A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, desistiu de ir a Nova York, nesta semana, onde participaria de novo evento da ONU como representante do Brasil. Janja lideraria a delegação e faria um discurso na 69ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher. A desistência da primeira-dama se dá no momento em que o governo Lula e a própria Janja enfrentam uma queda significativa na popularidade.
Sem a primeira-dama, a delegação será liderada pela ministra da Mulheres, Cida Gonçalves, que decolou para Nova York no domingo (9). De acordo com a ministra, o governo brasileiro terá cerca de 150 participantes no evento. Segundo a Folha de São Paulo, a desistência de Janja teria ligação com eventual demissão da ministra das Mulheres logo após o retorno da viagem a Nova York.
De acordo com informação de bastidores levantada pela Folha, aliados do governo teriam dito que, ao não viajar, Janja evitaria constrangimento no caso de afastamento da ministra.
Além disso, a viagem também seria considerada de “alto risco político”, já que a primeira-dama e a delegação brasileira poderiam ser alvo de manifestações nos Estados Unidos, principalmente, depois das declarações do presidente Lula (PT) sobre o presidente Donald Trump e da própria Janja sobre Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA.
Ano passado, Janja liderou a comitiva para a 68ª Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, depois de ter sido nomeada oficialmente pelo presidente Lula como integrante da delegação.
]No mês passado, uma pesquisa AtlasIntel/Bloomberg mostrou que a primeira-dama tem uma imagem negativa para 58% dos brasileiros. A percepção negativa da imagem de Janja subiu 18 pontos percentuais na comparação com o levantamento realizado em outubro de 2024.
No início do mês passado, a oposição ao governo Lula protocolou uma ação coordenada para investigar as atividades de Janja desde o início da gestão petista.
Intitulado “Pacote Anti-Janja”, o movimento é liderado pelo vice-líder da oposição, o deputado federal Evair de Melo (Progressistas-ES), e consiste em cinco pedidos de informação direcionados a ministros do governo.
Os questionamentos são direcionados ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e à ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Os documentos solicitam esclarecimentos sobre a legalidade de Janja representar o Brasil em eventos oficiais, seus gastos com passagens e diárias internacionais, sigilo sobre suas informações, além de eventuais violações a normas de ética pública.
Um levantamento feito pelo site Poder 360 apontou que, até outubro do ano passado, Janja passou por 24 países em 2023 e 13 países em 2024. Nas viagens, Janja acompanhou Lula ou representou o país em eventos oficiais durante 103 dias. Lula, por sua vez, ficou fora do país por 87 dias, ou seja, 16 dias a menos que a esposa.
Em fevereiro deste ano, um levantamento divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo (Estadão), revelou que a viagem à Itália liderada por Janja, na época, e pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), já acumulava um custo de cerca de R$ 140 mil.
Ao palestrar em um painel no G20 Social, em novembro do ano passado, Janja defendia a regulamentação das redes sociais para combater a desinformação quando seu discurso foi interrompido pelo sinal sonoro de um navio que passava próximo ao local do evento, na região portuária do Rio. “Deve ser o Elon Musk”, disse Janja, em tom de ironia, para depois usar a expressão vulgar “Fuck you, Elon Musk”.
No encerramento do G20 Social, o presidente Lula (PT) defendeu que a luta contra a fome e a pobreza deve ser feita sem xingar ninguém.
* Com informações da Gazeta do Povo.