Eleições 2020: OCP lança campanha em defesa do voto

Foto OCP News

Por: Elissandro Sutil

13/10/2020 - 06:10 - Atualizada em: 13/10/2020 - 08:44

O ano de 2020 tem colocado à prova o brio, o brilho, a fé e as certezas de grande parte da sociedade, principalmente das parcelas mais afetadas diretamente pela pandemia e por suas consequências e impactos no cotidiano.

Mas 2020 também é um ano eleitoral. Um ano de eleições municipais, de eleger prefeitos e vereadores, os responsáveis mais diretos pela administração dos problemas da nossa rua, do nosso bairro, da escola, do posto de saúde, enfim, das principais necessidades que a população precisa que sejam atendidas.

Mas, embora muitas pessoas estejam apreensivas com este ano de tantas incertezas por causa da pandemia do coronavírus, não é hora de entregar a toalha.

Em novembro, no dia 15, é fundamental para o país, para as cidades, para cada pessoa, que compareçamos às urnas, para votar, para exercer nosso direito e dever de cidadãos.

Por isso, o OCP lança nestas eleições a campanha “Eu Vou Votar”, em defesa do voto.

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A vontade da maioria

Menos pessoas votando, maior a chance de eleger candidatos e partidos com propostas de governo distantes da vontade da maioria da população. É o que aponta o professor e cientista político Jeison Heiler.

“Quando você tem um menor número de pessoas participando do processo eleitoral, os candidatos dependem de um menor número do eleitorado para aprovação das suas políticas, de suas propostas”, ele explica.

Essa aprovação com poucos votos, diz o professor, pode dar aos eleitos uma sensação de que, mesmo apoiados por um número menor de eleitores, estão totalmente chancelados para adotar determinadas práticas que não necessariamente representam o conjunto da população.

Abstenção deve ser combatida

Desde 2016, o número de abstenção nas eleições vem diminuindo no Brasil. O fenômeno não é exclusividade brasileira e alguns fatos explicam isso, mostra o cientista político Jeison Heiler.

Ele aponta que todas as formas de mensurar a opinião pública, como o Latinobarômetro, por exemplo, tem captado uma crescente descrença da população com as instituições de modo geral e particularmente com a democracia.

Em Jaraguá do Sul, os índices de abstenção aumentaram nos últimos dois pleitos. Em 2012, a ausência dos eleitores foi de 12,94%, passando para 15,44% em 2016. Na média brasileira, esse número costuma ficar em 20%.

Para 2020, apesar da Justiça Eleitoral ainda não ter uma pesquisa a respeito, estima-se que no País o índice de abstenção pode chegar a 30%.

“As pessoas não se sentem mais representadas pelo parlamento. Além disso, um percentual crescente a cada ano concorda que formas não democráticas seriam desejáveis para resolver problemas como a insegurança ou a corrupção”, observa o professor.

Tal descrença se soma ainda a escândalos de corrupção, impunidade e ao período político agitado, algo que não se via desde a transição na América Latina para a democracia.

Agora, em 2020, o país também passa pela pandemia do coronavírus. Com isso, a probabilidade de uma abstenção ainda maior, com índices recordes, é grande, porém, deve ser combatida.

Heiler acredita que, para isso, é preciso ter em mente as consequências para o País com essa falta de engajamento.

Para o professor, o resultado mais direto e evidente da abstenção seria a eleição de políticos e partidos ainda mais afastados do interesse da população de modo geral, o que poderia levar a um aprofundamento da crise de representatividade e a um distanciamento ainda maior das pessoas.

“No longo prazo esse é um panorama preocupante. Ainda mais quando nunca se falou tanto no fim das democracias como nos dias que correm”.

Por que votar?

O voto é a principal forma de participação política nas democracias e é o resultado de muitas lutas, diz o professor Jeison Heiler. Acontece que, de modo geral, é possível que as pessoas não valorizem essa ferramenta justamente por já estarem habituadas à democracia, como algo garantido e, assim, não conseguem imaginar como seria viver em um cenário no qual não se pode manifestar a respeito dos grupos governantes.

Além disso, Heiler enfatiza que é “absolutamente equivocada” a ideia de que a não realização do voto ou o voto nulo ou em branco possam mudar alguma coisa, para melhor.

“Ao deixar de votar, o recado que o eleitor passa, efetivamente, para os políticos no poder, é de que as coisas estão muito bem exatamente como estão. Que nada precisa ser melhorado”, pontua.

Outro motivo para a descrença das pessoas no voto pode ser, segundo Heiler, por imaginarem que a sua participação afete muito pouco no cenário como um todo.

Porém, o que é preciso ficar claro é que o voto ainda é o principal instrumento da democracia e que é por meio dele que o eleitor pode controlar quem elege.

“Ou seja, nos até podemos errar ao colocar no poder o partido ou o político errado, mas é o voto como instrumento da democracia que nos permite reparar o erro e afastar do poder aqueles que não julgamos digno dele”, declara.

 

 

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