações” contra o Brasil, em comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
“Foi expressado que a Venezuela reserva-se, no marco de sua política exterior, o direito de tomar as ações necessárias em resposta à essa postura, que compromete a colaboração e o trabalho conjunto desenvolvidos até então em todos os espaços multilaterais”, disse um trecho do comunicado.
O aviso, em tom de ameaça, surgiu após o regime chavista convocar o encarregado de Negócios da Embaixada do Brasil em Caracas, Breno Hermann, para manifestar “o mais firme repúdio” a declarações recentes de autoridades brasileiras.
Além disso, o embaixador venezuelano em Brasília, Manuel Vadell, foi chamado de volta para casa.
Na diplomacia, a convocação de um embaixador para retornar ao seu país de origem é vista como uma forma de retaliação e diminuição na cooperação entre duas nações.